Mais Notícias : Estudo associa mais de 200 mil doenças renais no Brasil a mudanças climáticas
Enviado por alexandre em 04/11/2021 09:47:28

Estudo da Monash University e da USP revela que 7,4% de todas as hospitalizações por doença renal podem ser atribuídas a um aumento na temperatura

Placa com mensagem contra as emissões de CO2 em protesto na Itália contra o aquecimento global
Placa com mensagem contra as emissões de CO2 em protesto na Itália contra o aquecimento global Foto: Nicolò Campo/LightRocket via Getty Images

Camila Neumamda CNN

Um novo estudo revela que 7,4% de todas as hospitalizações por doença renal podem ser atribuídas ao aquecimento global.

No Brasil – onde a pesquisa foi focada – isso equivale a mais de 202 mil casos de doença renal entre 2000 e 2015. O estudo ocorre em um momento em que o mundo enfoca o impacto das mudanças climáticas na conferência COP26 em Glasgow, no Reino Unido.

Esse foi considerado o maior estudo do mundo sobre o impacto das mudanças de temperatura e doenças renais. Foi liderado pelos cientistas Yuming Guo e Shanshan Li, da Planetary Health da Monash University, com apoio de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), e publicado na revista The Lancet Regional Health Américas.

A pesquisa quantifica pela primeira vez o risco e a carga atribuível para hospitalizações por doenças renais relacionadas à temperatura ambiente usando dados de internações diárias de 1.816 cidades no Brasil.

Foram analizadas 2.726.886 hospitalizações por doenças renais registradas durante o período de estudo.

De acordo com o professor Guo, para cada aumento de 1°C na temperatura média diária, há um aumento de quase 1% de doença renal, sendo os mais afetados mulheres, crianças menores de 4 anos e maiores de 80 anos.

As associações entre temperatura e doenças renais foram maiores no dia da exposição a temperaturas extremas, mas permaneceram por 1 a 2 dias após a exposição.

No artigo, os autores argumentam que o estudo “fornece evidências robustas de que mais políticas devem ser desenvolvidas para prevenir hospitalizações relacionadas ao calor e mitigar as mudanças climáticas”.

“No contexto do aquecimento global, mais estratégias e políticas devem ser desenvolvidas para prevenir hospitalizações relacionadas ao calor”.

Políticas públicas são necessárias

Em 2017, um artigo marcante no The Lancet declarou as doenças renais uma preocupação de saúde pública global, estimando que quase 2,6 milhões de mortes foram atribuídas à função renal prejudicada naquele ano.

“É importante ressaltar que a incidência de morte por doença renal aumentou 26,6% em comparação com uma década anterior, um aumento que este estudo pode indicar foi, em parte, causado pelas mudanças climáticas”, segundo os pesquisadores.

Os autores recomendam que as intervenções sejam urgentemente incorporadas à política governamental sobre mudanças climáticas, visando principalmente mulheres, crianças, adolescentes e idosos, visto que são mais vulneráveis ​​ao calor no que diz respeito às doenças renais.

“Além disso, deve-se dar atenção aos países de renda baixa e média como o Brasil, onde sistemas confiáveis ​​de alerta de calor e medidas preventivas ainda são necessários”, acrescentou o professor Guo.

 


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