Ex-ministro disse jamais ter questionado eleições e que os crimes imputados a ele são "coisas inimagináveis"
O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça Anderson Torres comparou sua prisão a um “tiro de canhão” no peito. A declaração foi dada por ele durante a audiência de custódia pela qual passou no dia 14 de janeiro após ser detido no Aeroporto de Brasília ao retornar dos Estados Unidos, onde estava com a família.
– A audiência de custódia não é o local de falar nada sobre isso, mas quero dizer que não tenho nada a ver com os fatos. Isso [a prisão] foi um tiro de canhão no meu peito – disse Torres.
Em outro momento da audiência, Torres desabafou e disse que os crimes que são imputados a ele são “coisas inimagináveis” e que o momento “é muito difícil”.
– Estou num momento em que eu, realmente, vendo ali os tipos penais que estão sendo imputados a mim, são coisas inimagináveis para uma pessoa como eu, então é muito difícil (…). Desculpe o desabafo, mas sendo acusado de terrorismo, golpe de Estado?! Pelo amor de Deus, o que está acontecendo? – indagou.
O ex-ministro também disse que nunca questionou o resultado das eleições e ressaltou que a pasta que era dirigida por ele foi, inclusive, a primeira a entregar os relatórios de transição.
– O Ministério de Justiça e Segurança Pública foi o primeiro ministério a entregar os relatórios da transição. Eu jamais questionei resultado de eleição, não tem uma manifestação minha nesse sentido, eu fui o primeiro ministro a entregar os relatórios – concluiu.
A prisão preventiva de Torres foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 10 de janeiro, dois dias após os atos em Brasília. Na ocasião, quando também ordenou a prisão do ex-comandante da PM do Distrito Federal Fábio Augusto Vieira, o magistrado alegou que o comportamento dos dois colocava em risco a segurança de autoridades.
Moraes marca novo depoimento de Anderson Torres para o dia 2
Ministro acatou pedido feito pela defesa de Torres
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal (PF) realize a oitiva do ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PL) e ex-secretário de segurança pública do Distrito Federal, Anderson Torres, em 2 de fevereiro, às 10h30.
Moraes acatou pedido feito pela defesa de Torres, que solicitou acesso aos inquéritos 4879 (que apura atos antidemocráticos) e 4781 e 4874 (que investiga milícias digitais), como condição para prestar depoimento.
Uma primeira tentativa foi feita na última quarta-feira (18), quando o ex-ministro ficou em silêncio. A defesa então solicitou a remarcação para esta segunda-feira (23), às 10h30, mas o procedimento não foi realizado porque Moraes ainda não havia concedido acesso aos autos.
Como os inquéritos 4781 e 4879 são sigilosos, o acesso deverá ser agendado previamente e será fornecido por meio de cópia digitalizada, com marca d’água identificando o destinatário, que deverá manter o sigilo. No despacho, Moraes destacou que o inquérito 4874, por sua vez, já é público.
Para Mary O'Grady, Supremo brasileiro "está amordaçando seus críticos" sem o devido processo
A colunista Mary Anastasia O’Grady, do jornal norte-americano The Wall Street Journal, defendeu em artigo publicado neste domingo (22) que o Supremo Tribunal Federal (STF) representa uma ameaça ainda maior à democracia que a invasão às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro. No texto, a jornalista versa sobre seu receio com a “repressão do Brasil à liberdade de expressão”.
De acordo com ela, o mundo parece não perceber o “perigo iminente à liberdade que agora espreita no Brasil: uma Suprema Corte que está amordaçando seus críticos, congelando seus bens e até mesmo prendendo alguns, tudo sem o devido processo”.
O’Grady reconhece que os eventos de 8 de Janeiro “merecem condenação inequívoca” e que “levar os responsáveis pela destruição de propriedade do governo à Justiça é uma responsabilidade fundamental do Estado”. Entretanto, enxerga “moralização seletiva” no caso.
– A afirmação de que o motim de Brasília é fruto do dia 6 de janeiro de 2021 [data da invasão ao Capitólio, nos EUA] cheira a moralização seletiva. Quando a extrema esquerda vandalizou a Colômbia por meses em 2021, não me lembro dos militantes de Washington, D.C. culpando-a pelos tumultos do verão de 2020 ligados ao Black Lives Matter nos EUA – escreveu.
Ela finaliza sua avaliação citando casos de autoritarismo no judiciário em outros países:
– A Venezuela era uma democracia no início dos anos 2000, quando o homem forte Hugo Chávez assumiu o controle do judiciário, eliminando os direitos das minorias e as proteções legais. Jimmy Carter aplaudiu o chavismo. Tiranos na Bolívia e na Nicarágua copiaram o manual político de Chávez. Hoje, a separação de poderes necessária para a sobrevivência da democracia é incerta em muitos países da região, incluindo Colômbia, Honduras, El Salvador e México – concluiu.
Plano do casal incluía que ela se suicidasse depois
A mulher que matou o marido a tiros neste sábado (21) em um hospital de Daytona Beach, na Flórida, onde ele estava internado em estado terminal, disse à polícia que agiu para atender um pedido dele e que o plano incluía ela tirar a própria vida, segundo informou a imprensa local neste domingo (22).
A polícia identificou a mulher como Ellen Gilland, de 76 anos, e o marido como Jerry Gilland, de 77.
– Como ele estava em estado terminal, eles conversaram e planejaram o que fazer cerca de três semanas atrás – disse o chefe da polícia de Daytona Beach, Jakari Young, segundo emissoras de televisão dessa cidade localizada na costa leste da Flórida.
Ellen Gilland foi presa assim que deixou o quarto do marido no Hospital AdventHealth, onde se entrincheirou após baleá-lo e do qual não saiu por cerca de três horas, de acordo com a polícia.
Young disse que a mulher foi presa por homicídio, mas será o Ministério Público quem ficará a cargo de denunciá-la.
De acordo com um comunicado da polícia divulgado no sábado, oficiais de negociação foram enviados ao hospital quando a morte de Jerry Gilland foi confirmada para persuadir a mulher armada a sair do quarto e se entregar.
Na ocasião, a polícia pediu às pessoas que não se aproximassem do local e a área do Hospital AdventHealth foi evacuada para proteger funcionários e pacientes.
Segundo Young, naquela área para doentes terminais, localizada no 11º andar do hospital, a maioria dos pacientes está ligada a respiradores, o que dificultou muito a evacuação.
Segundo o Channel 9 de Daytona Beach, ainda não se sabe como Ellen Gilland conseguiu escapar dos controles do hospital e entrar com uma arma no centro médico.
Ministro se reuniu, junto com Lula, com os comandantes das Forças Armadas
O ministro da Defesa, José Múcio, declarou que os comandantes das Forças Armadas concordaram em abrir processos para apurar e punir casos de militares que tiveram envolvimento nos atos do dia 8 de janeiro. A declaração ocorreu após a reunião desta sexta-feira (20) entre o ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os comandantes.
– Os militares estão cientes e concordam que vamos tomar essas providências. Evidentemente, no calor da emoção a gente precisa ter cuidado para que acusações e penas sejam justas. Tudo será providenciado em seu tempo – declarou.
Múcio disse ainda que, com a reunião de trabalho realizada nesta sexta, Lula buscava recuperar a confiança nas Forças Armadas. O encontro entre Lula e os comandantes ocorreu uma semana depois de o presidente dizer que “perdeu a confiança” em militares da ativa.
– Ele [Lula] tem consciência, e as Forças Armadas também, da atenção que deu às Forças Armadas. E quis renovar essa confiança. Evidentemente não poderíamos ficar nessa agenda última, temos que pensar para a frente, pacificar esse país e governar – destacou Múcio.
O ministro ainda disse acreditar que não houve envolvimento direto das Forças Armadas nos atos realizados no dia 8 de janeiro na capital federal, mas destacou que, se a participação de algum militar individualmente for comprovada, a pessoa responderá como cidadão.
– Eu entendo que não houve envolvimento direto das Forças Armadas Agora, se algum elemento individualmente teve participação, ele vai responder como cidadão – completou.