Regionais : Médicas transexuais criticam tratamento infantil de gênero
Enviado por alexandre em 18/10/2021 22:56:02

Psicóloga acredita que haverá muitos arrependimentos

Símbolo Transgênero transexual bandeira lgbt
Profissionais apontaram malefícios do tratamento Foto: Reprodução

A ginecologista Marci Bowers e a psicóloga clínica Erica Anderson, ambas transexuais, criticaram a aplicação de tratamentos hormonais em crianças e adolescentes com disforia de gênero, isto é, aqueles que não se identificam com o gênero com o qual nasceram.

O posicionamento foi enviado ao New York Times (NYT), mas foi rejeitado por estar “fora das prioridades de cobertura”. A publicação, então, foi feita por Abigail Shrier no site da jornalista Bari Weiss, que pediu demissão do NYT em 2019 criticando a falta de compromisso do jornal com a pluralidade de opiniões.

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Anderson atua como psicóloga na Clínica de Gênero Infantil e Adolescente da Universidade de São Francisco na Califórnia e possui extensa experiência com pacientes com disforia de gênero. Ela acredita que o tratamento hormonal precoce para crianças disfóricas acarretará um crescente número de arrependimentos quando elas se tornarem adultas.

– Na minha opinião, devido a alguns dos… Como dizer? Vou chamar apenas de “tratamentos desleixados”, devido a alguns dos, vou chamá-lo de “trabalho de saúde desleixado”, teremos mais jovens adultos que se arrependerão de ter passado por esse processo. E isso vai me render muitas críticas de alguns colegas, mas, dado o que vejo (e sinto muito, mas é minha experiência real como psicóloga que trata de jovens variantes de gênero), estou preocupada com decisões que mais tarde serão lamentadas por aqueles que os fizeram – apontou.

Para Anderson, os profissionais de saúde acabam por “apressar as pessoas na medicalização e falham terrivelmente na avaliação do histórico de suas saúdes mentais e em prepará-las para tomar essa decisão de mudança de vida”.

Já Marci Bowers é uma ginecologista reconhecida internacionalmente por sua especialidade em cirurgias de mudança de sexo, sendo responsável, inclusive, pela cirurgia de transição da ativista Jazz Jennings, considerada uma das pessoas mais jovens a passar pelo procedimento, aos 17 anos.

Embora a Associação Profissional Mundial para Saúde Transgênero (WPATH, na sigla em inglês), organização que define os padrões mundiais para atendimento médico de transexuais, defenda o tratamento hormonal nos primeiros estágios para crianças disfóricas, Bowers, que foi eleita para liderar a Associação a partir do ano que vem, discorda deste posicionamento e afirma que a WPATH está fechada para opiniões diferentes, mesmo que sejam de médicos preocupados com a saúde da população LGBT.

– Definitivamente, existem pessoas que estão tentando impedir a entrada de qualquer pessoa que não acredite na opinião geral de que tudo deveria ser afirmativo e que não há espaço para divergências – apontou.

A ativista transexual Jazz Jennings, protagonista de um reality show norte-americano chamado I’am Jazz, começou a tomar bloqueadores hormonais aos 11 anos, o que fez com que, aos 17 anos de idade, seu órgão sexual fosse equivalente ao de uma criança na puberdade. Devido a isto, até mesmo sua cirurgia de redesignação de gênero enfrentou complicações, sendo necessária a retirada de revestimento do estômago.

Bowers, que já atuou em mais de duas mil cirurgias de vaginoplastia, disse que há ainda uma preocupação com a futura vida sexual de crianças que façam este tipo de tratamento hormonal.

– Se você nunca teve um orgasmo antes da cirurgia e sua puberdade foi bloqueada, é muito difícil conseguir isso depois […] Eu considero isso um grande problema, na verdade. É o tipo de problema do qual nós, em nosso “consentimento informado” de crianças submetidas a bloqueadores da puberdade, esquecemos um pouco – criticou, destacando ainda que o uso de bloqueadores hormonais, combinado com hormônios do sexo oposto desde a infância, pode causar disfunção sexual.

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