TUDO É FESTA

Data 10/07/2014 10:55:08 | Tóopico: Brasil


Quando o eleitor tem valor perante o político

O eleitor brasileiro é ingênuo e esquecido. Ingênuo porque acredita no afago do político e esquecido porque, basta receber o afago da vez para esquecer as ingratidões e indiferenças dos últimos quatro anos.

Quantos aniversários mudos ele viveu, mas de domingo pra cá, nem pense em ficar mudo no aniversário porque o político, repentinamente acometido de uma dose de memoriol fora da conta, adivinha até a hora do seu nascimento.

Aquele homem simpático e sorridente que seus olhos só tinham o direito de ver nos jornais, na internet ou na TV, agora bate à sua porta, chama-o de compadre e, se ele deixar, entra na sua cozinha, levanta a tampa da panela e belisca a mistura do seu almoço.

E bota seu menino catarrento no braço, dá-lhe beijos, chama-o de lindo e o afaga com presentes.

E o eleitor, abestalhado de novo, só faz dizer pra esposa, igualmente abestalhada: “Que homem bom, que homem sem vaidades, que santo!”

Quando chegar outubro, o eleitor, tomado das emoções incontroláveis que o acompanharam durante a campanha inteira, deposita seu voto. Voto bem dado, há de dizer, lembrando-se das tapas trocadas com o vizinho ingrato que votou no outro, do cheiro de ovo ainda reinante em sua nuca por conta das caminhadas que fez com seu ídolo na cacunda e das promessas de dias melhores a partir de janeiro, quando o seu amado mestre estiver no poder.

Claro que quando janeiro chegar, mudará a pancada do bombo. Mas o eleitor se conforma. Na próxima eleição ele voltará a ser gente.

BLOG DO TIÃO LUCENA




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