Relatos são de pessoas que se mantêm próximas ao ex-presidente
Mônica Bergamo - Folha de S.Paulo
A votação da suspeição de Sergio Moro pelo STF (Supremo Tribunal Federal) deixou Lula, pela primeira vez em muitos meses, tenso e ansioso.
De acordo com relatos de pessoas que se mantêm próximas, apossibilidade de o ex-juiz ser considerado suspeito foi a primeira que gerou expectativas reais no petista de que ele poderia, enfim, sair da prisão.
As dificuldades, como a possibilidade de adiamento, foram um banho de água fria. “Bateu o desespero”, diz uma pessoa próxima. Lula então orientou os advogados a irem para o tudo ou nada, insistindo na votação do habeas corpus.
As ponderações de que protelar o debate poderia ser positivo, já que novas revelações do escândalo das mensagens de Moro com procuradores poderiam surgir, não surtiram efeito.
O cálculo era o de que, se o STF não soltasse Lula agora, isso dificilmente ocorreria depois.
Em breve, o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) vai apreciar a condenação do ex-presidente no caso do sítio. A confirmação da punição pode impedir o petista de sair da prisão mesmo que, mais tarde, Moro seja considerado suspeito.
Supremo ignora o Lula livre
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal fez o seu dever de casa, ontem, impondo uma dupla derrota ao ex-presidente Lula, que requereu em dois habeas corpus a sua soltura. No segundo julgamento, no qual estava em jogo a imparcialidade do ex-juiz e agora ministro da Justiça, Sérgio Moro, Edson Fachin, Celso de Melo e Carmem Lúcia fizeram a maioria do placar de 3 a 2, mantendo o petista na cadeia.
Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski foram de encontro ao que pensa e deseja a sociedade: Lula cumprindo a sua pena até o último dia, sem direito à liberdade nem tampouco a prisão domiciliar. O que ouvi em Brasília, há dez dias, era que o ex-presidente sairia da cela da PF em Curitiba para usar tornozeleira em casa no afrouxamento da sua pena.
Tenho impressão que o Supremo até se inclinou, mas seria um arranhão irreparável na sua imagem. Gato escaldado tem medo de água fria, reza o ditado popular.
Alepe na briga – O presidente da Assembleia, Eriberto Medeiros (PP), foi instigado por um grupo de parlamentares a pleitear para o Legislativo a indicação do sucessor do ex-conselheiro do Tribunal de Contas, João Campos, morto sábado passado. Na leitura do TCE, a vaga pertence ao Executivo, tendo em vista que João foi nomeado pelo ex-governador Eduardo Campos.
Vapt-Vupt – Se depender do Tribunal de Contas, o novo conselheiro sai rápido. Oficio comunicando ao governador Paulo Câmara a vacância do cargo foi entregue, ontem, pessoalmente, pelo presidente da corte, Marcos Loreto. Como a Alepe, que vota a indicação, entra em recesso na próxima sexta-feira, o governador terá pouco tempo para escolher o nome.
Recife fora – Pesquisa do Ministério do Turismo destacou Ipojuca (leia-se Porto de Galinhas) na sexta posição entre os dez destinos do País mais procurados por turistas nacionais e internacionais. Cerca de dois mil agentes de viagens foram ouvidos, mas Recife ficou de fora das mais visitadas. No Nordeste, a liderança coube a Fortaleza, seguida de Maceió e Natal.
Contradição – O voto mais surpreendente da 2ª Turma do Supremo, ontem, no primeiro recurso da defesa de Lula, no qual ele saiu derrotado, foi o voto do ministro Gilmar Mendes. Duas horas antes, deu uma declaração a favor da soltura de Lula, mas votou só votou a favor no segundo.
Com Lula – No julgamento do segundo habeas corpus, ontem, o ministro Gilmar Mendes, do STF, mostrou de que lado está: com Lula. Propôs à Segunda Turma que concedesse uma medida para que o ex-presidente aguardasse em liberdade o julgamento do habeas corpus.
HERANÇA – A cada despacho que faz com a sua equipe, a prefeita interina de Camaragibe, Nadegi Queiroz (DC), quase desmaia com os desmandos da gestão de Demóstenes Meira (PTB). Na saúde, não poderá fazer nada. Foram encontrados nos cofres apenas R$ 34,00.
Perguntar não ofende: a quem Lula vai recorrer agora para sair do xadrez?