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Regionais : MAE É ACUSADA DE ESPANCAR FILHO DE 4 ANOS ATÉ A MORTE JUNTAMENTE COM A NAMORADA
Enviado por alexandre em 25/04/2024 00:35:43

A mãe Lasmara Freire e a namorada Maria dos Santos foram presas após ser confirmado o óbito do menino

A mulher identificada como Lismara Freire da Silva, 33, e sua namorada, Maria dos Santos, 31, foram presas nesta quarta-feira, 24, acusadas de espancar até a morte o menino Isaque Emanuel, de 4 anos de idade.

 

O menino era filho único de Lasmara que chegou a levar a criança juntamente com a namorada, para a Unidade de Pronto Atendimento do bairro da Cidade Nova, Zona Norte, onde ele deu entrada com vários hematomas pelo corpo.


O óbito do pequeno Isaque Emanuel foi constatado pela equipe médica, a Polícia Militar foi chamada à UPA e as duas mulheres receberam voz de prisão e foram conduzidas à Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca).

 

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Lasmara era a mãe do menino Isaque Emanuel 

 

Maria dos Santos tambékm foi presa como suspeita (Fotos: Divulgação)


O espancamento brutal que a criança sofreu, de acordo com informações preliminares ocorreu dentro da própria casa onde era criado pela mãe Lasmara e a sua companheira Maria dos Santos, no na Comunidade Nossa Senhora de Fátima.


O corpo do menino foi levado para exame de necrópsia que vai identificar a causa da morte através do laudo pericial e as duas mulheres, suspeitas de matar o menino Isaque Emanuel, continuam presas na Depca.

 


 

O crime abalou todos os moradores na Comunidade Nossa Senhora de Fátima, no bairro da Cidade Nova, principalmente porque a própria mãe é uma das principais suspeitas pelo espancamento que resultou na morte do menino.

 

VEJA VÍDEO: 
  https://portaldozacarias.com.br/site/noticia/mae-e-acusada-de-espancar-filho-de-4-anos-ate-a-morte-juntamente-com-a-namorada-na-comunidade-nossa-senhora-de-fatima--zona-norte-de-manaus--veja-video/

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Regionais : Além da Amazônia: açaí ganha primeiro Zoneamento Agrícola de Risco Climático
Enviado por alexandre em 25/04/2024 00:32:17

O zoneamento permite quantificar os riscos relacionados a problemas climáticos e identificar as melhores regiões e épocas para a produção.


O cultivo do açaizeiro, da espécie Euterpe oleracea, cultura de origem amazônica, dispõe agora de zoneamento que orienta a sua expansão para outras regiões do País. O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura do açaí em sistema de produção irrigado foi publicado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Se trata do primeiro zoneamento para o açaí e considera riscos climáticos de 20%, 30% e 40%. Na maior parte do Brasil, o Zarc aponta risco de 20% para o plantio irrigado de açaí e mostra que a totalidade das regiões Norte e Nordeste, maior parte do Centro-Oeste e uma pequena parte do Sudeste (norte de Minas Gerais e Espírito Santo) apresentam condições de temperatura, umidade, ocorrência de chuvas e tipos de solo que permitem o cultivo da palmeira amazônica em sistema irrigado.

"O zoneamento tem o objetivo de quantificar os riscos relacionados aos problemas climáticos e permite ao produtor identificar as melhores regiões para produção e as épocas para plantio das mudas, levando em conta o clima, a cultura e os diferentes tipos de solos", 

explica o meteorologista Alailson Santiago, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.
Foto: Ronaldo Rosa

O modelo agrometeorológico utilizado no estudo considera diversos elementos climáticos. "Analisamos elementos que influenciam diretamente no desenvolvimento da produção agrícola, como a temperatura, a ocorrência de chuvas, umidade relativa do ar, água disponível nos solos, necessidade hídrica da cultura e parâmetros geográficos, como altitude, latitude e longitude", relata Santiago.

As características de solo e clima de todas as regiões do País foram analisadas para cada fase de desenvolvimento da planta, desde o plantio até a colheita. "Verificamos a necessidade de água e o tipo de solo para cada fase de desenvolvimento do açaí", acrescenta o pesquisador. A metodologia considera dados meteorológicos de séries históricas de pelo menos 15 anos, além de todo o conhecimento científico sobre a cultura e validações em campo.

Para chegar às informações disponibilizadas no zoneamento, pesquisadores de diferentes áreas da Embrapa na Região Norte - Amapá, Acre, Amazônia Ocidental, Rondônia e Roraima - realizaram consultas a produtores e validaram as informações técnicas do Zarc do açaí. 

Aplicativo móvel do Zarc 

O Zoneamento de Risco Climático para o sistema de produção irrigado de açaí pode ser acessado no aplicativo móvel Zarc Plantio Certo, desenvolvido pela Embrapa Agricultura Digital (SP), e disponível nas lojas de aplicativos: iOS e Android. Produtores rurais e outros agentes do agronegócio podem acessar por meio de tablets e smartphones, de forma mais prática, as informações oficiais do zoneamento. Os resultados do Zarc também podem ser consultados e baixados por meio da plataforma "Painel de Indicação de Riscos".

Foto: Ronaldo Rosa

Açaí depende de disponibilidade de água 

O principal parâmetro de risco climático para o açaí é a necessidade hídrica. O açaizeiro é uma palmeira nativa das áreas de várzea da Amazônia e a expansão para sistemas comerciais de produção em terra firme requer a irrigação, pois mesmo os períodos curtos de falta de água podem reduzir muito a produção. "Não se pensa em plantar açaí em terra firme sem irrigação. Sem a água, o cultivo se torna inviável", afirma o pesquisador da Embrapa João Tomé de Farias Neto.

A técnica mais utilizada é a irrigação por microaspersão e a quantidade de água nas diferentes idades da planta depende das condições edafoclimáticas da região, afirma Farias. "É preciso utilizar técnicas de manejo de irrigação para o uso racional da água", completa.

O Zarc considera, portanto, somente o sistema de produção de açaí com irrigação. As duas cultivares de açaí de terra firme desenvolvidas pela Embrapa, BRS Pará e BRS Pai d'Égua, são componentes fundamentais desse sistema de produção. Entre as principais características das variedades estão a redução da sazonalidade na produção, maior rendimento de polpa dos frutos e produção precoce.

Temperaturas elevadas para o açaí 

Em sistema de produção de açaí irrigado, outro fator climático limitante passa a ser o risco térmico que pode comprometer a produção da palmeira. "Em baixas temperaturas, ocorre o abortamento dos frutos, eles caem dos cachos antes de amadurecer", pontua Santiago. Em avaliações de campo, temperaturas próximas a 11 ºC, ainda que em ocorrências isoladas, foram bastante prejudiciais ao açaizeiro, provocando morte de folhas e abortamento de flores ou frutos.

No estudo que fundamenta o Zarc foi utilizado como limite inferior a temperatura de 7 oC, de forma a evitar danos potenciais à estabilidade de produção da cultura. O agrônomo Eduardo Monteiro, pesquisador da Embrapa Agricultura Digital e coordenador da Rede Zarc na instituição, explica que esse limite foi proposto a partir da identificação de áreas de produção de açaí com viabilidade em estados do Centro-Oeste e Sudeste. 

"No futuro, com o avanço do conhecimento e à medida que novas pesquisas tragam informações mais precisas sobre o desempenho de diferentes cultivares dessa palmeira em temperaturas mais frias, os critérios poderão ser atualizados", 

ressalta.

A faixa territorial contemplada no Zarc com riscos de 30% e 40% corresponde às áreas de transição para regiões mais ao sul, nas quais a probabilidade de temperaturas abaixo do limite estabelecido no zoneamento começa a aumentar. A transição ocorre em áreas na divisa entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, centro-sul de Goiás e região central de Minas Gerais. "À medida que as temperaturas caem, o risco aumenta", alerta Santiago.

Foto: Ronaldo Rosa

Zarc subsidia seguro e crédito rurais 

O zoneamento é utilizado como informação básica de orientação em alguns programas de política agrícola, como o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), que funciona como uma espécie de seguro agrícola; o Proagro Mais (modalidade destinada aos agricultores inscritos no Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf); e o Programa de Subvenção Federal ao Seguro Rural Privado (PSR), que utilizam as indicações de zoneamento para estabelecimento de condições de contrato.

"Outros agentes financeiros estaduais e seguradoras privadas também se baseiam no Zarc como balizador nas operações de crédito e seguro rural. A ferramenta auxilia na gestão de riscos climáticos e permite maior segurança e estabilidade ao produtor de açaí", destaca Santiago.

Ele ressalta, ainda, que esse primeiro Zarc considerou a espécie Euterpe oleracea, e o próximo passo é elaborar o estudo para outras espécies de açaí, como Euterpe precatoria e Euterpe edulis, que ocorrem em outras regiões brasileiras.

Cultivo em expansão do açaí 

O açaizeiro (Euterpe oleracea) é uma palmeira nativa das áreas de várzea da Amazônia e o aumento da demanda pelo fruto levou à expansão para as áreas de terra firme. A Embrapa desenvolveu as duas únicas cultivares registradas de açaizeiro para terra firme do mundo: BRS Pará e BRS Pai d'Égua. "Nos últimos anos, a demanda pelo fruto cresceu em um ritmo muito mais acelerado que a oferta. Então, migrar para terra firme foi uma das soluções encontradas pela pesquisa", justifica Farias Neto.

Entre as culturas perenes produzidas no Brasil, como café, laranja, cacau e dendê, o crescimento da produção de açaí ganha destaque nos últimos anos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) monitora essa produção desde 2015 e considera tanto o açaí manejado das áreas de várzea quanto o cultivado. 

A área colhida de frutos de açaí no Brasil cresceu em torno de 100 mil hectares, saindo de 137 mil hectares em 2015 para 233 mil hectares em 2022, de acordo com os dados mais recentes do IBGE. E, no mesmo período, a produção nacional saltou de 1 milhão de toneladas para 1 milhão e 700 mil toneladas.  

Meio Ambiente : Viagem ao Rio Negro marcou reencontro após expedições pioneiras nos anos 1990
Enviado por alexandre em 25/04/2024 00:30:28


Antes mesmo de começar, a Expedição DEGy Rio Negro tinha um gosto de saudosismo. Pelo menos para quatro integrantes do grupo que percorreu, por duas semanas, o rio Negro e afluentes, de Manaus a Santa Isabel do Rio Negro (no Amazonas). A viagem foi acompanhada pela Agência FAPESP para a nova edição da série Diário de Campo.

Era um reencontro, após quase 31 anos da primeira expedição do projeto Calhamazon. Em 1993, 1994 e 1996, os pesquisadores percorreram todo o rio Amazonas, coletando na calha principal e na foz de todos os afluentes. A primeira viagem durou 40 dias. As duas últimas, 30. Foram 20 mil exemplares coletados, de 510 espécies, o que gerou uma série de descobertas científicas.

Em 2024, repetiram a parceria iniciada naquelas viagens o pescador e ex-funcionário do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Roberval Pinto Ribeiro e o técnico de apoio à pesquisa do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP) Osvaldo Oyakawa, que estiveram nas três expedições. A pesquisadora do Inpa Lúcia Rapp Py-Daniel e a professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Angela Zanata estiveram nas duas últimas excursões.

"Foi minha primeira experiência na Amazônia e uma das mais marcantes da minha vida, principalmente pela diversidade de peixes. Fazemos muitas coletas no Sudeste, como no Vale do Paraíba e no Vale do Ribeira, e se em duas semanas voltamos com 30 espécies, podemos ficar satisfeitos. Na Amazônia, você vai num igarapé pequeno e coleta 40, 50 espécies. Então é muito surpreendente",

conta Oyakawa, que ingressou como técnico no MZ-USP em 1989 e em 1993 fazia seu doutorado na instituição.
Roberval Ribeiro e Osvaldo Oyakawa em dois momentos: durante uma das expedições do Calhamazon, nos anos 1990, e na Expedição DEGy Rio Negro, em 2024. Imagem: montagem de fotos de Phelipe Janning e do acervo dos pesquisadores

O projeto, cujo título completo em inglês pode ser traduzido como "Diversidade de Peixes dos Principais Canais do Rio Amazonas", foi coordenado por John Lundberg, então professor da Universidade Duke, transferido ainda em 1993 para a Universidade do Arizona. Atualmente, Lundberg é aposentado pela Academia de Ciências da Universidade Drexel, antiga Academia de Ciências Naturais da Filadélfia, ambas nos Estados Unidos.

No Brasil, o Calhamazon contava com a colaboração de Naércio Menezes, professor do MZ-USP, para onde foi a maior parte do material coletado. O financiamento foi da National Science Foundation.

Osvaldo Oyakawa, Roberval Ribeiro, Angela Zanata e Lucia Py-Daniel: Expedição DEGy Rio Negro marcou reencontro três décadas depois do projeto Calhamazon . Foto: Phelipe Janning/Agência FAPESP

"Foram anos de trabalho, muitas publicações descrevendo novas espécies e outros estudos sobre taxonomia e biodiversidade, incluindo genética molecular. Muitos pós-graduandos do Brasil, Estados Unidos e outros países estudaram o material e obtiveram seus títulos", conta Lundberg à Agência FAPESP.

"O principal legado do Calhamazon foi proporcionar a obtenção, pela primeira vez, de um grande número de espécies de Gymnotiformes, os peixes-elétricos, inclusive poraquês, por meio de um método de coletas nunca usado antes, em uma grande extensão da bacia amazônica. Esse fato possibilitou o incremento do estudo desses peixes em nosso país", conta Menezes, que coordena o projeto "Diversidade e Evolução de Gymnotiformes" (DEGy), apoiado pela FAPESP.

Inovação 

O objetivo do Calhamazon era coletar o maior número possível de peixes da calha do rio, por isso o nome. Essa parte mais profunda é difícil de ser alcançada por outras artes de pesca, por isso, até então, os organismos desse hábitat eram pouco conhecidos.

A inovação do projeto foi utilizar, no rio, o aparato adotado para a pesca de camarões no mar. Na pesca de arrasto, como é conhecida, o leito é varrido por uma rede em formato de funil, com duas grandes portas pesadas que mantêm a estrutura sempre aberta e no fundo.

"Lundberg havia realizado um estudo preliminar no Orinoco, na Venezuela, testando a rede de arrasto de fundo na calha do rio. Aquilo funcionou muito bem, então ele e o professor Ning Labbish Chao, da Universidade Federal do Amazonas [Ufam], planejaram repetir em grande escala na Amazônia brasileira", 

explica Py-Daniel, então já pesquisadora do Inpa e que viria a fazer seu doutorado com Lundberg nos Estados Unidos a partir de 1993.

Antes de o projeto começar de fato no Brasil, os pesquisadores realizaram outro piloto, em 1991, dessa vez no rio Negro. A ideia era testar a viabilidade desse tipo de coleta no país. Py-Daniel lembra de se surpreender com a diversidade encontrada ainda naquelas coletas de curta duração e próximas a Manaus.

"Ali já fiquei encantada com o tipo de fauna a que tivemos acesso, grupos de peixes que eu nunca nem tinha visto. Então começou a proposta do projeto. Foram dois anos para conseguir financiamento", lembra.

Tanto no Calhamazon como em projetos posteriores, como o que proporcionou a Expedição DEGy Rio Negro, uma figura fundamental foi Roberval Pinto Ribeiro. Pescador desde que se entende por gente, Ribeiro havia ingressado como técnico de nível médio no Inpa pouco antes da primeira expedição do projeto norte-americano. Já conhecido pelos cientistas, foi o homem certo na hora certa para conduzir as coletas.

Alberto Akama e Roberval Ribeiro realizam arrasto de fundo durante expedição do projeto Calhamazon. Foto: acervo dos pesquisadores

"Sempre pesquei e, quando fui contratado pelo Inpa, trabalhava em barco de pesca. Eu já tinha dado uma volta no mar em Belém, fui num daqueles barcos pesqueiros de camarão. Então já sabia mais ou menos como funcionava o arrasto de fundo. Mas comecei a fabricar essas redes durante o Calhamazon, porque muitas eram destruídas no decorrer do trabalho. Ainda no barco, fiz cinco delas", lembra Ribeiro.

Um dos problemas do arrasto de fundo nos rios é justamente a perda de redes. Emaranhadas em troncos ou mesmo em algum desnível do leito fluvial, podem rasgar e se perder, ou mesmo causar acidentes sérios. Nada disso ocorreu durante a DEGy Rio Negro.

Lundberg, porém, lembra que pouco depois de encerrado o Calhamazon, um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos, Venezuela e Peru sofreu um grave acidente no rio Orinoco, depois que a rede se prendeu em algum ponto do trajeto e o barco virou. Uma pesquisadora peruana morreu. 

Desde então, os cuidados são redobrados. O arrasto deve ser feito em baixa velocidade e sempre a favor da correnteza, para evitar algo parecido com o ocorrido no Orinoco. Com o barco em movimento, normalmente uma lancha de alumínio com motor de baixa potência, uma pessoa lança os cabos que seguram a rede no rio e outra, logo em seguida, as portas. Enquanto o barco segue em linha reta por cerca de 15 minutos puxando a rede, um dos pesquisadores monitora o relevo do leito do rio por meio de um sonar.

Legado 

Passada a experiência no Calhamazon, Ribeiro foi convidado a fazer parte de muitas outras expedições utilizando essa arte de pesca. Aos 70 anos e aposentado do Inpa, segue sendo o guia de pesquisadores nessa e em outras artes de pesca. Vivendo agora em Porto Velho, Rondônia, participa ainda de monitoramentos de fauna de peixes realizados por empresas e universidades.

"Ainda me ligam bastante, encomendando redes, chamando para algum novo projeto ou para construir gaiolas para piscicultura", diz o pescador.

"Foi uma experiência que me abriu muitas portas. Ainda no doutorado [com bolsa da FAPESP], fui convidada para passar um tempo na Universidade do Arizona, organizando o material coletado. Foi minha primeira vez nos Estados Unidos. Anos depois, recebi uma recomendação do Lundberg para um pós-doutorado na Smithsonian Institution, sob supervisão do professor Richard Vari. Esse período me rendeu uma experiência de vida marcante, com aprendizado enorme e uma publicação superimportante, que me ajudou a conseguir meu emprego",

diz Zanata, há 20 anos na UFBA, onde recentemente se tornou professora titular.
Angela Zanata segura uma pirarara durante coleta do projeto Calhamazon. Foto: acervo dos pesquisadores

Py-Daniel já era pesquisadora do Inpa quando entrou para o projeto, mas graças a ele ingressou no doutorado na Universidade Duke, e o finalizou na Universidade do Arizona, ambas nos Estados Unidos, sob orientação de Lundberg. Desde então, a pesca de arrasto de fundo foi utilizada pelo Inpa e outras instituições em muitas outras áreas da Amazônia.

"É um tipo de fauna de peixe que só encontramos com esse aparelho. Para minha carreira foi fantástico, pois trabalho com bagres que ficam justamente nessa parte do rio e consegui coletar peixes para a minha tese que quase não existiam em coleções até então", lembra.

Com idade para se aposentar pelo MZ-USP, Oyakawa até admite deixar o trabalho de bancada, mas as expedições devem continuar fazendo parte dos seus dias.

"Depois de trabalhar 40 anos, é natural que eu pense em me aposentar, mas para me ver livre de algumas obrigações. Conheço gente em vários lugares do Brasil e se me chamarem para uma expedição vou com todo o prazer. Eu gosto de estar no campo, é algo que não tem preço para um biólogo, e fico muito contente de ter trazido para essa expedição jovens que ainda não conheciam a Amazônia", encerra.

Para acompanhar os outros episódios do Diário de Campo, acesse: agencia.fapesp.br/diario-de-campo.

Os três amigos: Osvaldo, Lucia e Angela repetindo a rotina de 30 anos antes, quando atuaram juntos no projeto Calhamazon. Foto: Phelipe Janning/Agência FAPESP

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência FAPESP, escrito por André Julião e Phelipe Janning

 

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Brasil : Acreana de 17 anos, descendente de indígenas, desfilou para oito marcas na SPFW e deseja "ser reconhecida fora do Brasil"
Enviado por alexandre em 25/04/2024 00:29:10

Gabriely Dobbins é natural de Sena Madureira, no interior do Acre, e se mudou com a mãe para São Paulo.


Foto: Gabriely Dobbins/Arquivo pessoal

Gabriely Dobbins tem 17 anos e nasceu em Sena Madureira, no interior do Acre, distante 143 km da capital Rio Branco. Apesar da timidez, ela conta que sempre sonhou em trabalhar no mundo da beleza, mas nunca imaginou que se tornaria modelo. 

Neste mês de abril, Gabriely participou pela terceira vez do maior evento de moda do Brasil e fez oito desfiles na edição que aconteceu de 9 a 14 de abril deste ano.

Ela conta que durante a 57° Semana de Moda em São Paulo, a SPFW N57, ficou três semanas sem dormir.

"Eu estava literalmente três semanas sem dormir acordando muito cedo e dormindo muito tarde, mas quem estava lá trabalhando comigo sabe que eu estava feliz da vida, nem parecia que eu 'tava' cansada",

garante Gabriely.

A modelo iniciou sua trajetória com apenas 16 anos e acredita que seu diferencial é a sua personalidade. Ela se considera uma pessoa alegre e esforçada. "Independente da situação sempre vou fazer meu trabalho com um sorriso no rosto. Até se for num frio de -0°, num calor de 80°, se eu tiver semanas sem dormir, que foi o que aconteceu no São Paulo Fashion Week", diz.

A mãe de Gabriely, Aleyxandra Marques, de 45 anos, conta que desde pequena a menina gostava de tirar fotos e fazer poses, mas sempre teve vergonha de participar de concursos de beleza. A situação mudou quando a jovem encarou o 'Miss Piscina', tradicional festa da sua cidade natal, e venceu a competição. O vídeo chegou a um produtor e a sorte virou.

"Depois do concurso, o pessoal mandou o vídeo dela para o Sidney [Linas, um produtor e olheiro de modelos], e tinha uma moça que ajudava ela na passarela, que era ex-modelo. Aí ele veio e falou comigo, e convidou ela pra fazer parte da agência", conta a mãe.

Gabriely venceu ainda o 'Miss Teen Acre'. A partir daí, foi chamada para várias agências e com a ajuda de Lins, que trabalha com modelos há 20 anos, escolheu a agência Way Model Management

Foto: Reprodução/Elas no Tapete Vermelho

Gabriely foi emancipada aos 16 anos e há um ano está longe de casa. A mãe acompanha a filha e incentiva no sonho de ser modelo.

"No início não foi fácil. Tinha que pagar book, pagar aula de passarela, mas aí quando ela chegou em São Paulo, ela já fez tudo isso, e tinha agendado um editorial pra Vogue, já fez pra Vogue e desde então começou no primeiro São Paulo Fashion Week também, que já foi quando a gente chegou há um ano, em abril, chegou e fazendo três desfiles, aí continuou trabalhando. Fez foto pra muitas marcas, trabalho pra muitas marcas, Duda Reis, a Oakley, muitas", 

diz a mãe.

Aleyxandra tinha uma academia e largou tudo para seguir a filha. Para ajudar a custear os gastos iniciais, alugou os equipamentos do local. Ela entregou a casa alugada que viviam e vendeu os móveis. Com apenas três meses de preparação na capital, a jovem foi selecionada para trabalhos e participar de castings [processos para a escolha de modelos] em São Paulo.

"Eu não desisti porque eu acredito que ela tem potencial. Não só porque as pessoas falam, mas porque está visível, e assim, eu sou muito orgulhosa. Eu tenho um orgulho muito grande da minha filha. Aonde ela chega, graças a Deus, todo mundo indica ela para outras pessoas, né? Os cabeleireiros, maquiadores, todo mundo tem um carinho por ela e aonde ela chega, ela sabe sair, sabe entrar, graças a Deus", orgulha-se a mãe.

A mãe de Gabriely diz que é divorciada há muitos anos e que a filha mantém contato constante com o pai. "A mãe da gente sempre é o nosso alicerce, né? E eu acho que se a Gabi viesse para cá sem mim, ela já teria voltado, porque a gente sempre foi muito grudada. A gente senta, conversa, ri, chora. Então, eu sempre disse para ela, minha função é lhe orientar e dar conselhos. Conselhos pro seu bem, porque ninguém no mundo ama mais você do que eu", assegura a mãe.
Foto: Gabriely Dobbins/Arquivo Pessoal

"Falo que sou do Acre e eles ficam em choque"

A descendência indígena vem de uma bisavó da etnia Huni Kuin, também conhecida como Kaxinawá. Por causa dos traços indígenas, ela conta que sempre é questionada nos testes. 

"As pessoas aqui em São Paulo não imaginam muito que o Acre existe sabe, mas sempre me perguntam assim "hum, imagino que você seja do Pará ou Amazonas", e aí quando eu falo que sou do Acre eles ficam em choque", 

conta a modelo.

Gabriely diz estar curtindo muito a correria e pretende ir além. "Muita correria e perrengue chique, mas tenho pra mim que isso é algo que sempre sonhei, e pretendo levar isso muito além, ainda não sei aonde vou chegar até porque é tudo no tempo de Deus. Deus sabe de todas as coisas, mas se ele achar que eu estou pronta para a próxima temporada de moda em Paris eu vou", garante.

Sobre os sonhos, a adolescente declara que quer ser conhecida mundialmente. "Meu maior sonho é ser reconhecida, aqui no Brasil e fora, não só pelo meu trabalho, pela minha história e pela pessoa que eu sou e a pessoa de quem eu fui. Saberem de tudo que eu fiz e passei até chegar aqui", diz.

*Por Hellen Monteiro, do g1 Acre


Brasil : Diversidade genética de pássaros na Amazônia foi reduzida em função de mudanças climáticas
Enviado por alexandre em 25/04/2024 00:26:48

Pesquisadores realizaram sequenciamento genômico inédito de nove indivíduos de uma mesma espécie de ave localizados em diferentes regiões da Amazônia. Dados levam em consideração os últimos 400 mil anos.


As mudanças climáticas ocorridas ao longo dos últimos 400 mil anos gravaram seus efeitos no genoma de pássaros da Amazônia. Um artigo publicado na quarta (24) na revista científica "Ecology and Evolution" mostrou que as linhagens de aves do gênero Willisornis residentes no sul, sudeste e leste da Amazônia têm menor diversidade genética e padrões de flutuação populacional mais variados em relação a grupos de outras regiões do bioma. Isto indica reduções bruscas no tamanho da população e fortes eventos de migração nos últimos milênios. A pesquisa tem participação de instituições nacionais, como as Universidades Federal da Paraíba (UFPB), do Pará (UFPA) e o Instituto Tecnológico Vale (ITV), e de instituições internacionais como a Universidade de Toronto.

O estudo foi realizado com pássaros do gênero Willisornis, conhecidos no Brasil como rendadinhos ou formigueiros. Os pesquisadores sequenciaram o genoma de nove indivíduos pertencentes a diferentes grupos encontrados na região amazônica. O processo envolveu a extração e análise de todas as informações contidas no DNA das aves. Com esses dados, modelos computacionais auxiliaram o grupo a estudar fatores como o impacto de mudanças ambientais ao longo de um determinado período histórico no tamanho das populações, relações de parentesco entre os indivíduos e diversidade genética.

O estudo foi realizado com pássaros do gênero Willisornis, conhecidos no Brasil como rendadinhos ou formigueiros. Foto: Tonycastro/Wikimedia Commons

Para Alexandre Aleixo, autor líder da pesquisa, o mecanismo natural de contração e expansão da cobertura vegetal da floresta amazônica tem grande papel nesse histórico.

"A Amazônia é como uma sanfona que se expande e contrai dependendo do clima",

comenta o pesquisador.

Ele explica que as regiões sul e sudeste estão localizadas justamente sobre a faixa de 'sanfona' e, lá, durante períodos secos, a floresta úmida se transforma em ambientes abertos, como cerrados. "Quando tem floresta, as populações dessa ave se instalam e, quando não tem, desaparecem ou diminuem bastante", completa.

Cada um desses eventos de migração ou redução populacional deixa uma "marca" no material genético das linhagens. Grupos menores, por exemplo, tendem a apresentar taxas maiores de cruzamentos entre parentes, o que resulta em uma baixa diversidade genética e, consequentemente, menor resistência a possíveis mudanças do ambiente. O caso do estudo, no entanto, mostrou que, mesmo com baixa variabilidade genética, as populações de Willisornis foram capazes de resistir às contínuas perturbações climáticas na floresta tropical, trazendo à tona um importante questionamento. "A gente quer entender se existem genes relacionados com essa maior resistência", pontua Aleixo.

O passado registrado no DNA desses pássaros pode estar prestes a se repetir. O artigo explica que a floresta tropical no sul e no leste da Amazônia está, atualmente, próxima de seus limites climáticos e que um aquecimento global de 3 a 4ºC poderia representar uma nova mudança para um ambiente de vegetação aberta. Nesse contexto, pesquisas genéticas também podem contribuir para estratégias de conservação.

"Podemos encontrar no genoma das populações que sobreviveram às mudanças climáticas passadas características que permitam que elas resistam às mudanças futuras, assim como identificar grupos mais diversos que podem ser matrizes para reintrodução em outros locais",

diz o autor.

O estudo abre caminho para novas investigações sobre o efeito das mudanças climáticas e da cobertura vegetal na história genética dos seres vivos. "Esse foi o primeiro trabalho que aponta para uma resiliência dentro de algumas populações de espécies da Amazônia. Agora, queremos explorar isso melhor", releva Aleixo. O pesquisador pontua que o grupo já está em contato com outras instituições de pesquisa para desenvolver trabalhos mais amplos, levando em conta espécies de répteis e plantas, por exemplo.


*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Bori

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