LEGADO DE VIDA

Data 07/07/2012 11:53:00 | Tóopico: Política



Ronaldo Cunha Lima morre na Paraíba

O ex-governador da Paraíba Ronaldo Cunha Lima morreu aos 76 anos neste sábado (7) na casa da família, em João Pessoa. Ele lutava contra um câncer no pulmão desde 2011. Desde a quinta à noite ele estava sob efeitos de sedativos e a família já dizia que a situação era irreversível. Ronaldo Cunha Lima tem uma história política de quase 50 anos e, com dezenas de livros publicados, se orgulhava de ser conhecido como 'Poeta'.

Um dos médicos da família que acompanhavam Ronaldo confirmou que ele sofreu um insuficiência respiratória e morreu às 9h35 por causa.

De acordo com o irmão de Ronaldo, Renato Cunha Lima, o corpo do político será velado no Palácio da Redenção durante todo o sábado e a noite segue para Campina Grande, onde será também velado no Parque do Povo. O enterro acontece no domingo (8) às 11h no cemitério Monte Santo.
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Ronaldo Cunha Lima construiu quase 50 anos carreira política
Ronaldo Cunha Lima também é reconhecido como poeta
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VÍDEOS: Ronaldo Cunha Lima

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB), filho de Ronaldo, confirmou a morte do pai pelo Twitter. "Os Poetas não morrem! O Poeta Ronaldo Cunha Lima, após uma vida digna, descansou", disse Cássio.

Em julho de 2011, exames médicos diagnosticaram o câncer e durante cinco meses Ronaldo foi internado várias vezes para se tratar em São Paulo e em João Pessoa. A última internação foi em janeiro deste ano e, desde então, ele passava por acompanhamento médico na casa da família.

Ronaldo José da Cunha Lima nasceu na cidade de Guarabira, Brejo paraibano, em 18 de março de 1936. Formado em Ciências Jurídicas, ele era casado com Maria da Glória Rodrigues da Cunha Lima e tinha quatro filhos: Ronaldo Cunha Lima Filho, Cássio Cunha Lima, Glauce Cunha Lima e Savigny Cunha Lima.

Carreira política
Sua história política teve como palco principal a cidade de Campina Grande. Aos 23 anos ingressou na vida pública quando foi eleito vereador. Foram quase 50 anos de carreira política até a renúncia do mandato de deputado federal em 2007, último cargo público que exerceu. Ronaldo deixou o senador Cássio Cunha Lima, seu filho, como principal sucessor na política.
Ronaldo na posse como governador da Paraíba (Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)Ronaldo toma posse como governador da Paraíba
(Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)

Ronaldo já assumiu cargos no legislativo e no executivo: foi deputado estadual por dois mandatos e em 1969 se elegeu prefeito de Campina Grande, mas teve seu mandato cassado pela ditadura militar. Em 1982 ele foi novamente eleito prefeito da cidade, pelo PMDB, e assumiu o cargo em 1983. No ano de 1990 foi eleito governador da Paraíba, cargo que deixou em 1994 para concorrer ao Senado Federal. Foi senador e em 2002 foi eleito deputado federal. Com problemas de saúde desde 1999, quando sofreu um acidente vascular cerebral, Ronaldo ainda ficou alguns anos na vida pública e deixou o Câmara Federal em 2007, quando exercia o segundo mandato.

A eleição de 1990 foi marcante na trajetória política de Ronaldo. Ele foi derrotado no primeiro turno por Wilson Braga, que já havia governado o estado, mas no segundo turno virou o jogo e venceu com uma diferença superior a 100 mil votos.
Ronaldo chegou a ser detido para prestar esclarecimentos sobre tiro contra Tarcísio Burity (Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)Ronaldo chegou a ser detido para prestar
esclarecimentos sobre tiro contra Tarcísio Burity
(Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)

Polêmicas
Em função de um processo judicial por tentativa de homicídio contra seu adversário político Tarcísio Burity, Ronaldo renunciou, em 2007, à cadeira na Câmara Federal para escapar de julgamento no Supremo Tribunal Federal. Na época ele fez uma manobra para dispensar o foro privilegiado, na carta-renúncia ele diz que queria ”ser julgado como cidadão comum“. Leia a carta na íntegra.

O atentado contra Burity foi em 1993 e ficou conhecido como 'Caso Gulliver', nome do restaurante onde aconteceu o crime. O então governador Ronaldo Cunha Lima deu três tiros no seu antecessor, supostamente motivado por críticas que este teria feito a Cássio Cunha Lima, que era superintendente da Sudene. Burity sobreviveu e morreu dez anos depois vítimas de complicações cardíacas.

O poeta
Conhecido como “Poeta”, Ronaldo Cunha Lima também fez carreira como escritor e teve sua trajetória no cenário cultural imortalizada quando assumiu a cadeira de número 14 na Academia Paraibana de Letras em 1994. “A paixão dele pela poesia surgiu quando ele era criança. Isto porque o avô já era um exímio soletrista”, disse o jornalista Nonato Guedes, autor do livro “A Fala do Poder - Discursos comentados de governadores da Paraíba”.

Uma de suas principais paixões de Ronaldo na Literatura era a poesia do também paraibano Augusto dos Anjos, tanto que em 1988 participou e venceu o programa Sem Limite, da Rede Manchete, que fazia perguntas sobre a vida e obra de Augusto dos Anjos. O presidente da APL lamenta o fato de Ronaldo Cunha Lima ter enveredado pelo ramo da política. “É uma pena que o fascínio da política tenha exercido grande poder sobre a vocação do poeta”, disse Gonzaga Rodrigues.

Ronaldo Cunha Lima construiu quase 50 anos carreira política

Em quase 50 anos de carreira política, Ronaldo Cunha Lima assumiu quase todos os cargos eletivos, exceto o de presidente da república. Campina Grande foi o palco de sua história política, onde ele realizou suas maiores obras, deixando como marca a construção do Parque do Povo, espaço que se tornou palco da festa que hoje é conhecida como o 'Maior São João do Mundo'. O ex-governador da Paraíba morreu neste sábado (7) vítima de um câncer no pulmão.

Ronaldo José da Cunha Lima nasceu na cidade de Guarabira, Brejo paraibano, em 18 de março de 1936. Formado em Ciências Jurídicas, ele era casado com Maria da Glória Rodrigues da Cunha Lima e tinha quatro filhos: Ronaldo Cunha Lima Filho, Cássio Cunha Lima, Glauce Cunha Lima e Savigny Cunha Lima.



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A doença do ex-governador foi diagnosticada em julho de 2011. Durante cinco meses Ronaldo foi internado várias vezes para se tratar do câncer em São Paulo e em João Pessoa. A última internação foi em janeiro deste ano e, desde então, ele passava por acompanhamento médico na casa da família na capital paraibana.

A história política de Ronaldo teve como cenário principal a cidade de Campina Grande onde em 1959, aos 23 anos, foi eleito para o cargo de vereador pelo PTB. Em 1963 ele foi eleito para o cargo de deputado estadual e quatro anos depois foi reeleito.

Em 1969, no meio do segundo mandato de deputado, ele abriu mão do cargo e se candidatou e foi eleito prefeito de Campina Grande pelo MDB. Pouco tempo depois de assumir teve o mandato cassado pela ditadura militar.

Após passar dez anos fora da Paraíba, Cunha Lima retornou à Campina Grande e retomou a vida política. No ano de 1982 ele foi novamente eleito prefeito da cidade, já pelo PMDB, e assumiu o cargo em 1983. Sua gestão ficou marcada pela construção do Parque do Povo. Ao deixar a prefeitura ele foi sucedido pelo seu filho Cássio Cunha Lima, que hoje ocupa o cargo de senador e é seu principal herdeiro na política.

Em 1990, nas primeiras eleições gerais depois da redemocratização, Ronaldo Cunha Lima foi eleito governador da Paraíba. Quando exercia o mandato ele se envolveu no episódio mais polêmico de sua vida ao atirar contra o seu antecessor Tarcísio Burity em um restaurante em João Pessoa.

O atentado contra Burity foi em 1993 e ficou conhecido como 'Caso Gulliver', nome do restaurante onde aconteceu o crime. O ex-governador chegou a ser preso, mas três dias depois conseguiu a liberdade provisória. A tentativa de homicídio foi supostamente motivada por críticas que a vítima teria feito a Cássio Cunha Lima, que era superintendente da Sudene. Burity sobreviveu e morreu dez anos depois vítima de complicações cardíacas. Esse caso fez com que Ronaldo renunciasse, em 2007, ao segundo mandato de deputado federal.

Ronaldo Cunha Lima deixou o governo estadual em 1994 pra concorrer à eleição para o Senado Federal sendo substituído por Cícero Lucena. Naquele ano o PMDB saiu como grande vitorioso nas urnas elegendo Antônio Mariz para como governador e Ronaldo e Humberto Lucena como senadores.

Em 1999, quando ainda exercia o mandato de senador, Cunha Lima sofreu um acidente vascular cerebral que o deixou com a saúde debilitada. Isso, no entanto, não fez com que ele deixasse a vida pública e em 2002 foi eleito deputado federal. No ano de 2006 ele foi reeleito, mas em 2007 renunciou ao cargo para escapar do julgamento do 'Caso Gulliver' pelo Supremo Tribunal Federal.
Ronaldo Cunha Lima abraça José Maranhão na covenção do PMDB em 2001 (Foto: Arquivo/Jornal da Paraíba)Ronaldo abraça José Maranhão na covenção do
PMDB em 2001 (Foto: Arquivo/Jornal da Paraíba)

Racha com o PMDB foi polêmico
Em 1998 Ronaldo tentou ser candidato ao governo mais uma vez. Ele disputou a convenção do PMDB com José Maranhão, que havia assumido após a morte de Antônio Mariz, e acabou sendo derrotado. O processo gerou um racha no partido e três anos mais tarde o ex-governador e seu grupo migraram para o PSDB.

Na época, Ronaldo tentou ser candidato ao governo, mas acabou perdendo para Maranhão na convenção do partido. Até hoje, políticos afirmam que a votação teria sido “trapaceada” para beneficiar Maranhão. Essa tese, no entanto, nunca foi comprovada.

'Caso Gulliver' e a renúncia
A tentativa de assassinar seu adversário político, Tarcísio Burity, em 13 de setembro de 1993 foi uma mancha na trajetória política do ex-governador da Paraíba Ronaldo Cunha Lima. Na ocasião, Ronaldo atirou três vezes contra o também ex-governador, e seu antecessor, Tarcísio de Miranda Burity dentro de um restaurante em João Pessoa. O episódio ficou conhecido como 'Caso Gulliver', nome do local onde ocorreu a tentativa de homicídio.

O ataque de Ronaldo Cunha Lima foi supostamente motivado por críticas que Burity fez ao seu filho, o também ex-governador e hoje senador Cássio Cunha Lima (PSDB), que na época era superintendente da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Burity ficou alguns dias internado, mas conseguiu sobreviver. Em 2003, morreu vítima de problemas cardíacos.

Ronaldo chegou a ser preso, mas três dias depois conseguiu a liberdade provisória. Ainda em 1993, a Justiça concedeu o relaxamento da prisão do então governador. Com a eleição de Ronaldo para o Senado Federal, a ação penal contra ele mudou de instância. Em agosto de 2002, o Supremo Tribunal Federal recebeu por unanimidade a denúncia oferecida pelo Ministério Público.
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Ronaldo Cunha Lima é internado após renúncia
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Em 2007, às vésperas da ação penal de tentativa de homicídio ser julgada pelo STF, Ronaldo Cunha Lima renunciou ao segundo mandato de deputado federal. Ele justificou que estava deixando o cargo para perder o foro privilegiado e responder ao crime como cidadão comum. "Quero, com esse gesto extremo, despir-me de quaisquer prerrogativas para assumir, apenas como cidadão, episódios particularmente dolorosos de um passado já remoto no tempo, mas ainda muito presente em minha vida e minha consciência, por seus desdobramentos de sofrimento e de dor", disse Ronaldo na carta em que renunciou (Leia carta na íntegra)

Com a renúncia, Ronaldo fez o processo voltar para a Justiça da Paraíba e ser retomado do zero. Na época o ministro do STF, Joaquim Barbosa, então relator da ação contra o ex-governador, classificou o ato como um “escárnio” e questionou o foro privilegiado. “O gesto dele mostra como é perverso o foro privilegiado. Este homem manobrou e usou de chicanas por 14 anos para fugir do julgamento", disse Barbosa.

Pouco antes de Ronaldo morrer, o processo do ex-governador ainda estava correndo na Justiça. A última decisão sobre o caso saiu no dia 27 de junho, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou um recurso da defesa de Ronaldo Cunha Lima que pedia a prescrição do crime.

A viúva de Burity, a professora Glauce Burity também criticou a renúncia de Ronaldo Cunha Lima pra não ser julgado pelo STF. “Foi com muita indignação que nós todos, eu e meus filhos, soubemos da renúncia. Chegamos à conclusão que foi uma atitude covarde. Ele praticou o ato e deveria assumir", afirmou ela na época.

Ronaldo Cunha Lima também é reconhecido como poeta

Paralela à vida política, Ronaldo Cunha Lima consolidou uma carreira literária. O Poeta, como se orgulhava de ser conhecido, escreveu vários livros e passou a ocupar a cadeira de número 14 da Academia Paraibana de Letras (APL) em 11 de março de 1994. O político, advogado, poeta e escritor morreu neste sábado (7) na casa da família em João Pessoa. Ele lutava contra um câncer no pulmão desde 2011

Ronaldo Cunha Lima escreveu um de seus poemas mais famosos, o Habeas Pinho, em uma situação inusitada em 1955 em Campina Grande. O poema, que virou petição na Justiça, nasceu depois que um grupo de boêmios, que fazia serenata, teve o violão apreendido pela polícia. Foi aí que os músicos recorreram ao advogado recém-formado que logo entrou com uma ação na Justiça para resgatar o instrumento musical. A ação foi escrita em forma de verso e ficou conhecida como Habeas Pinho.

O presidente da Academia Paraibana de Letras, Luiz Gonzaga Rodrigues, relembrou o desfecho do caso. "O juiz Arthur Moura foi quem deu a sentença e os músicos conseguiram o violão de volta. A ação não estava escrita nos termos técnicos, mas o juiz deixou se levar pela poesia do requerimento", disse Gonzaga Rodrigues.
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Ronaldo Cunha Lima morre na Paraíba
Veja imagens de Ronaldo Cunha Lima
Ronaldo Cunha Lima construiu quase 50 anos carreira política

De acordo com o jornalista Nonato Guedes, foi aos 10 anos que Ronaldo começou a ensaiar seus próprios versos. “A paixão dele pela poesia surgiu quando ele era criança. Isto porque o avô já era um exímio soletrista”, disse o jornalista. Nonato Guedes é autor do livro “A Fala do Poder - Discursos comentados de governadores da Paraíba”, que também tem uma biografia de Ronaldo Cunha Lima.

Outra paixão do ex-governador era a poesia do também paraibano Augusto dos Anjos. Ronaldo foi foi um dos maiores divulgadores da poesia do escritor, tanto que em 1988 participou e venceu o programa Sem Limite, da Rede Manchete, que fazia perguntas sobre a vida e obra de Augusto dos Anjos.

O presidente da APL lamenta o fato de Ronaldo Cunha Lima ter enveredado pelo ramo da política. “É uma pena que o fascínio da política tenha exercido grande poder sobre a vocação do poeta”, disse Gonzaga Rodrigues. Mas Nonato Guedes lembrou que a poesia sempre esteve presente na vida de Ronaldo. “Quando ele foi prefeito de Campina Grande, inaugurava obras e colocava placas em versos. A poesia sempre esteve na alma dele e marcou praticamente toda trajetória”, disse o jornalista.

Dezenas de livros publicados
Entre os livros de poesia escritos por Ronaldo Cunha Lima estão Poemas de Sala e Quarto (Geração Editorial, 1992), 13 Poemas (Seara Nova, 1993), A Serviço da Poesia (Pen Club do Brasil, 1993), Versos Gramaticais (Massao Ohno, 1994), 50 Canções de Amor e um Poema de Espera (A União, 1997), Livro dos Tercetos (Grafset, 1998), Roteiro Sentimental (Grafset, 2001) e Poesias Forenses (Max Limonad, 2002), Eu nas Entrelinhas (Forma Editorial, 2004) e Velas Enfunadas: Poemas à Beira Mar (Ideia, 2010).

Ronaldo também escreveu livros sobre ciência política, Direito e Sociologia. Entre as obras estão
Estado e Município na Reprodução do Espaço (A União, 1991), Seu Serviço: Volume 1 - Atividade Parlamentar (Senado Federal, 1996), Legislação Eleitoral (Senado Federal, 1997), Discursos de Paraninfo (Independente, 1998) e Livro dos Tercetos: Em Favor da Língua Portuguesa (Senado Federal, 1998).

Petição famosa:
HABEAS PINHO

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª Vara desta Comarca :
O instrumento do crime que se arrola
Neste processo de contravenção
Não é faca, revólver nem pistola.

É simplesmente, doutor, um violão.
Um violão, doutor, que na verdade
Não matou nem feriu um cidadão.
Feriu, sim, a sensibilidade

De quem o ouviu vibrar na solidão.
O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade.
Ao crime ele nunca se mistura.

Inexiste entre eles afinidade.
O violão é próprio dos cantores,
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam as mágoas e que povoam a vida

Sufocando suas próprias dores.
O violão é música e é canção,
É sentimento de vida e alegria,
É pureza e néctar que extasia,

É adorno espiritual do coração.
Seu viver, como o nosso, é transitório,
Porém seu destino se perpétua.
Ele nasceu para cantar na rua

E não para ser arquivo de Cartório.
Mande soltá-lo pelo Amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno açoite

De suas cordas leves e sonoras.
Libere o violão, Dr. Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz,

cantar as mágoas que lhe enchem o peito?
Será crime, e afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
perambular na rua um desgraçado

derramando na rua as suas dôres?
É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento.
Juntando esta petição aos autos nós pedimos
e pedimos também DEFERIMENTO.

Ronaldo Cunha Lima, advogado.

O juiz Arthur Moura sem perder o ponto deu a sentença no mesmo tom:
"Para que eu não carregue
Muito remorso no coração,
Determino que seja entregue,
Ao seu dono, o malfadado violão!“


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