O TEXTO

Data 17/05/2019 23:19:21 | Tóopico: Política

Bolsonaro divulga texto que fala num Brasil ingovernável

O presidente Jair Bolsonaro distribuiu, na manhã de hoje, em diversos grupos de WhatsApp um texto de “autor desconhecido” que trata das dificuldades que ele estaria enfrentando para governar. O texto diz que o presidente está sofrendo pressões de todas as corporações, em todos os Poderes e afirma que o País “está disfuncional”, não por culpa de Bolsonaro, mas que “até agora (o presidente) não fez nada de fato, não aprovou nada, só tentou e fracassou”.

Procurado pelo Estado para comentar sobre a mensagem, o presidente respondeu por meio do porta-voz: “Venho colocando todo meu esforço para governar o Brasil. Infelizmente os desafios são inúmeros e a mudança na forma de governar não agrada àqueles grupos que no passado se beneficiavam das relações pouco republicanas. Quero contar com a sociedade para juntos revertermos essa situação e colocarmos o País de volta ao trilho do futuro promissor. Que Deus nos ajude!”.

Ao compartilhar o texto, o presidente escreveu:  “Um texto no mínimo interessante. Para quem se preocupa em se antecipar aos fatos sua leitura é obrigatória. Em Juiz de Fora (06/set/2018), tive um sentimento e avisei meus seguranças: Essa é a última vez que me exporei junto ao povo. O Sistema vai me matar. Com o texto abaixo cada um de vocês pode tirar suas próprias conclusões”.

Interlocutores do presidente ouvidos pelo Estado dizem não saber quantas pessoas receberam a mensagem, mas relatam pedido do presidente para que cada um replicasse o conteúdo. Bolsonaro, de acordo com um dos interlocutores, já começou a receber feedbacks, dizendo que ele “está falando a mais pura verdade”. No entanto, fontes ouvidas pelo Estado consideram o desabado reproduzido como “muito grave” e “preocupante”.

Uma das fontes chegou a lembrar que o presidente está se deixando tomar pelas “teorias de conspiração”, que dominam os discursos em sua família e que, ao endossar o texto, ele pode provocar sim o que chamou de tsunami, na semana passada, e avisou que estava por vir.

O presidente Jair Bolsonaro desembarcou, nesta manhã, de uma viagem a Dallas, nos Estados Unidos, onde recebeu uma homenagem. Lá, em entrevistas, falou da sua indignação com os ataques aos seus filhos e disse que, se querem atingi-lo, que vão para cima dele.

“Brasil cairá num buraco negro”, diz escritor

Por José Nêumanne*

“No Brasil, o fundo do poço é só uma etapa rumo ao verdadeiro buraco negro que nos espera se não tomarmos juízo e pusermos as contas públicas no azul”, previu o dicionarista pernambucano Fred Navarro, protagonista nesta semana da série Nêumanne Entrevista no blog.

Na sua opinião, duas forças elegeram Bolsonaro presidente: “Em primeiro lugar, disparado, o antipetismo, uma força poderosa ainda não dimensionada corretamente à esquerda ou à direita, nem estudada pelos futuros ou atuais doutores da USP, PUC, Unicamp, UFRJ ou UnB. E em segundo, a facada, um marco divisor no processo eleitoral”.

Ele também não vê muito futuro no Fla-Flu permanente das ideologias na política nacional. “A ideologia, no futuro, será tão útil quanto o telégrafo e a gravata borboleta. Os governos dos países nórdicos já caminham nessa direção, a social-democracia (centrista) europeia também, as cabeças lúcidas no Canadá, na Austrália e no Japão, também. Obviamente, a estrada é longa para latino-americanos, africanos e boa parte dos países asiáticos, que ainda elegem ou legitimam, ou por bem ou sob pressão, títeres de interesses escusos, bandidos disfarçados de políticos, ladrões de cofres públicos, traficantes dos sonhos e do futuro de seus povos, enfim”.

A pedido do entrevistador, ele redigiu um texto para apresentá-lo ao leitor do Blog. Ei-lo:

62 anos em 25 linhas

Fred Navarro

Do pacato Recife, em meados dos anos 1950, onde nasci em 1957 no bairro de Campo Grande, até o Itaim-Bibi, onde moro na megalópole paulistana, são 62 anos de idas e vindas, acertos e erros, venturas e desventuras, como costuma acontecer com todos. Política, jornalismo, linguagem e cultura popular, teatro, histórias em quadrinhos, literatura e cinema. Desde a adolescência, nos tempos do velho ginásio, o que me interessou nessas áreas foi a possibilidade do debate permanente, a violação das fronteiras até então permitidas, a busca incessante por novos horizontes.

Aos 22 anos, no final dos cinzentos anos 1970, iniciei a carreira de jornalista como correspondente do jornal Movimento, publicado sob censura severa, mas um dos únicos porta-vozes da imprensa independente ou sem compromissos com o regime militar. A luta pela anistia trouxe de volta a Pernambuco, no começo dos anos 1980, Miguel Arraes, Francisco Julião e Gregório Bezerra, entre outros, e fui designado pelo jornal para entrevistá-los.

Depois, em São Paulo, no final dos anos 1980, trabalhei dois anos na revista IstoÉ, como revisor e redator, e fui colaborador permanente do jornal Voz da Unidade, porta-voz então do clandestino Partido Comunista Brasileiro.

Abandonei as redações no início da década de 1990 para me tornar sócio e diretor de duas assessorias de imprensa.

Ao longo dos últimos 20 anos, paralelamente às atividades como jornalista e empresário, publiquei os livros Assim Falava Lampião – 2.500 Palavras e Expressões (1998) e Dicionário do Nordeste (2004). A última edição do segundo (Cepe Editora, 2013, 716 páginas), lançada em 2013, conta com mais de 10 mil verbetes. Em São Paulo, nos anos 1990, foram publicadas as HQs Deixem Diana em Paz e Espelho do Tempo, baseadas em roteiros originais de minha autoria, com desenhos em bico de pena do desenhista e escultor pernambucano Cavani Rosas. Deixem Diana em Paz, em 2013, foi adaptada para o cinema, em animação dirigida pelo jornalista Júlio Cavani, filho do artista.

Sou colaborador da revista Continente, do Recife, e da Revista Bula, de âmbito nacional, além de escrever eventuais artigos para em blogs e sítios da internet dedicados à política e à cultura.

*Jornalista, poeta e escritor




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