Política : FUTEBOL
Enviado por alexandre em 22/09/2020 14:29:18

Ministério da Saúde aprova protocolo para  volta de 30% de público aos estádios

O Ministério da Saúde aprovou o retorno parcial do público aos jogos de futebol em território nacional. Segundo ofício da pasta, o plano apresentado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi aceito. Assim, a abertura dos estádios poderá contar com até 30% da capacidade, a partir de outubro, para os jogos das Séries A e B do Campeonato Brasileiro e para a Copa do Brasil.

A colunista da CNN Basília Rodigues obteve com exclusividade o ofício do Ministério da Saúde.

“A abertura, em um primeiro momento, ocorrerá para até 30% da capacidade dos estádios para os torcedores (podendo ser aumentado esse percentual, em momentos posteriores), conforme decisão do gestor local, que, dentre outros aspectos, levará em consideração a variação da curva epidemiológica, a taxa de ocupação de leitos clínicos e leitos de UTI e a capacidade de resposta da rede de atenção à saúde local e regional”, mencionou o Ministério da Saúde através do ofício.

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Maracanã

Estádio do Maracanã durante live feita pelo Flamengo, em meio à pandemia de novo coronavírus

Foto: Alexandre Vidal / CRF & Marcelo Cortes / CRF (14.jun.2020)

Ainda segundo o ministério, os clubes deverão estabelecer protocolos com as autoridades locais “envolvendo os setores de segurança pública, saúde e outros necessários para sua implementação e fiscalização”. “O principal objetivo é zelar pela saúde física e mental, assim como pelo bem-estar de todos os envolvidos no espetáculo, mediante o cumprimento de diretrizes das autoridades competentes”, determinou.

Veja os pontos estabelecidos pelo protocolo da CBF para o retorno:

Abertura inicial de até 30% da capacidade;

Campanha de conscientização durante o jogo e divulgação de vídeos informativos do Ministério da Saúde;

Venda de ingresso preferencialmente online;

Uso de máscara obrigatório dentro do estádio, antes, durante e por todo o transcurso após o jogo;

Disponibilização de álcool em gel;

Permissão apenas para a presença da torcida mandante, com distanciamento de uma cadeira vazia entre dois torcedores;

Sanitários com disponibilização de álcool em gel e sabão;

Na entrada, observação e fiscalização quanto ao distanciamento mínimo recomendado, uso de máscara e aferição de temperatura, podendo retirar ou somar outras medidas conforme normas sanitárias locais;

Contratação de seguranças pelo time mandante para observação das medidas sanitárias;

Lojas, restaurantes e lanchonetes abertas com o restrito cumprimento de orientações sanitárias;

Contratação de equipe para higienização dos corrimãos, assentos e locais de circulação.

(Edição: André Rigue)


Pesquisadores dizem que liberar público em estádios é ‘contra o bom senso’

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) são contrários ao retorno do público aos estádios de futebol, e classificam a medida como “contrária a qualquer norma sanitária de bom senso”.

“Estádio de futebol é um ambiente fora de controle. Por mais vigilância que se faça, não tem como garantir que todos usarão máscaras, que irão respeitar 1,5 metro de distância, e que se locomoverão dentro do estádio seguindo esse distanciamento. Permitir torcida é uma grande falta de bom senso por parte das autoridades. No lugar de medidas sanitárias, estamos vivendo um paradoxo entre o que o que a ciência diz e as medidas adotadas pelo poder público”, avaliou Margareth Dalcolmo, pneumologista e pesquisadora da Fiocruz.

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A Sociedade Brasileira de Infectologia avaliou, através de nota, que a Prefeitura do Rio "dá sinais invertidos” ao autorizar o funcionamento de setores não essenciais da economia, e “depois responsabiliza a população pelo aumento de casos de Covid-19”.

A Prefeitura do Rio já anunciou o retorno das torcidas aos estádios de futebol, e a primeira partida com público será no dia 4 de outubro, no Maracanã, considerado o “estádio piloto” da volta do público.

A partida entre Flamengo e Atlético Paranaense, válida pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro, terá venda de ingressos pela internet e ocupação de 30% em cada setor do Maracanã.

Em entrevista coletiva na última semana, o pefeito Marcelo Crivella culpou a população pelo aumento de casos de Covid-19 na cidade, citando aglomerações nos bares e nas praias, e anunciou o endurecimento da punição a estabelecimentos que descumprirem as regras de ouro.

Falta de consenso

O governador em exercício do Rio, Cláudio Castro, informou que só vai liberar a volta das torcidas aos estádios se o Ministério da Saúde autorizar.

Castro prorrogou as medidas restritivas de prevenção à Covid-19 até o dia 6 de outubro, mantendo suspensos eventos com público, incluindo competições esportivas.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se reúne nesta semana com os governos do estado e do município do Rio de Janeiro para discutir a questão.

A expectativa é de que a reunião aconteça nesta terça-feira (22).

O que dizem os clubes

A proposta de alguns clubes é de que autoridades de saúde sejam ouvidas e aprovem um protocolo específico de retornada.

Tanto os grandes times do Rio quanto a Federação de Futebol do Estado adotam medidas mais cautelosas com relação ao assunto.

O Flamengo informou que não vai se posicionar neste momento.

O Fluminense vai aguardar o posicionamento da CBF.

O Botafogo defendeu o princípio da isonomia, “uma premissa básica quando se fala em competição”, segundo nota emitida pelo clube. “É uma discussão que precisa contemplar o coletivo, ou seja, todos os clubes e cenários vivenciados em todo o país, sob os mesmos critérios. É imprescindível que haja o respaldo dos órgãos de saúde, e que ocorra sem açodamentos”.

O Vasco, até o fechamento desta matéria, não se pronunciou.

A CNN procurou, também, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que informou que o Grupo Técnico Multidisciplinar para o Enfrentamento da Covid-19 não irá emitir nota técnica.

No entanto, o professor Roberto Medronho - que coordena o grupo - tem uma opinião pessoal contrária ao retorno das torcidas.

Já a Fiocruz informou que até este momento não deve se posicionar.


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