Transexual 'crucificada' vai desfilar de militar em Parada Gay de SP: 'Estamos em todos os lugares'

Data 18/06/2017 12:47:16 | Tóopico: Regionais

Transexual 'crucificada' vai desfilar de militar em Parada Gay de SP: 'Estamos em todos os lugares'


Foto: Marcio Desideri; cabelos: Diones Ford / João Castellano / Reuters

Viviany Beleboni ganhou notoriedade ao desfilar pendurada em cruz em 2015. Desfile da diversidade será realizado neste domingo na Avenida Paulista

A atriz e modelo Viviany Beleboni, de 28 anos, vai desfilar neste domingo (18) na 21ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo vestida de militar em plena Avenida Paulista.



Depois de aparecer “crucificada”, em 2015, e de representar a bíblia, em 2016, a jovem vai criticar o fundamentalismo religioso, o conservadorismo mundial e a falta de espaço para pessoas transexuais no Exército.

“Temos que aprender a votar antes que a extrema direita avance e tire nossos direitos. Esse movimento é muito grande, a parada LGBT é muito mais do que o desfile de domingo. Nós estamos em todos os lugares", disse Viviany.

Viviany Beleboni fez ensaio fotográfico para o G1 com a fantasia que vai usar na Parada Gay 2017
Com o tema "Independente de nossas crenças, nenhuma religião é lei. Todos e todas por um estado laico", a Parada Gay acontece entre as 12h e as 18h deste domingo (18), no Centro da capital, e vai contar com a participação de Anitta, Daniela Mercury, Naiara Azevedo, entre outros artistas.

Além da roupa militar, Viviany vai segurar uma bazuca e três cartazes com críticas ao presidente americano Donald Trump; o russo Vladimir Putin e ao Brasil.

Em sua performance, ela afirma que vai mirar sua arma em cada um dos elementos e ao atirar, sairá um buquê de rosas brancas que simbolizam um pedido de paz e união.

Viviany Beleboni com pintura de guerra

A escolha da roupa foi motivada por muitas questões, segundo a atriz. É uma crítica às torturas que pessoas LGBT têm sofrido na Chechênia, ao fundamentalismo religioso e à falta de espaço que pessoas transexuais têm no exército.

“Eu sempre pesquiso a situação política, o que está acontecendo no mundo, para saber o eu acho construtivo para a sociedade discutir.”
Outra preocupação de Viviany são as eleições presidenciais que acontecem no Brasil em 2018. Ela pretende usar o debate gerado pela Parada Gay para que seja eleito um candidato que represente as pautas LGBT.

Viviany Beleboni vai sair de militar na Parada Gay (Fotos: Marcio Desideri / Divulgação)

“A comunidade LGBT tem muitas nuances. Eu costumo falar que nós saímos do armário duas vezes: uma quando a gente se assume para a sociedade e família e outra quando a gente entende que somos iguais apesar de sermos diversos, independente se você é trans, bi ou homossexual”, explica a atriz.

"Tem pessoas que não se assumem, porque têm medo de perder o emprego, de não ser aceitos em suas famílias, porque têm vergonha. Parece que a gente tem que se esconder e se enquadrar dentro de um padrão. Quando você se assume sua beleza e seu talento parece que para de valer.”
Repercussão

Em 2016, Viviany Beleboni usou fantasia de Bíblia Sagrada em protesto contra a bancada evangélica e a Justiça (Foto: Caio Kenji/G1)

Com escolhas polêmicas para os desfiles da Parada, Viviany afirma que não tem problemas com a repercussão de suas performances.

“Eu trago assuntos que precisam ser discutidos pela sociedade. É importante nesse dia os assuntos terem visibilidade. Eu, como artista, não quero aparecer por aparecer. A polêmica é a recepção de cada pessoa. Se gerar polêmica é discutir assuntos que precisam ser debatidos, então eu vou gerar polêmica.”

Neste ano, o evento terá artistas como Anitta, Daniela Mercury e Naiara Azevedo, o que promete atrair um grande público para a Avenida Paulista. Isso, no entanto, no agradou Viviany.

"Quanto mais politizada a Parada for, a resposta vai ser melhor. Artistas conhecidos acabam tirando o foco da Parada, porque as pessoas acabam indo pelos shows e o tema discutido não é falado. Isso é uma Parada por direitos e não um carnaval fora de época."


Retrato de Viviany Beleboni, que desfilou crucificada na Parada Gay em 2015 (Foto: Victor Moriyama/G1)

Para Viviany, os direitos e pautas LGBT devem ser discutidas o ano todo. "Eu quero despertar e debater justamente isso para que o Brasil não vire uma Rússia.

A gente não tem que pensar só na semana LGBT, a gente precisa se politizar antes que isso se torne um país ainda mais conservador."

21ª Parada LGBT

A estimativa da administração municipal é de que cerca de 3 milhões de pessoas passem pelo evento, que vai percorrer a Avenida Paulista, seguir pela Rua da Consolação e terminar com um show no Vale do Anhangabaú. A expectativa de público foi dada pelo prefeito João Doria (PSDB), com ressalva: "se o tempo estiver bom". Na Virada Cultural, o prefeito culpou São Pedro pelo baixo número de espectadores.

Ao todo, 19 trios elétricos vão integrar a festa, patrocinados por instituições e empresas parceiras. A Prefeitura, por sua vez, vai investir aproximadamente R$ 1,5 milhão na infraestrutura do evento - a quantia é a mesma disponibilizada para a edição do ano passado, segundo a gestão Doria.

Anitta e Naiara Azevedo vão se apresentar no trio patrocinado por uma empresa de transporte individual de passageiros. Junto com elas, na festa batizada de Chá da Alice, estarão Márcia Freire, ex-vocalista da banda Cheiro de Amor, e a cantora amazonense Lorena Simpson.

A patrocinadora ainda promete uma atração especial, que só será divulgada no sábado, véspera da Parada.
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G1


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