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Política : CIRO AFIRMA
Enviado por alexandre em 03/03/2018 10:56:18


Lula está fora; aumenta minha responsabilidade

Em entrevista à rádio Padre Cícero, de Juazeiro do Norte (CE), o presidenciável Ciro Gomes, do PDT, voltou a decretar a inelegibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O Lula está fora da eleição e isso aumenta a minha responsabilidade. Na outra eleição, nós dividíamos o voto da esquerda. Sem ele, minha responsabilidade é muito maior", disse ele, um dia depois da entrevista do ex-presidente Lula, em que ele criticou o fato de o pedetista estar criticando, com frequência, o PT.

Ciro afirmou ainda ter certeza de que, no segundo turno, ele e o PT estarão juntos. "Tem muita gente no PT que faz intriga, mas minha relação com o Lula é muito antiga e, mesmo que o PT lance um candidato, nós vamos nos encontrar mais adiante".

O candidato também defendeu uma nova política industrial e citou o caso da cadeia de óleo e gás, em que o Brasil exporta petróleo bruto e importa derivados. "Isso não tem cabimento", afirmou. (Ceará 247)

Política : NOVIDADE!!!
Enviado por alexandre em 02/03/2018 18:35:55


Temer: Ninguém suporta superlotação nas penitenciárias

O presidente Michel Temer afirmou, hoje, durante evento em Sorocaba (SP), que “ninguém suporta mais a superlotação das penitenciárias”. Segundo o presidente, os estados têm R$ 1,2 bilhão para construir novas unidades prisionais.

“Destinei R$ 1,2 bilhão para os estados, para cada qual deles construir uma penitenciária. Que ninguém também suporta mais a superlotação das penitenciárias, que vive gerando conflitos, rebeliões”, afirmou Temer.

Temer voltou a falar de segurança pública em discurso após a entregada de ambulâncias para renovar a frota do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Ele já havia falado da necessidade de construir novas penitenciárias para enfrentar a superlotação das cadeias em evento nesta quinta-feira (1º), no Palácio do Planalto, quando anunciou financiamento de R$ 4,2 bilhões, pelos próximos cinco anos, para investimentos em segurança pública. Maior parte da verba será concedida por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

No encontro com os governadores, Temer fez um apelo para acelerar a construção de unidade prisionais, já que há recursos disponíveis. Em janeiro, o Ministério da Justiça informou que o governo federal repassou R$ 1,2 bilhão aos estados nos 12 meses anteriores, por meio do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen). No entanto, à época, a execução dos recursos era de 4% do total repassado.

Nesta sexta, Temer afirmou que o governo pode liberar "outras verbas" para compras de equipamentos, porém não informou os valores. “Além desse R$ 1,2 bilhão que nós estamos colocando [para construir penitenciárias], outras verbas poderão vir para equipamentos", disse.

Assim como fez diante dos governadores, Temer pediu aos prefeitos e vereados que auxiliem na mobilização em favor do combate à violência e à criminalidade.

O presidente voltou a destacar a criação do Ministério da Segurança Pública e intervenção federal na área de segurança no estado do Rio de Janeiro. Para Temer, o Rio serve de exemplo para o restante do país e, por isso, foi preciso intervir no estado.

"Se as coisas desandam lá no Rio de Janeiro, elas servem de mau exemplo para o país. E a segurança pública é algo que interessa ao país inteiro Brasil inteiro", afirmou.

Política : MORO DIRETO
Enviado por alexandre em 02/03/2018 18:33:30


“As pessoas têm ilusões sobre seus ídolos”, diz Moro

O Globo

O juiz Sérgio Moro defendeu, nesta sexta-feira, em um evento em Nova York, a apuração dos casos de corrupção da Lava-Jato. Sem citar diretamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que em uma entrevista na última quinta, ao jornal "Folha de S. Paulo", disse ter dúvidas se o juiz não agiu de forma deliberada contra o PT e a mando de interesses americanos -, Moro afirmou que as investigações estão revelando fatos inconvenientes de muitos políticos.

“As pessoas têm ilusões de seus ídolos, mas é hora de ver a verdade”, disse ele na abertura de um evento sobre corrupção na América Latina promovido pelo American Society/Council of the Americas.

“Ninguém está sendo investigado ou julgado por causa de opinião política, mas por lavagem de dinheiro, propina, atos criminosos”.

Questionado por jornalistas, Moro se recusou a comentar a entrevista de Lula. “Não respondo a entrevista de gente processada”, disse.

Ele também preferiu não falar sobre seu auxílio-moradia (que recebe apesar de ser proprietário de um apartamento em Curitiba) e também evitou opinar sobre a greve que sua categoria está planejando para 15 de março para manter o benefício.

Ele voltou a defender o fim do foro privilegiado e admitiu que o esforço contra corrupção corre riscos de retrocesso no Brasil, mas diz que não pode prever o futuro e que a sociedade segue apoiando as investigações. Ele afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) não deve acabar com a prisão após o julgamento em segunda instância, por acreditar que isso é uma forma de reduzir a impunidade.

“Como diz o ministro (Luis Roberto) Barroso, seria uma tragédia. Mas não acredito que o Supremo vá mudar o seu entendimento”, disse.

Ele afirmou que a parte da Lava-Jato sobre a corrupção na Petrobras está praticamente encerrada, mas que há novos desdobramentos em todo o país. Questionado se as investigações da Lava-Jato prejudicaram a economia no Brasil, Moro disse acreditar que foram outros fatores que levaram o país à recessão e afirmou que, no longo prazo, o combate à corrupção melhora o ambiente de negócios no país:

“Veja o que ocorreu com os Estados Unidos depois do Watergate, o país ficou melhor por respeitar as leis”, disse.

Moro ainda disse que é difícil avaliar o impacto de longo prazo destas grandes ações contra-corrupção. Questionado sobre como vê a situação da Itália hoje, décadas após a "Operação Mãos Limpas", o juiz de Curitiba disse acreditar em avanços, apesar da percepção de que ainda há muita corrupção no país europeu. “Pode ser que a situação da Itália estivesse muito pior sem a Operação Mãos Limpas”.

Enquanto Moro discursava, grupos ligados aos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff protestaram do lado de fora da instituição. O evento continua na manhã desta sexta-feira e terá a participação do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Política : LULA DIZ
Enviado por alexandre em 01/03/2018 08:11:25



Lula: “Não vou me matar nem fugir do Brasil”


Em uma longa entrevista à Folha de S.Paulo, o ex-presidente Lula demonstrou tranquilidade e afirmou que a pressão está do lado de quem o acusa sem provas; líder absoluto em todos os cenários de intenção de voto para 2018, o petista avisou: não vai se matar e nem fugir do Brasil; "E vou ficar aqui. Aqui eu nasci, aqui é o meu lugar. Eu não tenho medo de nada. Só de trair o povo desse país. É por isso que eu estou aqui, fazendo a minha guerra"; o ex-presidente voltou a destacar a parcialidade do Ministério Público, do TRF-4 e do juiz Sérgio Moro; o petista também criticou a postura de Ciro Gomes e os seguidos ataques que o pré-candidato tem feito a ele e ao PT

Portal BR 247

O ex-presidente Lula concedeu uma longa entrevista à Folha de S.Paulo em que voltou a reafirmar sua tranquilidade diante da certeza de sua inocência e da ausência de provas que o incriminem.

"Sabe por que não tenho medo? Porque eu tenho a consciência tão tranquila. Sabe do que eu tenho medo de verdade? É se esses caras pudessem mostrar à minha bisneta que fez um ano no domingo que o bisavô dela roubou um real. Isso realmente me mataria", disse o petista.

Lula rejeitou a comparação do atual momento com o período que antecedeu o suicídio de Getúlio Vargas.

"Até porque não vou me matar. Eu gosto da vida pra cacete. E quero viver muito. Tô achando que eu sou o cara que nasceu para viver 120 anos. Dizem que ele já nasceu, quem sabe seja eu?

Tô me preparando. Levanto todos os dias às 5h da manhã, faço duas horas e meia de ginastica, tomo whey [complexo de proteínas] todo dia para ficar bem forte. E vou levando a vida assim. Eu não tenho essa perspectiva nem de me matar nem de fugir do Brasil. E vou ficar aqui. Aqui eu nasci, aqui é o meu lugar. Eu não tenho medo de nada. Só de trair o povo desse país. É por isso que eu estou aqui, fazendo a minha guerra", disse.

Líder absoluto nas pesquisas, Lula aproveitou para falar como sua candidatura incomoda. Tanto à esquerda quanto à direita. O petista rebateu a declaração de Ciro Gomes de que "ninguém acredita que ele seja candidato".

"Se eu não acreditasse na possibilidade de a Justiça rever o crime cometido contra mim pelo [juiz Sergio] Moro, [que o condenou à prisão] e pelo TRF-4 [Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que confirmou a sentença], eu não precisaria fazer política.

(...)

Não acho que ninguém acredita na possibilidade de eu ser candidato. Era mais fácil o Ciro dizer “tem gente que não quer que Lula seja candidato”. E ele quem sabe se inclui nisso.

Só tem unanimidade hoje no meio político: as pessoas não querem que o Lula seja candidato. O Temer não quer, o Alckmin não quer, o Ciro não quer. Eles pensam: “ele [Lula] vai para o segundo turno e pode até ganhar no primeiro. Se ele não for candidato, em vez de uma vaga no segundo turno, podemos disputar duas”. Aumenta a chance de todo mundo."


'Não vou me matar nem fugir do Brasil. Vou brigar até o fim', diz Lula
Ex-presidente diz à Folha que está preparado para ser preso, mas acredita que será inocentado




Mônica Bergamo
São Paulo

O ex-presidente Lula recebeu a Folha em sua sala no Instituto Lula, na terça-feira (27), para uma rara entrevista exclusiva.

Com a Justiça prestes a decidir se ele vai ou não preso por causa da condenação no processo do tríplex, o ex-presidente afirma que é “um homem muito tranquilo, que sabe o que está sendo traçado para ele”.

Ainda assim, Lula rechaça abrir qualquer discussão sobre uma candidatura alternativa à dele no PT. “Se eu fizer isso, minha filha, eu tô dando o fato como consumado.”
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Entrevista com Lula
Minha Folha

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Antes de começar a entrevista, o petista passou os olhos por um sumário que a assessoria havia feito para ele sobre a entrevistadora.

“Busca esta entrevista faz anos, cercando amigos e conhecidos do presidente para isso. Ela tentará: interromper, questionar o discurso, apontar contradições, tentar que assuma erros e investir muito em plano B”, dizia o resumo.

Com o gravador já ligado, Lula disse: “A senhora pode perguntar tudo o que vossa excelência quer perguntar. Tá? Não tem pergunta sem resposta. A não ser que eu não saiba. Se eu não souber eu vou dizer ‘não sei’ e você vai perguntar para um candidato que sabe”.

A seguir, um resumo da conversa.

Folha - O ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE) fala em voz alta o que muita gente murmura e pensa: ninguém no Brasil acredita que o senhor poderá ser candidato a presidente. Quando chegará a hora de discutir o lançamento ou o apoio a um outro nome?

Lula - Se eu não acreditasse na possibilidade de a Justiça rever o crime cometido contra mim pelo [juiz Sergio] Moro, [que o condenou à prisão] e pelo TRF-4 [Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que confirmou a sentença], eu não precisaria fazer política.

Quem sabe eu virasse um moleque de 16 anos e fosse dizer que só tem solução na luta armada. Não. Eu acredito na democracia, eu acredito na Justiça. E acredito que essas pessoas [Moro e desembargadores] mereciam ser exoneradas a bem do serviço público.

Porque houve mentira na denúncia [feita pela] imprensa [que revelou a existência do tríplex], no inquérito da Polícia Federal, na acusação do Ministério Público Federal, na sentença do Moro e na confirmação do TRF-4.

Então o que eu espero? Que o Supremo Tribunal Federal [que deve julgar habeas corpus em que Lula pede para não ser preso] analise o processo, veja os depoimentos, as provas e tome uma decisão. Por isso tenho a crença de que vou ser candidato.

O STF não entrará no mérito da sentença. E não haveria nem tempo, caso isso ocorresse, para garantir a candidatura.

Eu vou dizer uma coisa: eu só posso confiar no julgamento se ele entrar no mérito.

A Justiça não é uma coisa que você dá 24 horas, 24 dias ou 24 meses. Ela tem o tempo necessário para fazer a investigação correta e punir quem está errado. E quem deveria ser punido era o Moro, o MPF, a PF e os três juízes que fizeram a sentença lá.

A segunda questão: não acho que ninguém acredita na possibilidade de eu ser candidato. Era mais fácil o Ciro dizer “tem gente que não quer que Lula seja candidato”. E ele quem sabe se inclui nisso.

Só tem unanimidade hoje no meio político: as pessoas não querem que o Lula seja candidato. O Temer não quer, o Alckmin não quer, o Ciro não quer. Eles pensam: “ele [Lula] vai para o segundo turno e pode até ganhar no primeiro. Se ele não for candidato, em vez de uma vaga no segundo turno, podemos disputar duas”. Aumenta a chance de todo mundo.

Eu respeito que todo mundo seja candidato. Até o Temer resolveu ser! Qual é a aposta dele? É a de defender os seus três anos de mandato.

E é importante ter em conta que o Temer teve uma vitória quando derrubou o golpe que a TV Globo, o [ex-procurador-geral Rodrigo] Janot e o [empresário] Joesley [Batista] tentaram dar nele.

Aquele golpe tinha como pressuposto básico o Temer cair, o Rodrigo Maia [presidente da Câmara dos Deputados] assumir a presidência e o Janot ter um terceiro mandato [na PGR].

O senhor acha que a Globo tentou dar um golpe?

Acho. Eu acho.

E por que isso ocorreria?

Porque era importante manter o Janot. Era importante tirar o Temer. E era importante colocar o Rodrigo Maia. Isso para mim tá claro.

Mas por que Rodrigo Maia se o Temer tem uma plataforma...

[Interrompendo] O Temer se prestou a fazer o serviço do golpe. Mas não era uma figura palatável, e houve uma tentativa de golpe. Senão, me explica o que aconteceu.

Não pode ser jornalismo simplesmente?

Jornalismo de quem?

Da Rede Globo.

Você acha que na Globo [que publicou a primeira reportagem sobre a delação da J&F] alguém faz jornalismo livre? O jornalista decide e faz uma denúncia como aquela que foi feita contra o Temer?
No mesmo dia já tinha jornalista apostando na renúncia do Temer. E já tava se discutindo quem ia assumir e o que ia acontecer.

Ora, o Temer resolveu enfrentar. Teve a coragem de desmascarar o Janot, o Joesley e ficou presidente. E ainda ganhou duas paradas no Congresso Nacional [para impedir que o processo contra ele no STF seguisse], não se sabe a que preço. A imprensa dizia que R$ 30 bilhões foram gastos, não sei quantos bilhões. Mas ganhou.

E o senhor o admira por isso?

Não. Eu continuo pensando o mesmo do Temer. Eu estou contando o fato. E o fato histórico não tem sentimentalismo. Tem uma fotografia.

O senhor hoje faz críticas à TV Globo mas, no governo, teve uma boa relação com a emissora.

Para não ser ingrato com os outros meios, eu vou olhar bem nos seus olhos e dizer: duvido que em algum momento da história desse país um presidente tenha tratado os meios de comunicação com a deferência e a “republicanidade” que eu tratei.

Eu tinha uma relação maravilhosa com o velho [Octavio] Frias [de Oliveira, publisher da Folha morto em 2007]. Eu tratei bem o Estadão. Eu tratei bem o Jornal do Brasil, a Globo, a Bandeirantes, o SBT, a Record. Você há de convir que tenho comportamento exemplar no meu tratamento com a imprensa brasileira.
Mas acho que eles não são honestos na cobertura.

A Folha, mesmo nos bons tempos, nos anos 70, 75, quando começou a ser um jornal mais progressista, quando o pessoal de esquerda começou a ler, mesmo assim a gente sentia [no jornal] uma espécie de ojeriza de falar bem de uma coisa boa.

É uma necessidade maluca de não parecer chapa branca. Ah, se fez uma matéria boa hoje, amanhã tem que fazer outra dando um cacete.

O senhor fala “eles não me aceitam”. Quem são eles?

Ah, não sei. São eles. Eu não vou ficar nominando.

Nesse sistema em que “eles” mandariam, o senhor foi eleito, reeleito, fez uma sucessora e a reelegeu. Tinha uma convivência boa com construtoras e bancos. Como dizer que a elite é contra o senhor?

Eu não tive uma relação boa só com esse setor que você falou. Eu tive uma relação boa com todos os segmentos sociais desse país.

Eu tenho orgulho de dizer que o meu governo foi o período em que os empresários mais ganharam dinheiro, os trabalhadores mais ganharam aumento de salário, em que geramos mais empregos, em que houve menos ocupação no campo, na cidade, e menos greve. Eu trago comigo essa honraria de saber conviver com a sociedade brasileira.

E de repente eu vejo o tal do mercado assustado com o Lula. E eu fico pensando, quem é esse mercado?
Não pode ser os donos do Itaú. Não pode ser os donos do Bradesco, do Santander.

Uma coisa são os donos do banco. Outra coisa é um bando de yuppies, jovens bem aquinhoados que vivem ganhando dinheiro através de bônus, de não sei das quantas, para vender papel sem vender um produto.

Essa gente esteve no FMI durante a crise na América do Sul. Falaram o tempo todo mal dos países pobres. Quando a crise foi nos EUA parece que fizeram cirurgia de amígdalas e não falavam nunca. Eles sabem que, se eu voltar, o FMI não dará palpite na nossa economia.

Então, querida, quando eu digo eles...

...fica parecendo as famosas “forças ocultas” do ex-presidente Jânio Quadros [quando se referia a quem o tinha levado a renunciar, em 1961].

Quando eu falo “eles” e “nós”, é porque você tem lado na política brasileira. Quando ganhei as eleições, fiz questão de conquistar muita gente. Criei o Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social [com representantes de empresários, trabalhadores e setores sociais]. Tinha gente que achava que eu queria criar uma fissura na relação entre Senado e Câmara com a sociedade. Eu falei “não, eu quero é estabelecer uma política de convivência verdadeira com a sociedade”.

Empreiteiras fizeram uma reforma no sítio de Atibaia porque o senhor o frequentava. Independentemente de a Justiça concluir se houve ou não crime, não foi no mínimo indevido, uma relação promíscua entre um político e uma empreiteira?

Não. Esse é um outro tipo de processo. Não é o processo do qual estou sendo vítima.

É uma pergunta que estou fazendo ao senhor.

Essa pergunta eu espero que seja feita em juízo, pelo Moro. Porque primeiro disseram que o sítio era meu. Aí descobriram que ele tem dono. Então mudaram [para dizer que] me fizeram favor. Se fizeram, não me pediram. Eu fiquei sabendo desse sítio no dia 15 de janeiro de 2011.

Por que empreiteiras tinham que bancar a manutenção do acervo formado na presidência, por que tinham que reformar o sítio? Essa relação não passou do ponto?

Quando eu for prestar depoimento, eu espero que essas sejam as perguntas que eles me façam.

Mas eu estou fazendo agora.

Não, você não é juíza. Eu vou esperar o juiz. Porque se eu responder para você, o Moro vai fazer outras. Aí, quer discutir a questão da ética, vamos discutir. É um outro processo.

Eu quero saber onde eles vão chegar. Eu quero saber o limite da mentira.

Segundo uma pesquisa do Datafolha, 83% acham que o senhor sabia que tinha corrupção no governo. Era possível não saber?

É possível não saber até hoje. Você tem filho? Sabe o que ele está esta fazendo agora? Quando você esta na cozinha e ele no quarto, você sabe?

Outro dia vi o caso de venda de sentenças em gabinetes de juízes. E eles foram inocentados porque não eram obrigados a saber o que estavam fazendo do lado de sua sala. Deixa eu te falar uma coisa: ninguém é colocado no governo pra roubar. Ninguém traz na testa “eu sou ladrão”. Há um critério rigoroso de escolha [de diretores de estatais].

Muita gente pensa que eu sou contra a Operação Lava Jato. Eu tenho orgulho de pertencer a um partido e a um governo que criou os mecanismos mais eficientes de combate à lavagem de dinheiro e à corrupção nesse país.

Não foi ninguém de direita, não. Fomos nós.

O senhor manteria hoje o sistema de indicação dos procuradores-gerais, sempre os mais votado pela categoria?

Esse critério é herança minha do movimento sindical. Eu achava que era o mais acertado. Hoje eu analisaria o histórico da pessoa.

Veja, o que ocorreu com a Lava Jato? Ela virou refém da imprensa e vice-versa.

E hoje eu estou convencido de que os americanos estão por trás de tudo o que está acontecendo na Petrobras. Porque interessa para eles o fim da lei que regula o petróleo, o fim da lei que regula a partilha. O Brasil descobriu a maior reserva de petróleo do mundo do século 21. E não se sabe se tem outra.
Não sei se você já tem uma compreensão sociológica de junho de 2013 [mês de grandes manifestações no país].

O Brasil virou protagonista demais. E ali eu acho que começava o processo de tentar dar um jeito no Brasil.

Como diria meu amigo [e ex-chanceler] Celso Amorim, eu não acredito muito em conspiração. Mas também não desacredito.

O senhor faz uma conexão entre tudo isso e o que acontece com o senhor agora?

Faço. E se estiver errado, vou viver para pedir desculpas.

Mas o senhor acha, por exemplo, que os procuradores da Lava Jato vão aos EUA e se reúnem com um mentor?

Eu acho. Agora mesmo o Moro está lá [no exterior] para receber um prêmio dessa Câmara de Comércio Brasil-EUA. Ele foi lá para ficar 14 dias. Eu já recebi prêmios. Você vai num dia e volta no mesmo dia.
Ô, querida, não me peça provas de uma coisa que eu não tenho. Eu estou apenas insinuando que pode ser, tal é a proximidade do Ministério Público com a Secretaria de Justiça dos EUA.

O senhor já deu muitas voltas por cima na vida. Enxerga agora um caminho de saída, depois de duas condenações?

É muito simplista essa pergunta. Você deveria estar perguntando é se eles vão conseguir juntar uma prova de cinco centavos contra mim. Esse é o dilema.

Mas, presidente, eles já condenaram o senhor.

Eu não tenho que encontrar saída. O que vocês da imprensa têm que pedir são provas. Vocês não podem retratar “ipsis litteris” [como está escrito] a mentira da Polícia Federal.

Essa gente está me acusando há cinco anos. Essa gente não sabe o mal que causou à minha família. Eu tenho todos os meus filhos desempregados. Todos. E ninguém consegue arrumar emprego.

Essa gente já foi na minha casa. Ficaram três horas, levantaram o colchão da minha cama, revistaram tudo e não encontraram nada.

Poderiam ter chamado a imprensa e falado “queríamos pedir desculpas”. Eles saíram com o rabinho no meio das pernas e não falaram nada.

Quando o Moro leva um Pedro Corrêa [ex-deputado do PP] para prestar depoimento contra mim, se ele entendesse um milímetro de política, ele não deixaria o Pedro Corrêa entrar naquele salão.

E o Palocci?

É uma pena. A história dele se esvaiu com isso. O Palocci demonstrou gostar de dinheiro. Quem faz delação quer ficar com uma parte daquilo de que se apoderou. Não vejo outra explicação.

Ou quer a liberdade.

Se fosse só por liberdade o [ex-tesoureiro do PT João] Vaccari não tinha feito a carta que fez nesta semana [inocentando Lula no caso do tríplex]. Porque é o cara que está preso há mais tempo. E está demonstrando que caráter e dignidade não são compráveis.

Deixa eu te falar: você está lidando com um homem muito tranquilo, que sabe o que está sendo traçado para ele. Desde o impeachment eu dizia: eles não vão tirar a Dilma e dois anos depois deixar o Lula voltar gloriosamente nos braços do povo. Era preciso impedir o Lula.

E isso está perto de ocorrer.

Vamos aguardar, querida. Se eu acreditar que o jogo está definido, o que eu estou fazendo nesse país? Eu quero saber o seguinte: eu, proibido de ser candidato, na rua fazendo campanha, como eles vão ficar? Eles estão me transformando numa vítima desnecessária.

O senhor diz que sabe o que está sendo traçado. Mesmo assim, não abre brecha para a discussão de uma outra candidatura?

Não abro. Não abro. Se eu fizer isso, minha filha, eu tô dando o fato como consumado. Eu vou brigar até ganhar. E só vou aventar a possibilidade de outra candidatura quando for confirmado definitivamente que não sou candidato.

Algumas correntes do PT já pensam em uma outra candidatura e alguns defendem o boicote das eleições.

Quando chegar o momento certo, o PT pode discutir todas as alternativas. Eu sou contra boicotar as eleições.

O ex-prefeito Fernando Haddad já falou que, mesmo sendo o maior partido, o PT não terá mais a hegemonia da esquerda.

Eu sou contra a tese da hegemonização. Em algum momento pode ter candidato de outro partido e o PT apoiar. Se o Eduardo Campos tivesse aceitado a proposta que eu fiz para ele e para a Renata em Bogotá, em julho de 2011, de ele ser o vice da Dilma [em 2014] e ser nosso candidato em 2018, a gente agora estaria gostosamente discutindo a campanha dele à Presidência da República. E não a minha.

O PT poderia apoiar Ciro Gomes? Ele tem feito críticas ao senhor e ao partido.

Eu não ando vendo o que o Ciro tá falando porque ele anda falando demais.

O Ciro ou vai para a direita ou não pode brigar com o PT.

Eu fico fascinado de ver como uma pessoa inteligente como o Ciro fala tão mal do PT. Não consigo entender.

Vamos ser francos: pela direita, ninguém será presidente sem o apoio dos tucanos. Pela esquerda, ninguém será presidente sem o PT.

Quem o senhor acha que tem chance de chegar ao segundo turno na eleição presidencial?

Eu, se entendo um pouco de política, vou dizer uma coisa: a disputa deverá ser outra vez entre tucanos e PT.

O senhor pode ser preso em breve, caso não obtenha um habeas corpus nos tribunais superiores. Não tem medo?

Sabe por que não tenho medo? Porque eu tenho a consciência tão tranquila. Sabe do que eu tenho medo de verdade? É se esses caras pudessem mostrar à minha bisneta que fez um ano no domingo que o bisavô dela roubou um real. Isso realmente me mataria.

O senhor está preparado?

Eu estou preparado. Estou tranquilo. E tenho certeza de que vou ser absolvido e de que não vou ser preso.

Há quem defenda que o senhor faça uma greve de fome caso vá para a prisão.

Eu já fiz greve de fome. Eu sou contra, do ponto de vista religioso. Eu não acho correto você judiar do próprio corpo. Quando eu fiz greve de fome [em 1980], dom Claudio Hummes foi à cadeia pedir para pararmos a greve.

O senhor já afirmou que se 10% dos que foram às ruas quando o presidente Getúlio Vargas morreu tivessem ido antes ele não teria se suicidado. O senhor teme que isso ocorra com o senhor? Eu não digo morte, mas...

Até porque não vou me matar. Eu gosto da vida pra cacete. E quero viver muito. Tô achando que eu sou o cara que nasceu para viver 120 anos. Dizem que ele já nasceu, quem sabe seja eu?

Tô me preparando. Levanto todos os dias às 5h da manhã, faço duas horas e meia de ginastica, tomo whey [complexo de proteínas] todo dia para ficar bem forte. E vou levando a vida assim. Eu não tenho essa perspectiva nem de me matar nem de fugir do Brasil. E vou ficar aqui. Aqui eu nasci, aqui é o meu lugar. Eu não tenho medo de nada. Só de trair o povo desse país. É por isso que eu estou aqui, fazendo a minha guerra.

E o povo na rua?

Você não leva o povo na rua para qualquer coisa. Mas também não duvidem do povo na rua porque ele pode vir.

Mas o senhor não esperava que ele já viesse, no seu caso?

Ele nunca foi chamado! Eu sou um homem tão civilizado, acredito tanto nas instituições que estou apostando nelas. Eu ando no Brasil, mas eu não ando chamando o povo numa pregação contra ninguém. Eu ando chamando o povo para ele acreditar que é possível esse país ser diferente.

Eu não imaginei viver esse período. Eu me lembro do [ex-presidente da França Nicolas] Sarkozy querendo discutir a minha ida para a secretaria-geral da ONU. Eu lembro dele conversando com o [ex-primeiro-ministro espanhol] José Luís Zapatero, em 2008, e eu falava “para com isso, você não pode politizar a ONU, colocar um ex-presidente lá”.

O senhor imaginava outra coisa para a sua vida nessa fase.

Eu imaginei tranquilidade, querida. Eu imaginei viver meu fim de vida com a dona Marisa, cuidar dos filhos que eu não tive tempo de cuidar e viver. Não me deixaram ou não estão me deixando. Eu poderia abaixar a cabeça e ficar pedindo favor, ajuda. Não vou, querida. Não vou porque estou certo.

A minha educação é a de uma mulher [a mãe, dona Lindu] que viveu e morreu analfabeta. E ela dizia “não baixe a cabeça nunca a ninguém. Nunca roube uma laranja mas não baixe a cabeça”. E é isso o que vai me fazer seguir em frente.

Estante da sala do ex-presidente Lula, no Instituto Lula - Marlene Bergamo/Folhapress

A ESTANTE DE LULA
Alguns livros que o ex-presidente guarda

Frei Betto: Biografia
Américo Freire e Evanize Sydow
A história do fundador da CUT, amigo e ex-assessor especial do petista

Direito Penal
Juarez Cirino
Obra do criminalista que, ao defender o ex-presidente no caso tríplex, discutiu com o juiz Sergio Moro

O Brasil que Queremos
Org. Emir Sader
Coletânea de textos organizada por sociólogo de esquerda, com apresentação do próprio Lula

Tempos Muito Estranhos
Doris Kearns Goodwin
Relato dos anos de governo do democrata Franklin Roosevelt (1933-1945) nos EUA

Um País Sem Excelências e Mordomias
Claudia Wallin
Livro sobre os políticos e o sistema político na Suécia

Política : INVESTIGADO
Enviado por alexandre em 28/02/2018 08:22:56


Dodge quer Temer investigado sobre jantar no Jaburu

PGR quer presidente no rol de investigados de inquérito sobre repasses da Odebrecht ao MDB

Reynaldo Turollo Jr – Folha de S.Paulo

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu nesta terça (27) ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin que inclua o presidente Michel Temer no rol de investigados de um inquérito aberto no ano passado para apurar repasses da Odebrecht ao MDB em 2014. O caso se refere a um jantar no Palácio do Jaburu em maio daquele ano em que teria sido acertado o repasse ilícito de R$ 10 milhões.

Hoje são alvos desse inquérito os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), ambos do MDB. Na época de abertura da investigação, o então procurador-geral, Rodrigo Janot, entendeu que a Constituição proibia investigar o presidente por supostos crimes anteriores ao mandato.

Na petição a Fachin, Dodge disse discordar desse entendimento. Para ela, o presidente da República só “não poderá sofrer responsabilização em ação penal enquanto durar seu mandato”, mas pode ser investigado.

“Considero necessário tratar da ampliação do rol de investigados neste inquérito para incluir o senhor presidente da República Michel Temer, por considerar que a apuração dos fatos em relação ao presidente da República não afronta” a Constituição, escreveu Dodge.

A procuradora-geral destaca que é preciso fazer uma investigação o máximo possível próxima dos fatos, para evitar que testemunhas se esqueçam de detalhes, registros e filmagens sejam descartados.

“Os fatos narrados pelos colaboradores e os elementos de corroboração que trouxeram reclamam investigação imediata”, afirmou.

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