Tanto nas redes sociais quanto na vida real, o que não falta são pessoas com a percepção de que adquiriram maus hábitos alimentares durante a pandemia.
Para reverter o ganho de peso, começam a cortar quase ou completamente a ingestão de gorduras e carboidratos, seguindo receitas encontradas na internet. Mas cuidado: há mitos e verdades sobre as dietas milagrosas, e, muitas delas, caso não feitas corretamente e com supervisão de um profissional, podem trazer riscos à saúde.
De acordo com a nutricionista Mayrlla Vasconcellos, dietas como a Dukan, Low Carb e cetogênica, que reduzem o consumo de carboidratos, dieta mediterrânea e jejuns intermitentes, no qual a pessoa só pode ingerir água e café sem açúcar, podem ajudar a conquistar o objetivo final do emagrecimento em poucos dias. No entanto, ela alerta que, se feitas de maneira errada, podem gerar o famoso “efeito sanfona" — emagrecer e, assim que parar de seguir as receitas, engordar novamente — ou até mesmo acarretar em perda de cabelo por falta de vitaminas no corpo e, em estágios mais graves, anemia.
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— Todas essas dietas são eficientes, mas para terem efeito duradouro precisam ser feitas sempre e o corpo não pode ficar sem carboidratos, por exemplo. Então, o ideal é que haja uma reeducação alimentar, para evitar o efeito sanfona e você ter prazer em comer sem culpa — explica ela.
Outro alerta importante quanto às dietas da moda é que os padrões de alimentos permitidos e proibidos divulgados na internet não servem para todas as pessoas. A especialista lembra que, na hora de montar um cardápio, é preciso levar em consideração o contexto biológico, econômico e sociocultural de cada indivíduo. Não menos importante, deve-se garantir o prazer no ato de nos alimentarmos, pois, é uma das necessidades vitais do ser humano.
— Passar com o nutricionista é o ponto chave porque vamos saber o quanto de cada alimento não vai afetar a sua saúde caso esteja fora da dieta. E como a pandemia já causou muita ansiedade, é importante que a busca pelo corpo magro não seja mais uma outra crise — relata Mayrlla.
Além disso, é muito importante que a soma desses fatores eliminem os hábitos da vida sedentária. Se aliada a uma rotina de atividades físicas, as dietas supervisionadas ajudam a diminuir consideravelmente o risco de obesidade e doenças cardiovasculares, que hoje é a principal causa de morte no mundo, especialmente de mulheres, segundo a Organização Mundial da Saúde. Uma dieta balanceada também melhora o sistema imune, a qualidade do sono e a disposição.
A nutricionista Mayrlla lembra que, para além do atendimento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é possível agendar consultas com um profissional em clínicas online. O ideal é checar a procedência da empresa e do profissional antes de fazer o atendimento, que custa entre R$ 130 e R$ 200 e pode ser feito sem sair de casa.
Confira abaixo como funcionam e os mitos e verdades sobre as dietas mediterrânea, Dukan, Low Carb, cetogênica e jejum intermitente.
Dieta Mediterrânea
É uma alimentação totalmente natural e rica em frutas, hortaliças (verduras e legumes), cereais, leguminosas (grão-de-bico, lentilha), oleaginosas (amêndoas, azeitonas, nozes), peixes, leite e derivados (iogurte, queijos), vinho, azeite de oliva e uma enorme variedade de ervas de cheiro, que dão cor e sabor especiais à culinária inspirada em países mediterrâneos, como Espanha, França, Itália e Grécia. Além disso, é caracterizada por um baixo consumo de carnes vermelhas, gorduras de origem animal, produtos industrializados, alimentos ricos em gordura e açúcar.
Verdades: ajuda na perda de peso, por ser uma dieta rica em alimentos naturais, e no equilíbrio de doenças ocasionadas pelo excesso de gordura no corpo, como o colesterol.
Mitos: apesar da dieta natural, é um estilo de alimentação rico em gorduras que pode levar ao ganho de gordura corporal em alguns casos. O vinho, mesmo sendo recomendado, não é benéfico para pessoas que não podem ingerir bebidas alcóolicas.
Dieta Dukan
É uma dieta dividida em 4 fases e, segundo o seu autor, o médico francês Dr. Pierre Dukan, permite emagrecer cerca de 5 kg já na primeira semana. Na primeira fase, a alimentação é feita apenas com proteínas, como frango, salmão, amêndoa, leite e ovos. O tempo de duração da dieta depende da quantidade de peso que a pessoa quer emagrecer. As fases são: ataque, cruzeiro, consolidação e estabilização, e, no decorrer do processo, é permitido inserir frutas, legumes e verduras, pão, queijo e carne.
Verdades: leva à perda de peso rapidamente porque é restritiva e não é preciso contar calorias nem medir porções durante as refeições, desde que se respeite as restrições de cada fase da dieta.
Mitos: não emagrece de forma definitiva e pode levar ao efeito sanfona. Não é porque é uma dieta composta por alimentos majoritariamente saudáveis, que faz bem a longo prazo; as restrições alimentares podem causar deficiências de minerais no corpo.
Dieta Low Carb
É definida pela Organização de Diabetes do Reino Unido como uma dieta onde existe uma redução do consumo de carboidratos, devendo-se ingerir menos de 130 g deste macronutriente por dia. Para manter o corpo ativo e com energia, os nutrientes devem ser proporcionados pelo consumo de gorduras boas e proteínas, como fruta e vegetais, queijos e derivados, carne magra, ovo, azeite e sementes em geral, como chia, linhaça, girassol e gergelim.
Verdades: eficiente para emagrecer porque acelera o metabolismo com o aumento das proteínas e da gordura boa na alimentação, ajudando também a reduzir a inflamação do organismo e a combater a retenção de líquidos.
Mitos: apesar da redução do carboidrato, ele não deve ser zerado da dieta, como algumas pessoas pensam e, por isso, seguir o cardápio não vai acabar com a sua energia. Mas, é preciso se atentar às restrições do nutricionista.
Dieta Cetogênica
Mais restrita que a Low Carb, a dieta cetogênica permite a ingestão ainda menor de carboidratos, estando entre as 20 e 50 gramas por dia. A ausência do nutriente faz com que o corpo entre num estado conhecido como "cetose", no qual passa a utilizar as gorduras como principal fonte de energia, em vez dos carboidratos. As verduras e frutas estão todas liberadas. No campo das gorduras, manteiga, castanhas, azeite, castanhas, carnes, peixes, frango, ovo, queijos, iogurte e açaí completam a lista dos liberados. As únicas bebidas que podem ser ingeridas são água, café e chá sem açúcar
Verdades: como a dieta cetogênica prioriza o consumo de gorduras e reduz bastante o consumo de carboidratos, ajuda na perda de peso, pois vai queimar as gorduras. Com as muitas restrições, é natural que a adaptação dure semanas para que o corpo saiba lidar com a transformação alimentar.
Mitos: não é caracterizada necessariamente pela ausência total de carboidratos, até porque isso é quase impossível de se atingir (mesmo com o consumo somente de carnes), mas é composta pela ingestão bastante baixa deles.
Jejum intermitente
Fotos: Reprodução
O método consiste em passar períodos sem comer e períodos se alimentando, com o objetivo de gastar o estoque de gordura. Nesse modelo as pessoas costumam comer no período de 8 horas, realizando apenas 3 refeições, e ficam sem consumir nenhum alimento por 16 horas. Durante esse período é permitido apenas ingerir água e bebidas não calóricas, como café e chá sem açúcar. A janela de alimentação costuma ocorrer das 10 horas da manhã até as 18 horas da noite. É importante lembrar que para perder peso é preciso consumir alimentos saudáveis após o período de jejum.
Verdades: O emagrecimento é perceptível em cerca de uma semana. O período em que se está dormindo deve ser incluído no jejum, o que facilita a adesão à estratégia. Caso não seja seguido com orientação e dieta complementar, pode gerar compulsão alimentar. Não é preciso restringir completamente os alimentos calóricos.
Mitos: O jejum não faz mal à saúde, ele melhora a digestão, os níveis de insulina e colesterol, desde que seja feito de forma correta. Não emagrece de forma definitiva e não requer ser seguido todos os dias.
Fonte: Extra