Política : FAKE NEWS
Enviado por alexandre em 07/10/2020 14:33:05

Como as fake news são identificadas e checadas
Uma informação que chega pelo WhatsApp, um áudio com poucas explicações, uma postagem com uma história impressionante, que viraliza nas redes sociais, uma notícia publicada na mídia… Diariamente, as pessoas se deparam com esse tipo de conteúdo. Muitas vezes, não percebem que a mensagem é falsa e acabam compartilhando. Como saber se uma informação é verdadeira? Quais são os mecanismos de checagem de fatos? Onde procurar por dados verdadeiros?

É fato que hoje existem muitas agências que atuam com checagem de notícias. Mas nem todas efetuam um processo sério de apuração, nem sempre trabalham com imparcialidade com relação a verificação de informações, atualização de dados, divulgação de conteúdo verdadeiro. Nas melhores práticas de execução de uma agência séria de checagem devem existir códigos de princípios que promovam não apenas a verdade, mas total imparcialidade por meio de métodos científicos com o objetivo de rastrear fake news.

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A fim de esclarecer sobre a dimensão desta problemática social, o Pleno.News conversou com Gilberto Scofield, diretor de Estratégias e Negócios da Agência Lupa, que é referência em checagem de notícias. Ele explica o que são as fake news, como identificá-las e como funciona uma boa e séria agência de checagem.

Como funcionam as agências de fact-checking?
Cada agência adota um modelo de negócio, mas todas elas têm um parâmetro que é o que estabelece a IFCN (International Fact-Checking Network), que define princípios do que é uma checagem de fatos. Então, há uma série de parâmetros em termos de metodologia científica.

Ou seja, há um caminho que deve ser obrigatoriamente percorrido pelos checadores que devem usar fontes checáveis: bancos de dados oficiais, documentos históricos, legislações, declarações de especialistas sobre o assunto que está sendo debatido com fundamento científico, verificável e oficial. A pessoa que lê deve poder consultar o que o checador consultou. Por isso, a gente usa apenas o que é checável.

Gilberto Scofield é executivo da Agência Lupa e explica o valor da checagem confiável dos fatos Foto: Divulgação

Então, há algo que não é checado?
A gente não checa opinião, isso é da linha do subjetivo. Também não checamos o futuro, promessas, por exemplo, a não ser que seja a promessa de uma entrega material em determinada data que já passou. E nem conceitos muito amplos, como a ideia de “a pior crise do Brasil”. Devemos nos perguntar como é a mensuração disso e em que sentido se usa o conceito de “pior”, “melhor”, “mais”, “menos”. São frases bacanas para políticos, mas muito pouco práticas no sentido de checagem da verdade.

Como é o processo de checagem?
Existem vários canais. O mais ativo é o do Facebook, uma parceria que a rede tem com algumas agências de checagem, como a Lupa, a AFP, a Aos Fatos e o Estadão Verifica. Quando alguém lê algo no Facebook e percebe que pode ser uma fake news, esta pessoa pode denunciar. Quando a denúncia é “notícia falsa”, o Facebook nos aciona. Quando recebemos a denúncia, usamos como um dos parâmetros o tamanho da repercussão daquela notícia. A relevância é baseada na quantidade de compartilhamentos. Se o conteúdo for apontado como falso pelo próprio usuário do Facebook é porque será importante correr atrás da checagem.

E depois que a notícia é checada?
Publicamos o resultado em nosso site e avisamos o Facebook sobre qual foi o veredito da Lupa. Cabe ao Facebook tomar a decisão de derrubar ou não a postagem. A agência de checagem não faz nada. A gente não tem poder de censurar nada. A pessoa que publicou a postagem falsa recebe o link para ler a publicação do nosso site para entender a razão daquela informação ter sido considerada falsa. Além disso, o Facebook mexe no algoritmo de exibição e cada vez menos pessoas vão ter acesso àquela publicação. A agência de checagem tem o poder de diminuir a visibilidade de um post considerado falso.

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