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Brasil : Mulheres Yanomami que vivem próximas a garimpo têm maior déficit cognitivo por contaminação com mercúrio, aponta estudo
Enviado por alexandre em 09/04/2024 00:24:41

Das 87 mulheres examinadas, 40,2% apresentaram alterações cognitivas causadas pela contaminação com o mercúrio usado por garimpeiros ilegais no maior território indígena do país. 


Mulheres Yanomami de comunidades indígenas próximas a áreas de garimpo ilegal são as que mais apresentaram déficit cognitivo causado pela contaminação com mercúrio, é o que aponta o estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Socioambiental (ISA).

Ao todo, 154 indígenas (87 mulheres e 67 homens) com 11 anos ou mais passaram por consultas neurológicas para entender as consequências da contaminação pelo mercúrio usado na extração ilegal de minério na Terra Indígena Yanomami.

Mulheres Yanomami passam por exames cognitivos — Foto: Fiocruz/Divulgação

Segundo o estudo, 40,2% das mulheres examinadas apresentaram alterações cognitivas, como alterações em reflexos profundos, sensibilidade tátil e força, enquanto os dados apontam 20,9% para os homens. 

Usado por garimpeiros para separar o ouro de outros sedimentos e, assim, deixá-lo "limpo", o mercúrio é um metal altamente tóxico ao ser humano. Após ser usado pelos garimpeiros, o mercúrio é jogado nos rios, causando poluição ambiental. Assim, entra na cadeia alimentar dos animais e afeta diretamente a saúde da população, principalmente os povos tradicionais.

Como consequência, o mercúrio no organismo pode causar graves problemas de saúde que afetam o sistema nervoso (potencial neurotóxico). O metal líquido fica retido no organismo devido à capacidade de bioacumulação.

De acordo com a pesquisa, um dos efeitos da contaminação com o mercúrio em pessoas é a alteração no Sistema Nervoso Central, o que causa o déficit apontado no estudo.

"Em adultos, os sintomas incluem perda de sensibilidade, tremores, alterações na marcha, fraqueza, tontura, convulsões, déficits na visão e na audição, cefaleia, zumbido, gosto metálico na boca, distúrbios do sono, ansiedade, depressão, entre outros",

destaca a pesquisa.

Nas crianças, os problemas podem começar na gravidez. Se os níveis de contaminação forem muito elevados, podem ocorrer abortos ou o diagnóstico de paralisia cerebral, deformidades e malformação congênita. Além disso, as crianças mais novas podem desenvolver limitações na fala e na mobilidade.

Exposição de grávidas ao mercúrio preocupa

O vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Dário Kopenawa explicou que os efeitos do mercúrio nas mulheres já são conhecidos pelas comunidades. Para ele, o que mais preocupa as lideranças indígenas é a exposição de mulheres grávidas ao metal.

"As mulheres estão mais vulneráveis durante a gravidez, ninguém sabe muito efeitos do mercúrio na gravidez, mas pode ser absorvido e afetar a mãe e o bebê. O contato com o mercúrio pode levar a problemas neurológicos, respiratórios, de infecção e uterinos nas crianças", disse o vice-presidente.

Dário relembra casos de crianças que nasceram com deformidades nas comunidades em 2021 e 2022. Para ele, isso está relacionado à contaminação por mercúrio.

"Há relatos de casos de crianças nascendo com deformidades e problemas de saúde devido à exposição materna ao mercúrio. Esses incidentes já ocorreram em comunidades como Palimiu e Maluca Papiu, com sintomas como queda de cabelo, coceira e infecções em mulheres, além de casos de bebês nascendo com malformações, como a ausência de braço e perna". 

 Dário.

As comunidades que participaram da nova pesquisa ficam às margens do Rio Mucajaí, um dos mais impactos pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Localizada no Amazonas e em Roraima, o território abriga 31 mil indígenas, que vivem em 370 comunidades

Pesquisadores coletaram amostras de cabelo — Foto: Fiocruz/Divulgação

O povo Yanomami é considerado de recente contato com a população não-indígena e se divide em seis subgrupos de línguas da mesma família, designados como: Yanomam, Yanomamɨ, Sanöma, Ninam, Ỹaroamë e Yãnoma.

As amostras foram coletadas em outubro de 2022 nas comunidades Caju, Castanha, Ilha, Ilihimakok, Lasasi, Milikowaxi, Porapi, Pewaú e Uxiú, todas na região do Alto Rio Mucajaí, onde vivem indígenas do subgrupo Ninam. A escolha das aldeias atendeu um pedido da Texoli Associação Indígena Ninam.

Além das alterações cognitivas, os indígenas também apresentaram danos em nervos nas extremidades, como mãos, braços, pés e pernas, com mais frequência.

 Recuperação pode levar décadas

De acordo com a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, a recuperação das áreas degradadas pelo garimpo ilegal e da saúde dos indígenas contaminados por mercúrio podem levar décadas. Ela afirmou que as consequências do uso do metal são devastadoras.

"O êxito do combate ao garimpo ilegal é fundamental para garantir a recuperação da saúde dos povos e a recuperação ambiental das áreas degradadas. Este processo de recuperação pode levar décadas, já que a destruição e disseminação de doenças agem de maneira muito mais veloz do que a recuperação", disse.

Ela ressaltou ainda que o governo seguirá realizando ações para combater a atividade ilegal na Terra Indígena Yanomami. Além de ampliar os esforços de atendimentos à saúde para a reabilitação dos povos indígenas afetados. 

 Alto nível de contaminação por mercúrio

Pesquisadores da Fiocruz estiveram em comunidades na Terra Yanomami — Foto: Fiocruz/Divulgação

De acordo com o estudo, indígenas de nove comunidades da Terra Indígena Yanomami têm alto nível de contaminação por mercúrio. Ao todo, 94% dos indígenas que participaram da pesquisa estão contaminados pelo metal pesado.

O estudo coletou amostras de cabelo de 287 indígenas do subgrupo Ninam, do povo Yanomami, e revelou que os indígenas que vivem em aldeias mais próximas aos garimpos ilegais têm os maiores níveis de exposição ao mercúrio.

Das 287 amostras de cabelo examinadas, 84% registraram níveis de contaminação por mercúrio acima de 2,0 μg/g (micrograma). Outros 10,8% ficaram acima de 6,0 μg/g. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os níveis de mercúrio em cabelo não devem ultrapassar 1 micrograma por grama.

"Esse cenário de vulnerabilidade aumenta exponencialmente o risco de adoecimento das crianças que vivem na região e, potencialmente, pode favorecer o surgimento de manifestações clínicas mais severas relacionadas à exposição crônica ao mercúrio, principalmente nos menores de 5 anos",

explica o coordenador do estudo, Paulo Basta, médico e pesquisador da Fiocruz.
Mercúrio usado em garimpos no Amapá — Foto: Ipen/Divulgação

O estudo "Impacto do mercúrio em áreas protegidas e povos da floresta na Amazônia: uma abordagem integrada saúde-ambiente" também realizou a coleta de células de mucosa oral, o que totalizou cerca de 300 pessoas analisadas.

Todos os examinados, incluindo homens, mulheres, crianças, adultos e idosos apresentaram níveis de mercúrio no corpo. 

Além da detecção do mercúrio, a pesquisa fez exames clínicos para identificar doenças crônicas não transmissíveis, como transtornos nutricionais, anemia, diabetes e hipertensão.

Ao cruzar os dados, foi observado que, nos indígenas com pressão alta, os níveis de mercúrio acima de 2,0 μg/g são mais frequentes do que nos indígenas com pressão arterial normal.

As 9 comunidades analisadas (veja mapa abaixo), no entanto, não são as únicas afetadas pela contaminação por mercúrio.

Terra Yanomami 

Com 9,6 milhões de hectares, a Terra Yanomami é considerada o maior território indígena do Brasil em extensão territorial e enfrenta uma crise sem precedentes, com casos graves de indígenas com malária e desnutrição severa.

O território é alvo do garimpo ilegal há décadas, mas a invasão se intensificou nos últimos anos. A atividade impacta diretamente o modo de vida dos povos originários, isto porque a invasão destrói o meio ambiente, causa violência, conflitos armados e poluição dos rios devido ao uso do mercúrio. Só em 2022, a devastação do território chegou a 54%,

Em janeiro do ano passado, o governo federal começou a criar ações para enfrentar a crise, com o envio de profissionais de saúde, cestas básicas e materiais para auxiliar os Yanomami. Além disso, forças de segurança foram enviadas para a região para frear a atuação de garimpeiros no território.

Em março deste ano, 600 indígenas, entre pacientes e acompanhantes, estavam vivendo na Casa de Saúde Indígena Yanomami (Casai), na capital Boa Vista. O local recebe os indígenas que estão com doenças mais graves e precisam receber atendimento de saúde dos hospitais na capital.

Recomendações 

Pesquisa apontou que 84% dos indígenas têm alto nível de contaminação pelo metal — Foto: Fiocruz/Divulgação

Para evitar e controlar a situação, os pesquisadores recomendam ações emergenciais como a interrupção imediata do garimpo e do uso do mercúrio, desintrusão de invasores e a construção de unidades de saúde em pontos estratégicos do território indígena.

O estudo indica como necessárias três ações específicas para as populações expostas e potencialmente expostas ao mercúrio. São elas:


  • rastreamento de comunidades cronicamente expostas ao mercúrio, para a realização de diagnósticos laboratoriais tempestivos a fim de avaliar pessoas com quadros sugestivos de intoxicação por mercúrio já instalados;
  • elaboração de protocolos e rotinas apropriadas para diagnóstico e tratamento de pacientes com quadro de intoxicação por mercúrio estabelecido;
  • criação de um centro de referência para acompanhamento de casos crônicos e/ou com sequelas reconhecidas.

Outra recomendação é a atualização da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI), que deve assegurar a presença regular de profissionais de saúde na região, além de investir na formação continuada de agentes indígenas de saúde.


*Reportagem produzida por Caíque Rodrigues, Yara Ramalho e Samantha Rufino.

Brasil : Crise hídrica: municípios de Rondônia afetados com a falta de água são atendidos por projeto
Enviado por alexandre em 09/04/2024 00:22:19

O projeto tem como meta envolver os municípios afetados pela crise hídrica, no intuito de proteger e revitalizar pontos cruciais para o equilíbrio ambiental.


Com o objetivo de apresentar iniciativas que estabeleçam esforços para reverter os danos causados às nascentes, e que ocasionaram uma crise hídrica em algumas regiões do Estado, o Governo de Rondônia está executando o Projeto Recuperar, que tem como meta envolver os municípios afetados pela crise hídrica, no intuito de proteger e revitalizar pontos cruciais para o equilíbrio ambiental. A ação se dá a partir da recuperação das áreas degradadas e preservação dos recursos hídricos.

O projeto é proposto pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam), através da Coordenadoria de Floresta Plantada (CFP) e da Coordenadoria de Recursos Hídricos (Coreh). Em Espigão d'Oeste, o projeto de recuperação da microbacia do rio Palmeira já foi iniciado, desde a primeira nascente até a foz, e encontra-se na fase de construção de curvas de nível, barraginhas e subsolagem.

Foto: Jorfe Valdemir/Reprodução

Em seguida serão retomados os trabalhos no rio Pirarara, em Cacoal, onde sempre houve parceria da Sedam, por meio dos técnicos da secretaria. O projeto também vai atender a microbacia do rio Pimenta, no município de Pimenta Bueno, onde a Sedam está trabalhando na aquisição dos insumos necessários para os trabalhos de recuperação.

O município de Cerejeiras foi contemplado com o repasse financeiro para recuperação das nascentes e matas ciliares da bacia do rio Araras. O projeto conta com a parceria da Prefeitura de Cerejeiras, e visa restaurar quase 200 cursos de água do rio que abastece a cidade.

Sustentabilidade 

O levantamento e diagnóstico no município de Alvorada do Oeste foi realizado recentemente, e a previsão é de fazer o mesmo trabalho no rio Bamburro, em Rolim de Moura; e na microbacia do rio Pimenta no município de Chupinguaia. Por meio do projeto serão integrados conhecimentos científicos, práticas de reflorestamento e engajamento comunitário, não apenas para restaurar as áreas degradadas, mas também promover a sustentabilidade em longo prazo.

Para o governador de Rondônia, Marcos Rocha, o trabalho desenvolvido mediante a execução do projeto será revertido em benefícios diretos à população. "Esse é um projeto com aplicação dos recursos estaduais e municipais, e que incentiva medidas voltadas à proteção do meio ambiente, em conformidade com as necessidades dos moradores. O trabalho de recuperação propiciará o aumento na rede hidrográfica dos rios beneficiados, com melhoramento na quantidade e qualidade da água disponível para essa população", salientou.

O secretário da Sedam, Marco Antonio Lagos destacou que, o projeto atende à recuperação de nascentes e plantio de mudas de árvores nativas e demais espécies de fácil adaptação com a região, a fim de recuperar as bacias do rios atingidos. "Para isso pretendemos mobilizar as partes envolvidas, para que realizem reuniões com os proprietários rurais que estão na área de abrangência do projeto, visando a sensibilização e adesão às ações de recuperação e conservação das microbacias dos rios, que estão sendo prejudicados com o fenômeno El Niño e as mudanças climáticas", concluiu.  

Brasil : Porto Velho se consolida como nova fronteira agrícola, após aumento de 62,33% na produção de soja
Enviado por alexandre em 08/04/2024 09:11:17

Capital já possui o maior rebanho bovino do Estado e agora responde também pela maior produção de soja.


O município de Porto Velho se consolida como uma nova fronteira de produção agrícola. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a produção de soja na capital teve um aumento de 62,33% na safra 2022/2023, atingindo 181.812 toneladas, e se tornando o maior produtor da leguminosa em Rondônia.

Na safra de 2021/2022, a produção do grão em Porto Velho foi de 112.000 toneladas. A área plantada também cresceu. Na safra 2021/2022, foram 31.100 hectares plantados de soja. Já a safra 2022/2023 somou 52.336 hectares, com um aumento de 68,28%. Esse crescimento tem se repetido nos últimos anos. Na safra 2020/2021, a área plantada era de 13 mil hectares, com uma produção de cerca de 42 mil toneladas. Em 2011, a safra de soja no município de Porto Velho foi de apenas 600 toneladas.

Foto: Wesley Pontes/Reprodução

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Rondônia (Aprosoja-RO) avalia que o crescimento da soja em Porto Velho se deve a uma série de fatores somados, como a proximidade das estações de transbordo, a disponibilidade de terras com características adequadas para o cultivo e o valor das terras mais acessível do que em regiões consolidadas. Essas características, entre outras, influenciam na otimização dos custos e na celeridade para implementação da lavoura.

Para a Aprosoja-RO, esse crescimento da soja em Porto Velho é visto de forma positiva, considerando que traz benefícios econômicos para os produtores locais e toda a sociedade, como a redução de custos de produção, acesso facilitado a insumos agrícolas e oportunidades de expansão das operações agrícolas, bem como a criação de novas indústrias e geração de emprego e renda para toda comunidade.

"Porto Velho atingiu o patamar de maior produtor de soja de Rondônia, se consolidando como a nova fronteira agrícola. Já somos o maior rebanho bovino do Estado, com mais de 1,7 milhão de cabeças e agora lideramos na soja e também expandindo em outras culturas, como o café, milho, arroz, banana e mandioca", pontuou o prefeito Hildon Chaves.

Rondônia 

A produção de soja em Rondônia na safra 2021/2022 foi de 1.750.249 (ton). Já a safra 2022/2023 foi de 2.131.535, um aumento de 21,78%. A área plantada saiu de 489.526 hectares em 2021/2022, para 589.983 hectares em 2022/2023, com uma variação de 20,37%. A soma da produção da soja em Rondônia foi de R$ 4,7 bilhões. As informações são do IBGE.

Com Porto Velho na liderança, completam a lista dos cinco municípios maiores produtores de soja em Rondônia: Pimenteiras do Oeste (180 mil toneladas), Vilhena (164,5 mil toneladas), Corumbiara (160 mil toneladas) e Candeias do Jamari (157,6 toneladas). 

Brasil : Conheça o indígena que vai comandar a primeira Superintendência Estadual do Indígena em Rondônia
Enviado por alexandre em 08/04/2024 09:09:38

Superintendência foi criada há um ano, por meio de decreto. Gasodá é um dos líderes do povo indígena Paiter Suruí.


Gasodá Suruí fez parte de um acontecimento inédito em Rondônia: ele assumiu a primeira Superintendência Estadual do Indígena criada pelo governo do estado. A Superintendência foi criada há um ano, por meio de decreto.

Mas quem é Gasodá? Um dos líderes do povo indígena Paiter Suruí, Gasodá Wawaeitxapoh Suruí tem 44 anos. Ele foi criado na Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal (RO), onde ainda vive, assim como outros integrantes do seu povo.

Gasodá Wawaeitxapoh Suruí — Foto: Redes Sociais/Reprodução

Ele é graduado em Turismo e possui mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Rondônia (Unir).

Segundo a Unir, Gasodá é o primeiro indígena nascido em Rondônia que concluiu o Mestrado em Geografia na universidade. Ele ainda faz parte da instituição, atualmente como doutorando em Geografia.

O indígena já foi estagiário e Auxiliar Administrativo na Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, uma organização que tem o objetivo de defender os direitos humanos e o meio ambiente.

Gasodá também é Fundador e Coordenador do Centro Cultural Indígena Paiter Wagôh Pakob, um espaço de vivência do povo Paiter Surui que atua na defesa territorial, ambiental e cultural do povo Paiter Suruí.

A Superintendência inédita que Gasodá assumiu é uma das cinco secretarias e superintendências criadas pelo governo de Rondônia em março de 2023. A pasta tem por finalidade cooperar, dar assistência, intermediar, implementar e desenvolver políticas aplicáveis aos povos indígenas. 


Por Jaíne Quele Cruz, g1 RO*

Brasil : Fotógrafo faz registros raros de gavião-de-penacho e filhote no ninho
Enviado por alexandre em 08/04/2024 09:07:10

Ave é considerada vulnerável na escala de risco de extinção. Ninho onde o filhote foi flagrado é monitorado desde 2020, quando ele foi descoberto.


O fotógrafo Carlos Tuyama fez registros raros: uma mãe e um filhote de gavião-de-penacho no ninho, uma espécie rara, considerada vulnerável na escala de risco de extinção.

A expressão da mãe na fotografia é clara: não ouse chegar perto! Com o olhar e postura de proteção, a ave vigia o pequeno filhote que tinha nascido há apenas três dias.

Gavião-de-penacho e filhote com 15 dias de vida em Cacoal, RO — Foto: Carlos Tuyama

O ninho fica em uma reserva florestal particular no município de Cacoal (RO), a cerca de 40 km do centro da cidade. É um dos quatro ninhos de gavião-de-penacho descobertos em Rondônia e o único atualmente monitorado pelo Projeto Harpia.

"Outros dois, as árvores ou os sítios reprodutivos se tornaram inviáveis (derrubadas ou queimadas), e um outro ninho bastante distante, o que dificulta muito nosso acesso", explica Tuyama.

O projeto Harpia Brasil é um programa nacional que se dedica à conservação e pesquisa de animais. Tuyama é integrante do projeto há anos. O ninho onde o filhote foi flagrado é monitorado desde 2020, quando ele foi descoberto. Para monitorar o local, foram instaladas câmeras traps no alto das árvores. 

"Na época do descobrimento do ninho havia um filhote já grande que poucos meses depois dispersou. Em Maio de 2022 acompanhamos o nascimento de um segundo filhote e agora em Março de 2024 registramos o nascimento do terceiro filhote", relembra o fotógrafo.

Gavião-de-penacho e filhote em Cacoal, RO — Foto: Carlos Tuyama

Segundo Tuyama, as câmeras servem para fazer o acompanhamento das ações reprodutivas das aves, além do o crescimento do filhote e o comportamento de cuidado dos pais. Também é possível observar a dieta alimentar.

"A cada 2 anos (um pouco mais ou um pouco menos) eles criam um único filhote. As condições parecem favoráveis pois eles têm tido um ótimo índice de sucesso reprodutivo", comentou.

Os registros feitos por Tuyama acompanham o nascimento do filhote, até sua evolução. O último registro mostra ele com cerca de um mês de vida, ainda no ninho. 

O gavião-de-penacho é uma ave de grande porte, medindo de 58 a 67 centímetros. Os machos podem pesar cerca de um quilo e as fêmeas, um quilo e meio. Na coroa possui um conjunto de penas que medem até 10 centímetros e formam um penacho preto.


Por Jaíne Quele Cruz, g1 RO* 

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