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Brasil : FARC/AMAZÔNIA
Enviado por alexandre em 04/10/2021 15:00:38

Guerrilheiros colombianos atravessam a fronteira por garimpo ilegal na Amazônia


Foto: Funai/Via BBC

Danos provocados pelo garimpo ilegal na região do rio Uraricoera, na Terra Indígena Yanomami

Estrangeiros suspeitos de ligação com uma dissidência das antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) estão entrando em território brasileiro atraídos pelo avanço do garimpo ilegal de ouro no Brasil nos rios da Amazônia. A informação consta de documentos obtidos pela BBC News Brasil e foi confirmada pela Polícia Federal.

 

As investigações apontam que os dissidentes estão extorquindo garimpeiros ilegais que atuam de forma clandestina nos rios da região e cobrando uma espécie de "pedágio" para poderem continuar trabalhando. Em agosto, a PF e o Exército brasileiro realizaram uma operação no município de Japurá (AM), a 745 quilômetros de Manaus, depois de receberem informações de que havia dissidentes na área urbana da cidade. Dois colombianos foram presos.

 

As Farc eram um dos grupos armados que, por quase 50 anos, esteve em conflito com o governo colombiano. Em 2016, comandantes da organização e o então presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, firmaram um cessar-fogo que previa o desarmamento da organização e a possibilidade de o grupo participar da vida política do país. Em 2017, a maioria dos rebeldes se desmobilizou e passou a formar o partido político Força Alternativa Revolucionária do Comum, também conhecida pela sigla Farc. Mais de oito mil fuzis foram entregues pelos guerrilheiros.

 

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Parte deles, porém, decidiu não aderir ao acordo e continuou a atuar na região, especialmente em território amazônico. São esses dissidentes que as autoridades brasileiras acreditam que estejam ingressando em território nacional desde então. Nos últimos anos, serviços de inteligência receberam a informação de que alguns deles fazem a "escolta" de carregamentos de drogas enviadas da Colômbia para o Brasil pelos rios da região.

 

Os documentos obtidos pela BBC News Brasil fazem parte de uma investigação conduzida pela Polícia Federal após a operação de agosto e que tramita, agora, na Justiça Federal do Amazonas. Segundo eles, a novidade agora é que esses dissidentes estão extorquindo garimpeiros ilegais brasileiros que atuam na extração ilegal de ouro nos rios da região, especialmente nos rios Purué e Joamim. O processo contém fotos tiradas por informantes da PF que mostram homens armados com fuzis e uniformes semelhantes aos usados pelos guerrilheiros abordando dragas de garimpo.

 

Segundo o superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Leandro Almada, há suspeitas de que o ouro extraído ilegalmente no Brasil esteja sendo usado para financiar as atividades dos dissidentes na Colômbia.

 

"Indivíduos supostamente dissidentes de grupos paramilitares estrangeiros atuariam na faixa de fronteira da região de Japurá e teriam envolvimento com o tráfico de entorpecentes, realizando escoltas de carregamentos de drogas e, mais recentemente, atuando na extorsão de garimpeiros ilegais que atuam na região de fronteira. Não temos dados concretos, mas existe a possibilidade de tais recursos estarem sendo utilizados para o financiamento desses grupos baseados no exterior", disse o delegado em nota enviada à BBC Brasil.

 

"Segundo levantamentos na região, os dissidentes ingressam ilegalmente em território nacional, muitas vezes com documentos falsos, e atuam nas áreas de garimpo da faixa de fronteira abordando ribeirinhos e garimpeiros, ou infiltrados na zona urbana de Japurá, onde adquirem mantimentos", explicou o delegado.

 

A suspeita de que dissidentes estejam usando o ouro ilegal brasileiro chama atenção porque, na Colômbia, há pelo menos nove anos existem registros de que grupos paramilitares comando minas ilegais no país vizinho.


"Isso é algo que aconteceu na Colômbia. Há minas ilegais administradas pelas Farc e outros grupos ilegais no meu país, de modo que não me estranharia que esses criminosos que atravessam a fronteira comecem a atuar dessa maneira no Brasil", disse o embaixador da Colômbia no Brasil, Dario Montoya Mejia.

 

O diplomata afirmou também que as autoridades dos dois países vêm intensificado as ações de cooperação na região para sufocar atividades de organizações criminosas.


 

Bilhetes com carimbo das Farc


Entre os indícios que, segundo a PF, ligam o casal colombiano preso em agosto deste ano a grupos dissidentes das Farc estão um bilhete apreendido com o casal que contem o carimbo da Frente Carolina Ramirez, um dos sub-grupos da dissidência das Farc que atua no sul da Colômbia. O casal foi encontrado depois de invadir a casa de uma moradora de Japurá ao fugir da polícia e do Exército.

 

A investigação da PF suspeita de que a dupla atuava como emissários responsáveis por obter mantimentos, remédios e outros insumos para dar suporte ao grupo na selva. Além do bilhete, a PF encontrou um uniforme camuflado, botas, artigos para sobrevivência na selva e uma balança de precisão. As suspeitas aumentaram depois que um laudo de peritos da PF constatou que a mulher detida apresentou nomes e documentos falsos às autoridades brasileiras.

 

Em seu depoimento, a dona da casa invadida, cujo nome não será divulgado por motivos de segurança, disse ter sentido ameaçada.

 

"Aí, na hora que eles entraram, empurraram a porta e quase jogaram as duas (sua filha e cunhada) aí embaixo e falaram que iam ficar aí e foram direto pro meu quarto. A gente pediu para sair, não saíram. Falaram que iam ficar aí, porque se eles não ficassem aí não, (a gente) sabia o que podia acontecer […] Me senti (ameaçada) […] se a gente não fizer o que eles estão pedindo, (a gente) se lasca depois", disse.

 

Japurá é um município localizado no extremo oeste do Amazonas, com pouco mais de 1,7 mil habitantes e 55,8 mil quilômetros quadrados e coberta majoritariamente pela floresta amazônica. É uma das áreas mais remotas do Brasil, equivalente a 35 vezes o tamanho da cidade de São Paulo.

 

Sua única ligação física com a capital do estado, Manaus, é o rio Japurá, em uma viagem que pode levar até uma semana. Nas últimas décadas, o município se tornou uma importante porta de entrada para drogas produzidas na Colômbia com destino ao Brasil, especialmente o "skunk", uma espécie de maconha considerada mais potente que a maconha normal.

 

O ambiente passou a ficar ainda mais tenso com o avanço da extração ilegal de ouro na região. Segundo a PF, nos últimos três anos, houve um aumento da atividade garimpeira na área. Dezenas de dragas e centenas de garimpeiros aproveitam a pouca fiscalização das autoridades na região e levam dragas que revolvem o leito do rio em busca do minério ao mesmo tempo em que liberam mercúrio na água e no ar. Apesar desse cenário, a cidade conta com apenas dois policiais civis e seis policiais militares.

 

"Japurá fica numa região muito isolada e muito pobre e que precisa de um reforço da segurança", reconhece o chefe do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) da Polícia Civil do Amazonas, Paulo Mavignier.


 

Região é próxima a local de conflitos


A prisão da dupla e os relatos sobre a presença de dissidentes da guerrilha colombiana em Japurá trouxe de volta a lembrança de um episódio ocorrido há 30 anos em uma região próxima à cidade, mais precisamente no rio Traíra, que corre pela divisa entre o Brasil e a Colômbia. No dia 26 de fevereiro de 1991, um destacamento do Exército foi atacado por guerrilheiros das Farc. Na ocasião, três militares brasileiros morreram.

 

Como resposta, o Brasil mobilizou aproximadamente 400 militares para a região durante a Operação Traíra, em março daquele mesmo ano. Registros feitos pela imprensa à época indicam que pelo menos sete colombianos foram mortos.

 

O professor do Departamento de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense, Thiago Fernandes, explica que atividades ilegais como tráfico de seres humanos, drogas e de armas são comuns em regiões de fronteira, especialmente naquelas marcadas pelo isolamento como a do Brasil com a Colômbia. Ele diz, no entanto, que o episódio ocorrido em Japurá mostra que avanço do garimpo ilegal no Brasil funciona como um fator de atração para grupos criminosos estrangeiros.

 

"Os garimpos servem de polo de atração. Esse ouro vai atraindo esses outros grupos ilegais, incluindo as Farc e dissidentes. O avanço do garimpo ilegal no Brasil cria mais uma oportunidade de financiamento para esses grupos criminosos. É compreensível que eles avancem em nosso território em busca de uma nova fonte de renda", afirmou.

 

A BBC News Brasil questionou o Exército sobre o episódio ocorrido em Japurá e que medidas estão sendo tomadas sobre o ingresso de dissidentes no Brasil.

 

 

Em nota, o Exército disse que recebeu as informações sobre a existência de dissidentes na região por meio de denúncias feitas pela população do município e que "realiza, diuturnamente, operações preventivas e repressivas com o intuito de combater os ilícitos praticados nas regiões de fronteira".

 

Fonte: G1

Brasil : QUALIDADE DO SONO
Enviado por alexandre em 04/10/2021 14:49:48

Aprenda a treinar seu cérebro para dormir mais rapidamente - de forma saudável

Especialistas dão dicas para ajudar nas noites em que estiver muito difícil de pegar no sono

Falta de sono de qualidade é sinal para consultar especialista
Falta de sono de qualidade é sinal para consultar especialista Amenic181/Adobe Stock

Sandee LaMotteda CNN

Adormecer assim que colocar a cabeça no travesseiro é uma coisa que para você só acontece em sonhos? Adormecer rapidamente pode parecer o nirvana, mas não é um sinal de um sono saudável.

“A pessoa bem descansada não adormece imediatamente”, disse a especialista em sono Rebecca Robbins, instrutora da divisão de medicina do sono da Escola de Medicina Harvard.

“Adormecer leva cerca de 15 minutos para quem dorme de forma saudável”, acrescentou Robbins.

“Adormecer é diferente do sono em si, o que pode ser frustrante quando a pessoa está extremamente cansada. No entanto, seja paciente, pois o sono virá e quanto mais você se estressar por não estar dormindo, menores serão suas chances de adormecer.”

Não desanime

Cochilar muito rapidamente pode ser um sinal de que você está seriamente privado de sono, o que pode prejudicar sua saúde física e mental.

Robbins, coautora do livro “Durma para o Sucesso” (em tradução livre), compara isso a ter sido privado de comida.

“Se você está faminto por comida, vai devorar sua próxima refeição imediatamente, ao passo que uma pessoa bem nutrida pode não estar tão faminta e não precisar urgentemente de nutrição”, disse ela.

Adultos precisam dormir pelo menos sete horas por noite, enquanto crianças em idade escolar precisam de 9 a 12 horas. Já os adolescentes precisam de 8 a 10 horas, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.

E se você dormir um número adequado de horas todas as noites? Adormecer muito rapidamente, assim como sentir cansaço durante o dia, pode ser um sinal de que a qualidade do seu sono está piorando.

Ficar acordado até tarde no celular pode afetar saúde mental e física
Ficar acordado até tarde no celular leva à privação de sono, o que pode afetar saúde mental e física / Foto: Torwaiphoto/Freepik

“A falta de sono de qualidade ocorre quando há vários despertares durante a noite”, disse o Raj Dasgupta, professor de medicina clínica especializado em sono na Keck School of Medicine da Universidade da Carolina do Sul.

“Esses despertares afetam sua capacidade de chegar aos estágios mais profundos do sono, como o sono de ondas lentas, também conhecido como sono delta, ou sono de movimento rápido dos olhos (REM), que são essenciais se você deseja funcionar bem e estar alerta”, afirmou Dasgupta.

Durante o estágio REM do sono, sonhamos – e as informações e experiências são consolidadas e armazenadas na memória. Além de afetar o funcionamento cognitivo, um estudo recente descobriu que gastar menos tempo no sono REM está relacionado a um maior risco geral de morte por qualquer causa.

O sono de ondas lentas ou delta ocorre quando o cérebro repousa e se livra das toxinas – uma forma de limpeza que permite que o corpo se cure e rejuvenesça.

“A coisa mais importante que você pode fazer para aumentar sua quantidade de sono profundo é permitir-se um tempo total de sono adequado”, de acordo com a Associação Americana do Sono (ASA, em inglês).

Um dos culpados mais comuns que podem interromper seu sono durante a noite – às vezes sem você saber – é a apneia obstrutiva do sono, em que você ronca, engasga, suspira ou para de respirar periodicamente durante a noite.

Cerca de 25 milhões de pessoas nos EUA sofrem desta forma de apneia do sono, disse o Projeto Nacional de Conscientização do Sono Saudável.

A síndrome das pernas inquietas, uma condição na qual as suas pernas (ou as do seu parceiro) se contraem ou tremem durante a noite, também pode afetar a qualidade do sono.

O mesmo pode acontecer com a dor crônica, diabetes, doenças cardíacas, asma e doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), para citar alguns fatores. Os medicamentos também podem afetar o sono, assim como vários transtornos mentais, de acordo com a Cleveland Clinic.

“A mensagem para levar para casa é que se você não está tendo um sono de qualidade, isso significa que é hora de consultar um especialista para ver o que está acontecendo”, disse Dasgupta.

Como adormecer mais rápido

Agora que suas expectativas são realistas – não é saudável “apagar” como uma luz – e você não deve se preocupar se precisar de 10 a 20 minutos para adormecer – o que dizer sobre aquelas noites em que estiver muito difícil de pegar no sono?

• Levante-se!

“Se você não conseguir dormir depois de 20 minutos, saia da cama e vá para outro cômodo com pouca luz e faça algo calmante até se sentir sonolento novamente. O mesmo se aplica quando você acorda durante a noite e não consegue volte a dormir”, aconselha Dasgupta.

Robbins concorda: “Prometa não ficar se revirando na cama – se comprometa a levantar caso, por qualquer motivo, você se revire à noite e tenha dificuldade em adormecer”.

Algumas pessoas acreditam que é igualmente revigorante para o corpo ficar deitado na cama com os olhos fechados, mas sem dormir.

Isso é um sonho irreal, disse Robbins: “Se ficarmos na cama, começaremos a associar a cama à insônia”.

• Faça da cama um lugar sagrado

Evitar que seu cérebro associe seu quarto como algo diferente de um lugar para dormir e fazer sexo é como você o treina para adormecer quando encosta sua cabeça no travesseiro, disse Dasgupta.

“É muito mais provável que você adormeça rapidamente se seu cérebro souber exatamente o que esperar quando você entrar no quarto”, disse ele.

Isso significa não trabalhar ou assistir televisão na cama, e não fazer chamadas ou verificar o seu celular. Luzes azuis de dispositivos eletrônicos dizem ao nosso cérebro para acordar, não dormir.

• Construa um ninho

Continue treinando seu cérebro para esperar o sono nutrindo o processo do sono. Mantenha o ambiente fresco e escuro.

A ciência nos diz que dormimos melhor em temperaturas mais frias, de cerca de 15 a 20 graus Celsius

• Prepare uma rotina

Escove os dentes, tome um relaxante banho quente ou uma ducha e depois passe algum tempo na penumbra, lendo um livro ou ouvindo uma música suave.

Você pode experimentar a prática da ioga ou alongamentos leves, mas nada que o anime. Você está ensinando seu cérebro a desacelerar.

Vá para a cama e levante-se no mesmo horário todos os dias, mesmo nos fins de semana ou nos dias de folga, aconselha o CDC. Em pouco tempo, se tornará um hábito arraigado.

• Acalme sua mente

Para muitas pessoas, essa é a parte mais difícil de adormecer. No mundo frenético de hoje, repleto de estresse e ansiedade, pode ser difícil parar de se preocupar com o que você não fez ou com o que ainda precisa fazer.

Praticar meditação é uma forma baseada em evidências de melhorar sua capacidade de adormecer, disse Robbins.

“Meditação é o ato de permitir que os pensamentos passem sem dedicar atenção consciente a eles”, disse a especialista.

“Essa habilidade, quando praticada ao longo do tempo, pode se traduzir em nossa habilidade de adormecer quando adotamos uma mentalidade meditativa.”

• Mantenha uma ‘lista de preocupações’ ao lado da cama

Outra maneira de acalmar sua mente é manter uma pilha de anotações ao lado da cama e usá-la para documentar suas preocupações.

“Comece um ritual de escrever qualquer coisa em sua mente antes de dormir”, disse Robbins.

“Não importa o quão estressante, pequeno ou grande seja o tópico. Coloque no papel. Diga a si mesmo que não há nada que você possa fazer a respeito dessas tarefas à noite, deixe-as para a manhã.”

• Respire profundamente

“Respirações longas e profundas em conjunto com um mantra como ‘se libertar’ ou ‘estou em paz’ podem ajudar a acalmar sua mente e adormecer”, recomenda Robbins.

Há uma grande quantidade de técnicas de respiração profunda que os especialistas recomendam, mas a “mais documentadas em pesquisas é a ‘seis entradas e seis saídas’ de ar”, disse a especialista em gerenciamento de estresse Cynthia Ackrill à CNN em uma entrevista anterior.

Respire fundo e conte lentamente até seis, certificando-se de que você pode sentir seu estômago subir com a mão enquanto se enche de ar, explicou Ackrill, editora da revista “Contentamento”, produzida pelo Instituto Americano do Estresse (AIS).

“Você deve usar o que é chamado de respiração suave pela barriga”, disse ela. “Para amolecer a barriga, deixe o diafragma descer, empurre um pouco a barriga para fora e leve o fôlego para essa parte.”

“Solte a respiração contando lentamente até seis. Faça uma pausa e comece novamente. Repita até sentir o corpo relaxar”, acrescentou Ackrill.

• Não pare de sonhar

Mantenha esses hábitos e em pouco tempo seu cérebro saberá automaticamente que travesseiro é sinônimo de sono. Então, talvez o sonho de adormecer mais rapidamente se torne realidade – e de forma saudável.

Confira mais notícias do Brasil e do mundo na CNN.

(Texto traduzido; leia o original em inglês)


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Brasil : OUTUBRO ROSA
Enviado por alexandre em 03/10/2021 22:58:41

Informações que toda mulher precisa ter sobre câncer de mama

Começa mais um Outubro Rosa, mês de conscientização para controle do câncer de mama, e o sentimento é devastador para além de receber o diagnóstico. O número de casos da doença segue crescendo - só em São Paulo, são esperados 18.280 novos casos de câncer de mama em 2021, de acordo com a estimativa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) -, e estima-se que 2,8 milhões de mulheres com idade elegível e indicação clínica para a realização de mamografia deixaram de fazer exames de rastreio ou para o diagnóstico de câncer de mama, no último ano, de acordo com a Dasa.

 

A pandemia foi o fator determinante, já que muito exames foram remarcados. “Com medo do contágio pelo coronavírus, as mulheres deixaram de lado a rotina de cuidados: consultar o ginecologista e realizar os exames de rastreio, entre eles, a mamografia. Muitas biópsias, cirurgias e sessões de radioterapia e quimioterapia também foram adiadas, resultando em diagnósticos tardios e a necessidade de tratamentos mais invasivos”, explica Emerson Gasparetto, diretor geral de negócios hospitalares e oncologia da Dasa.

 

Informação sobre prevenção, exames de rastreio e tratamentos são essenciais para a promoção da saúde da mulher. A doença é a primeira causa de morte por câncer em mulheres no Brasil, sendo a mais frequente em todas as regiões, conforme dados do INCA.

 

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Nem por isso o diagnóstico de câncer de mama se trata apenas de uma sentença negativa, sem chances de uma vida saudável após o tratamento - ou ainda, pouca expectativa de sobrevivência ao passar por essa fase. Nos últimos anos ocorreram importantes avanços nos tratamentos, principalmente no que diz respeito a cirurgias menos mutilantes, assim como a busca da individualização de todo esse processo.

 

De acordo com o oncologista Daniel Gimenes, do CPO Oncoclínicas, o tratamento varia de acordo com o estágio do tumor e suas características, além de depender também das condições da paciente - fatores como idade, comorbidades e status menopausal.

 

Outubro Rosa: tudo o que a mulher precisa ter sobre câncer de mama

 

"O prognóstico do câncer de mama também depende desses fatores. Quando a doença é diagnosticada no início, as chances de cura são elevadas acima de 90% com o tratamento. No entanto, quando há evidências de metástases, todos os procedimentos passam a ter como objetivo principal o prolongamento da sobrevida e melhora da qualidade de vida da paciente", explica Dr. Daniel.

 

Ainda de acordo com o oncologista, o acesso à informação de qualidade é um grande aliado no combate à doença. "Faça exames e mantenha a rotina das consultas médicas independente da idade. Confie no seu médico, compartilhe seus anseios e não confie em tudo que lê na internet, tomando cuidado principalmente com as fake news sobre a doença", alerta.

 

Principais informações que todas as mulheres devem saber sobre câncer de mama, esclarecidas pelo Dr Daniel Gimenes:

 

Com que idade as mulheres devem começar a fazer exames anuais?

 

É importante fazer mamografia a partir dos 40 anos, mas já existem exames que são capazes de detectar alterações em mulheres mais jovens, como ultrassonografia e ressonância magnética, já que a mamografia apresenta limitações nesta faixa etária, devido às mamas densas das pacientes, o que dificulta a identificação de eventuais tumores.

 

Vale lembrar que o auto exame, apesar de ser importante para o conhecimento do corpo, não é a melhor forma de detectar o câncer de mama precocemente - quanto o tumor já é palpável, é porque provavelmente já está mais avançado.

 

Como prevenir o surgimento de tumores?

 

Manter uma alimentação balanceada (priorizando alimentos in natura e evitando ultraprocessados e bebidas alcoólicas), praticar atividade física regularmente, manter o peso corporal adequado e, caso tenha a oportunidade, aderir ao aleitamento materno, são hábitos que podem reduzir em até 28% o risco de desenvolver câncer de mama, além de evitar a recidiva da doença.

 

É possível engravidar após passar pelo tratamento de combate ao câncer de mama?

 

Em casos de mulheres jovens, existem técnicas para a preservação de fertilidade durante o tratamento oncológico, no entanto é importante que a paciente converse com o seu médico sobre os riscos e as possibilidades logo que receber o diagnóstico - antes mesmo de iniciar o tratamento.

 

A forma como essa preservação será feita deve ser totalmente individualizada, levando em conta o estado geral da paciente e seus anseios. As opções normalmente são: congelamento de óvulos ou de embriões, congelamento do tecido ovariano e supressão da função ovariana.

 

Outubro Rosa: informações que toda mulher precisa ter sobre câncer de mama  - Jornal da Economia

 

O tratamento do câncer de mama exige obrigatoriamente a remoção cirúrgica completa da mama?

 

Hoje em dia, nos casos de câncer de mama em estágio inicial, a cirurgia mutilante perdeu muito espaço para tratamentos mais conservadores, como a ressecção segmentar (remover parte de um tecido).

 

O câncer de mama é necessariamente hereditário?

 

Nem todo câncer de mama é hereditário - ou seja, uma mutação herdada. No entanto, a mutação genética pode ocorrer ao longo da vida, em razão de condições externas, como estilo de vida e ambiente.

 

Existem alternativas para que não haja queda de cabelo durante o tratamento?

 

Não são todos os tratamentos oncológicos que são responsáveis pela queda capilar. A quimioterapia é um tratamento que afeta as células que se multiplicam com frequência, como as responsáveis pelo crescimento do cabelo, causando alopecia no paciente.

 

Porém, atualmente existe uma técnica capaz de preservar a maior parte dos fios: a crioterapia - uma touca gelada que resfria o couro cabeludo e promove a contração dos vasos sanguíneos. Tal esfriamento cria uma espécie de capa protetora que preserva os folículos pilosos e reduz a quantidade de medicamento que chega às raízes, o que reduz a queda capilar.

 

Outubro Rosa: por que é preciso falar disso?

Fotos: Reprodução

 

 

É importante que cada mulher tenha autonomia e protagonismo de definir o que é melhor para si - raspar o cabelo, buscar próteses capilares ou optar por alternativas que diminuam a queda dos fios. 

 

Fonte: O Dia

Brasil : COVID E AIDS
Enviado por alexandre em 03/10/2021 22:55:12

6 semelhanças entre como a humanidade lidou com as duas pandemias

Aids e covid-19 têm formas de transmissão, sintomas e tratamentos completamente diferentes. Mesmo assim, as doenças que marcaram o fim do século 20 e o início do 21, respectivamente, trazem semelhanças importantes, especialmente na forma como a sociedade e a ciência reagiram a elas.

E esses processos tiveram os mais variados desdobramentos. Por um lado, as duas pandemias demandaram a criação de soluções rápidas, que resultaram em testes, remédios e vacinas modernos e disruptivos, que beneficiaram não apenas as duas condições, mas a medicina como um todo. Por outro, o surgimento de problemas novos reforçou (e até criou) preconceitos, estigmas e desigualdades que resistem até hoje.

Os dois momentos históricos também trazem aprendizados importantes sobre a prevenção, quais estratégias funcionam mais ou menos e o papel da comunicação neste contexto.

Essa é a análise feita por especialistas em saúde ouvidos pela BBC News Brasil. Eles avaliam que as duas crises sanitárias apresentam muitos paralelos e entendê-los pode nos ajudar a lidar com as futuras pandemias que virão pela frente.

1. Estresse, medo e incertezas

Nos últimos dias de dezembro de 2019, veículos e agências de notícias publicaram as primeiras informações sobre os casos de uma "pneumonia misteriosa" que começou a acometer algumas pessoas em Wuhan, na China.

No início de janeiro, veio a confirmação de que o quadro estava relacionado a um novo tipo de coronavírus, que seria nomeado posteriormente de Sars-CoV-2.

Um processo parecido aconteceu com o HIV, o vírus da imunodeficiência humana. Apesar de existirem evidências de que ele já circulava desde a década de 1930, o problema começou a chamar a atenção entre o final dos anos 1970 e o início dos 1980.

Nessa época, os especialistas perceberam o aumento na frequência de sintomas do que viria a ser conhecida como a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, ou aids. No período, o quadro foi observado com mais intensidade em homens que fazem sexo com homens de algumas regiões dos Estados Unidos.

Para o médico Ricardo Sobhie Diaz, professor de infectologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), as duas situações são marcadas pelo aumento do estresse generalizado diante das incertezas.

"Quando começamos a ouvir sobre HIV e aids, havia muito medo, pois não se sabia o que poderia acontecer com as pessoas e qual seria o tamanho da catástrofe que iríamos enfrentar", lembra.

"E nós vemos a mesma coisa agora com a covid-19. Todos nos sentimos um tanto incapazes de entender realmente o que acontece, especialmente nos primeiros meses da pandemia", completa.

Protesto nos EUA em 1983

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Em 1983, homens erguem um cartaz com os dizeres: 'Aids: nós precisamos de pesquisa, não de histeria'

2. Estigmas e preconceitos

Uma das consequências desse medo generalizado diante do desconhecido é o surgimento de teorias da conspiração e movimentos que tentam encontrar algo (ou alguém) para jogar a culpa.

"No início, a aids era descrita pejorativamente como a doença dos cinco H's, pois acreditava-se que ela só afetaria homossexuais, prostitutas (hookers, em inglês), haitianos, hemofílicos e usuários de heroína", diz a infectologista Karen Morejon, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), no interior paulista.

E esses estigmas e preconceitos eram reforçados pela própria imprensa. Na edição de 12 de junho de 1983 do jornal Notícias Populares, por exemplo, é possível ler uma manchete preconceituosa sobre a aids. Em letras garrafais, a capa anunciava: "A peste gay já apavora São Paulo".

Com a covid-19, houve um cuidado extra das autoridades, especialmente da Organização Mundial da Saúde (OMS), para que Wuhan, ou a China como um todo, não ficassem estigmatizados, ou virassem referência como o nome da doença ou do vírus.

E há exemplos claros de como evitar essa vinculação geográfica de uma nova enfermidade é importante. Talvez o maior deles seja a gripe espanhola, que matou milhões de pessoas entre 1918 e 1920.

Apesar da alcunha, a doença provavelmente surgiu em acampamentos militares dos Estados Unidos. Mas, como ocorria a Primeira Guerra Mundial e a maioria dos países envolvidos controlava a imprensa, quem noticiou sobre a chegada de uma infecção desconhecida foram os veículos jornalísticos da Espanha, que mantinha uma posição de neutralidade naquele momento.

Passado mais de um século, o termo "gripe espanhola" continua a ser usado, apesar da imprecisão histórica.

Mesmo com as precauções em relação à pandemia atual, ainda existem muitas teorias da conspiração infundadas que acusam a China de ter criado o coronavírus e é comum ler o termo "peste chinesa" em muitos desses conteúdos falsos.

3. Riscos e vulnerabilidades

Um erro que ocorreu nas duas pandemias, de acordo com os especialistas, foi o foco excessivo nos chamados "grupos de risco"

Como mencionado anteriormente, existia uma ideia enviesada nos anos 1980 de que só homossexuais, usuários de drogas injetáveis ou pacientes que precisam de transfusão sanguínea se infectavam com o HIV.

Já na covid-19, circulou muito a ideia errada de que a doença só matava idosos e indivíduos com comorbidades, como os portadores doenças cardiovasculares ou pulmonares.

"E, em ambos os casos existe uma diferença enorme entre grupos de risco e indivíduos com maior vulnerabilidade", diferencia Diaz.

Ou seja: estatisticamente e na comparação com as outras faixas etárias, pessoas acima de 60 anos são mais suscetíveis à infecção pelo coronavírus e desenvolvem com maior frequência as formas graves da enfermidade, que exigem internação e intubação. Mas isso não significa que os mais jovens estão absolutamente livres da covid-19 ou de suas repercussões no organismo.

Duas idosas de máscara caminham pela rua

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Idosos foram apontado como 'grupo de risco' da covid-19, quando o correto seria dizer que eles são mais vulneráveis à doença

O mesmo se repete quando pensamos nos primeiros anos da aids: a noção distorcida de que homossexuais seriam os únicos afetados fez com que indivíduos com outras orientações sexuais relaxassem e pensassem que não corriam perigo, quando se sabe que a realidade é muito mais complexa.

"O foco nos grupos de risco fez com que houvesse uma sensação de tranquilidade daqueles que não apresentavam aquelas características, pois eles achavam que não adoeceriam", acrescenta Morejon, que também integra a Sociedade Paulista de Infectologia.

4. Desigualdade escancarada

A bióloga americana Claudia Velasquez, diretora do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) no Brasil, chama a atenção para outro ponto em comum entre as duas pandemias.

"As desigualdades têm um papel extremamente relevante [nos dois momentos históricos] e, por isso mesmo, é preciso atuar de forma conjunta e simultânea", analisa.

"A resposta ao HIV evidencia a lacuna entre ricos e pobres. Onde um bom progresso foi feito, as pessoas que vivem com HIV têm uma vida longa e saudável. Já onde as desigualdades são grandes, foi alcançado um progresso limitado", compara.

Na covid-19, a diferença de acesso a insumos, testes, remédios e vacinas também é enorme de acordo com cada país.

Essa disparidade fica escancarada no número de imunizantes contra o coronavírus aplicados até o final de setembro: de acordo com informações disponibilizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), 61,4% dos cidadãos de países ricos haviam recebido ao menos a primeira dose. Nos lugares mais pobres do planeta, apenas 3,5% das pessoas foram contempladas nas campanhas de vacinação.

Os mesmos números podem ser lidos de outra maneira: enquanto 1 em cada 2 indivíduos das nações ricas estão mais protegidos contra a covid-19, somente 1 em cada 28 que moram nos locais mais pobres tiveram essa mesma oportunidade.

5. Avanços nos métodos de prevenção

Esse talvez seja o ponto onde as semelhanças mais impressionam. Tanto a aids quanto a covid-19 seguiram uma sequência similar de orientações preventivas.

Nos primeiros meses, quando as informações sobre as doenças eram escassas, restava apelar às medidas proibitivas: para evitar o HIV, não faça sexo; para fugir do coronavírus, não saia de casa.

Com o passar do tempo, surgiram métodos um pouco mais rebuscados, que servem de barreira contra a entrada dos vírus. Falamos aqui das camisinhas e das máscaras.

Na sequência, vêm as intervenções biomédicas. No HIV, foram aprovados remédios para a PrEP (profilaxia pré-exposição) e para a PEP (profilaxia pós-exposição). Quando bem indicadas, essas estratégias ajudam a evitar a infecção pelo vírus.

Já na covid-19, as vacinas testadas e aprovadas em tempo recorde permitiram controlar o número de casos mais graves, internações e mortes.

Durante os dois processos de evolução, os especialistas aprenderam que não costuma dar muito certo depender unicamente dos métodos baseados no comportamento das pessoas, como a abstinência sexual, o isolamento social, a camisinha ou a máscara.

Camisinhas

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Legenda da foto,

Esperar que todo mundo use camisinha em todas as relações sexuais é quase uma utopia, entendem especialistas

Pela experiência com as pandemias recentes, é justamente a combinação e a adaptação de diferentes estratégias que permite obter um bom resultado.

"É fácil dizer para as pessoas usarem camisinha ou máscara, como se todo mundo fosse respeitar essa recomendação 100% das vezes", comenta o infectologista Rico Vasconcelos, pesquisador do Hospital das Clínicas de São Paulo.

"Conforme aparecem as intervenções biomédicas, como os remédios ou as vacinas, é que começamos a ver uma queda da incidência tanto das infecções por HIV ou pelo coronavírus", observa.

O cientista social Alexandre Grangeiro, pesquisador da Faculdade de Medicina da USP, concorda: "Recomendações muito normativas, que dizem aquilo que as pessoas precisam fazer e não consideram a autonomia de cada um, não funcionam", entende.

"Ou a gente adequa os métodos de prevenção ao cotidiano ou eles vão falhar", completa o especialista, que foi diretor do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde entre 2003 e 2004.

Já Diaz destaca o papel da comunicação nesse contexto e usa as orientações sobre o uso da camisinha como exemplo.

"Nós erramos feio ao dizer que fazer sexo com camisinha é igual em termos de prazer. Isso é mentira. A mensagem correta é que existe, sim, um prejuízo na sensibilidade, mas um ganho no aspecto preventivo", analisa.

"Nossa comunicação foi sempre no sentido de que, ao se prevenir, você estará fazendo um bem para todo mundo, para a coletividade. E me parece que essa mensagem de fazer as coisas pelos outros nunca funcionou direito", acrescenta.

6. Conquistas contra outras doenças

Vale observar aqui que o trabalho dos cientistas para trazer soluções às pandemias de aids e covid-19 também permitiu pensar em saídas para outros problemas de saúde.

"O esforço científico para entender a aids na década de 1980 propiciou o desenvolvimento de remédios que impedem a replicação de vírus. Muitos deles compõem o coquetel antirretroviral", exemplifica Diaz.

"E esses tratamentos beneficiaram não apenas os portadores de HIV, mas também serviram de base para a criação de terapias contra a hepatite C, o vírus sincicial respiratório e talvez até o coronavírus", conta o infectologista.

Já no contexto atual, algumas das vacinas contra a covid-19 usam tecnologias absolutamente novas. É o caso dos produtos que se baseiam no vetor viral não replicante, como aqueles desenvolvidos por AstraZeneca/Universidade de Oxford e Janssen, ou os imunizantes de mRNA, criados por Pfizer/BioNTech e Moderna.

Doses de AstraZeneca e Pfizer

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Legenda da foto,

As tecnologias de algumas vacinas contra a covid-19 podem ser adaptadas para outras doenças

Essas mesmas plataformas já são testadas para obter imunizantes contra outras doenças infecciosas e podem até servir como solução para diversos problemas de saúde, como o câncer.

"A pandemia de covid-19 mostrou que a ciência pode avançar rapidamente, quando existe a vontade política e o envolvimento de todas as pessoas", resume Velasquez, da Unaids Brasil.

Morejon pondera que os avanços e as conquistas contra as infecções não foram frutos de uma iniciativa isolada de um especialista ou um grupo de pesquisadores, mas de um apoio constante à ciência.

"Só tivemos uma vacina contra a covid-19 em menos de um ano porque já existia toda uma pesquisa anterior, que buscava soluções para outros tipos coronavírus que surgiram em 2003 e 2011", aponta a médica.

"E, mesmo na aids, que começou a chamar a atenção nos anos 1980, tínhamos investigações e amostras de pacientes guardadas em laboratórios desde os anos 1970", lembra.

"Quando há investimento, a ciência prepara o terreno e nos permite lidar com as crises de forma muito mais fácil", completa.

Brasil : PORTO VELHO 107 ANOS
Enviado por alexandre em 03/10/2021 22:46:03

Relembre algumas lendas urbanas da capital rondoniense

Lenda 'Porto do Velho'

Duas teorias tentam explicar a história do nome da cidade 'Porto Velho'. A primeira é muito conhecida pelos moradores e é repetida há muitos anos na cidade: a lenda do Porto do Velho.

O autor Antônio Cândido da Silva, na década de 1960, escreveu o livro Enganos da Nossa História, onde contou a lenda de um velho lenhador chamado Pimentel, que trabalhava em um porto no rio Madeira, cortando lenha para navios à vapor na época do ciclo da borracha, final do século XIX. Quem chegava à região, a chamava de Porto do velho Pimentel, que com passar do tempo, teria se tornado o nome Porto Velho.

Apesar da história ser bastante conhecida na capital, não há comprovação sobre a existência de Pimentel, e por isso, a narrativa ficou conhecida como uma lenda. Conforme a historiadora Rita Vieira, o motivo "oficial" para o nome do município se deu em meados da Guerra do Paraguai, entre 1864 a 1870.

A guerra envolveu parte do estado do Mato Grosso e por isso, o governo brasileiro construiu um porto para militares que participaram do conflito na região onde, atualmente, é localizada a capital rondoniense. Depois que a guerra acabou e o Brasil foi vitorioso, o porto e o município ficaram abandonados. 

Pátio da Estrada de Ferro Madeira Mamoré em 1910 — Foto: Luiz Brito/Divulgação

Foi então que, por volta de 1907 e 1912, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM) começou a ser construída pela empresa de Percival Farquhar, às margens do Rio Madeira. Os trabalhadores chamavam a região de Porto velho dos militares, por causa do porto abandonado pelos militares da Guerra do Paraguai.

A partir disso, quando houve a criação da cidade, em 2 de outubro de 1914, o nome escolhido foi Porto Velho, porque fazia referência ao porto abandonado.

Lendas 'Matinta Perera' e 'Mulher-Cobra'

A construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré é envolvida por muitas histórias de assombrações, como as das aparições de Matinta Perera e da Mulher-Cobra. Segundo às pesquisas de História e Estudos Literários das doutoras Mara Genecy Centeno Nogueira e Maria Gomes Sampaio, da Universidade Federal de Rondônia (Unir), para entender as origens dessas personagens.

A primeira é uma personagem do folclore nortista conhecida por ser uma velha bruxa que durante a noite se transforma em um pássaro agourento. Conforme a lenda, quem ouve o seu assobio deve lhe ofertar fumo e café, caso contrário, ou a própria pessoa ou alguém da sua família deve morrer. 

A lenda conhecida em Porto Velho remete aos relatos de um guarda da ferrovia que teve um encontro com Matinta e ainda presenciou a aparição de uma mulher com uma cauda de cobra, na noite em que sua esposa faleceu.

Canteiro de obras da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, em 1910, no momento em que trabalhadores montavam uma locomotiva — Foto: Luiz Brito/Divulgação

Segundo a história, o guarda chamado João, ouviu os assobios de Matinta Perera à beira do rio Madeira, acompanhados de urros e choros, em uma noite de trabalho.

Na condição de vigilante, João foi seguindo o barulho para verificar se havia algum animal machucado ou se eram gritos de uma pessoa, mas quando chegou ao local, o guarda viu algo sobrenatural: uma mulher suja de terra saiu de uma cova perto da margem do rio, onde se formava um banzeiro. Em meio às ondas, surgiu uma enorme serpente, que como um liquidificador, misturou-se a mulher e tornou-se uma Mulher-Cobra.

Segundo a lenda, Matinta e a Mulher-Cobra percorriam juntas ruas e avenidas da cidade, frequentavam terreiros e levavam terror e medo para quem via as assombrações e ouvia os assobios.

Lenda 'Mulher-Árvore'

Outra história que envolve a construção da EFMM é a da Mulher-Árvore. Segundo a lenda, uma mulher que foi amante de um engenheiro da ferrovia e que não gostava de viver em Porto Velho, tirou a própria vida no espaço ferroviário após profunda tristeza e foi enterrada no Cemitério da Candelária. Como castigo pelo pecado, o seu túmulo foi destruído por uma frondosa castanheira que, em noite de lua cheia, se misturava ao cadáver e se transformava na Mulher-Árvore. 

Cemitério da Candelária, início do século XX — Foto: Dana Merril

Os relatos dos trabalhadores da época afirmavam que em toda noite de lua cheia, a mulher retirava suas raízes e caminhava para fora do cemitério, seguindo o caminho dos trilhos. Por onde passava, era possível ouvir choro e desespero da assombração, que deixava rastro de destruição causado pela ventania da floresta.

Dizem que o primeiro a visualizar a mulher foi um vigia da ferrovia. Outros testemunharam tê-la visto andando pelos trilhos, voltando para o cemitério. E muitos atestavam que a qualquer momento ela voltaria a aparecer, principalmente para crianças que não gostavam de dormir cedo, de não fazer os deveres de casa e eram desrespeitosas com os mais velhos.

O artigo "Cruz Credo! Lendo a cidade de Porto Velho por meio de narrativa de assombração", publicado na revista Humanidades e Inovação, explica que a lenda da Mulher-Árvore faz referência à loucura e a tristeza que tomaram conta de homens e mulheres imigrantes que vieram trabalhar na ferrovia e que não conseguiram se adaptar a vida em Porto Velho, a ponto de desaparecerem na floresta e nos rios na tentativa de voltarem para a terra natal. 

Lenda 'Diabo do Papo de Esquina'

Uma das lendas mais "atuais" da capital rondoniense, é a da aparição de um demônio em uma casa de shows, na zona Sul de Porto Velho. Segundo os boatos, a história aconteceu em julho de 2011 e teve muita repercussão de portovelhenses que confirmavam ter testemunhado a aparição.

Através das redes sociais e, principalmente, no boca a boca, os relatos contam que no meio da noite, no auge da festa, um homem bem vestido com chapéu e terno brancos chamou uma moça para dançar. A noite estava muito quente, e durante a dança, o chapéu e as roupas do homem começaram a derreter, deixando amostra um par de chifres e um rabo.

Segundo a lenda, quando o homem percebeu que todos os presentes da festa viram quem ele realmente era, o indivíduo sobrenatural se escondeu no banheiro. O boato diz que o tal demônio teria desaparecido, deixando para trás somente as roupas e o chapéu.

Algumas pessoas ainda afirmam que a moça com quem o demônio dançou, desmaiou após ver os chifres e até foi levada ao Hospital João Paulo II, embora não exista nenhum registro oficial que comprove o fato.

*Estagiária do g1 Rondônia, sob supervisão de Ana Kézia Gomes e Thais Nauara.

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