No 2º embate, um Lula nervoso mais réu que candidato

Data 14/09/2017 08:47:31 | Tóopico: Mais Notícias

No 2º embate, um Lula nervoso mais réu que candidato

Postado por Magno Martins

Igor Gielow – Folha de S.Paulo


Lula durante depoimento para Sergio Moro, ocorrido nesta quarta (13) na Justiça Federal em Curitiba



Quatro meses atrás, Luiz Inácio Lula da Silva permeou seu primeiro encontro com Sergio Moro de ironias e com um firme propósito de estabelecer um discurso para a militância do PT. Nesta quarta (13), o que se viu em Curitiba foi o petista acuado e agressivo, obrigado a falar sobre o objeto da ação que responde e tolhido em suas manifestações mais politizadas.

Se isso deveria ser a normalidade num processo judicial, a realidade aguda da crise política brasileira tornou o episódio uma exceção. De lá para cá, Lula se manteve à frente de pesquisas de intenção de voto para a Presidência em 2018, mas foi condenado pelo mesmo Moro e agora sua elegibilidade depende de uma improvável reversão total da sentença pelo Tribunal Regional Federal de Porto Alegre.

A expressão corporal de Lula mudou. Se demonstrava algum nervosismo e ansiedade no depoimento de maio, agora ficou perto de explodir verbalmente em vários momentos. Foi notável seu embate com a representante do Ministério Público, que acabou mal para Lula: num dado momento, ele a chama de "querida" e é repreendido por Moro, que exige o "doutora" ou "senhora procuradora".

Em outro ponto, Lula sugere que ela não está "prestando atenção". Não estivesse a agenda feminista mais militante alinhada à esquerda no país, as críticas em rede social seriam inevitáveis.

Lula só conseguiu sair um pouco das cordas nas curtas considerações finais, quando acusou o Judiciário de "estar refém da imprensa". Mas quando tentou engatar uma crítica ao processo de revisão da delação da JBS citando o procurador-geral Rodrigo Janot, foi impedido por Moro. "Não tem nada a ver com Brasília, com o doutor Janot", respondeu o juiz, delimitando os espaços e claramente ciente do momento de fragilidade da Operação Lava Jato.

Moro também foi frio quando respondeu à provocação final de Lula, que perguntou se ele poderia ser descrito como "juiz imparcial" . "Primeiro, não cabe ao senhor fazer esse tipo de pergunta para mim, mas de todo modo, sim", disse, recusando-se a discutir sua sentença condenatória no caso do tríplex do Guarujá.

Em resumo, se o anticlimático embate de maio acabou com Lula com discurso de candidato pronto, o de setembro assistiu a um réu sob pressão.

Funaro: Temer e Cunha tramaram o impeachment



Ainda vice-presidência da República, Michel Temer e o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, tramavam "diariamente" a derrubada da presidente Dilma Rousseff; a afirmação é do corretor financeiro Lúcio Funaro, que em anexo de sua delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal, ele descreve a relação com a cúpula do PMDB e nomeia os "operadores" de Temer em supostos esquemas de corrupção.

"Na época do impeachment de Dilma Rousseff, eles confabulavam diariamente, tramando a aprovação do impeachment e, consequentemente, a assunção de Temer como presidente", disse Funaro na delação ao Ministério Público Federal.

Conforme Funaro, Cunha sempre foi o arrecadador de propinas para o chamado "quadrilhão" do PMDB, enquanto Temer atuava no núcleo político, viabilizando interesses de empresas que pagavam subornos ao grupo.

Segundo relatório da Polícia Federal encaminhado ao STF, Michel Temer liderava uma quadrilha formada para assaltar os cofres do Estado. A PF fez um organograma do "quadrilhão do PMDB" da Câmara no qual indica flechas para Temer, ao lado do ex-deputado Eduardo Cunha (RJ), no comando da "gestão do núcleo político" da quadrilha.

A Temer se reportariam deputados e ex-deputados que atuaram no Planalto, como Geddel Vieira Lima, Henrique Alves, os dois já presos, e Eliseu Padilha, acusado de receber R$ 10 milhões da Odebrecht. Na descrição da PF, o gráfico "tem como referência o presidente Michel Temer, por ser sua excelência justamente o ponto comum entre essas pessoas". Temer é acusado de ter recebido R$ 31,5 milhões em propinas



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