Ex-integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, o procurador aposentado Carlos Fernando dos Santos Lima disse acreditar que o vazamento de conversas atribuídas ao então juiz Sergio Moro (hoje ministro da Justiça) e a procuradores da República seja parte de “uma campanha orquestrada” com “objetivo claro” de libertar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato.
Lima atuou na força-tarefa de 2014, quando foi deflagrada a primeira fase da operação, até 2018.
O senhor foi alvo dos hackers?
Eu saí da Lava Jato em setembro de 2018 e deletei todos os grupos de trabalho no Telegram e desinstalei o aplicativo naquele momento. Aparentemente, não fui atacado.
O nome do senhor aparece em supostas conversas com Moro (nas quais, segundo o site The Intercept Brasil, o então juiz consulta procuradores sobre resposta ao que chama de “showzinho” da defesa de Lula). O sr. reconhece esses diálogos?
Desconheço completamente as mensagens citadas, supostamente obtidas por meio reconhecidamente criminoso. Creio que o “órgão jornalístico” (The Intercept Brasil) deve explicação de como teve acesso a esse material de origem criminosa, e quais foram as medidas que tomou para ter certeza de sua veracidade, integridade e ausência de manipulação.
A liberdade de imprensa não cobre qualquer participação de jornalistas no crime de violação de sigilo de comunicações.
Há riscos para a Lava Jato?
A Lava Jato provou que a política brasileira se financia com o crime. Usa da corrupção para financiar campanhas eleitorais milionárias, para controlar estruturas partidárias e para os bolsos próprios, naturalmente. Nada disso mudou. As provas continuam aí. A crise é artificial, uma farsa.