Política : FOI POR SACO
Enviado por alexandre em 16/09/2020 08:44:44

Bolsonaro enterra Renda Brasil, mas mantém Pró-Brasil elaborado pelos militares

Blog do Vicente

Se o presidente Jair Bolsonaro praticamente enterrou o Renda Brasil — “essa palavra está proibida no governo” —, o mesmo não será feito com o Pró-Brasil, programa de obras elaborado pelos militares e pelos ministros do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e de Infraestrutura, Tarcísio Freitas. Muito pelo contrário. 

Assim como o Renda Brasil precisa garantir recursos no Orçamento da União, o Pró-Brasil requer dinheiro público — fala-se em pelo menos R$ 6 bilhões. O problema é que as fontes de verbas propostas pela equipe econômica, como o congelamento de aposentadorias e pensões, para bancar o Renda Brasil são impopulares. No caso do Pró-Brasil, a discussão passa pelo remanejamento de despesas. 

Segundo integrantes do Palácio do Planalto, Bolsonaro decidiu suspender a discussão sobre o Renda Brasil porque, a cada proposta apresentada pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, o desgaste com a população é grande. E o presidente não quer saber disso, pois tem nas camadas de renda mais baixa o foco principal para obter os votos que podem lhe garantir a reeleição em 2022. 

Programa para chamar de seu 

Como não terá um programa social para chamar de seu, já que manterá o Bolsa Família, criado no governo Lula, o jeito será Bolsonaro se dependurar em um projeto que envolvam obras. E o Pró-Brasil, de acordo com seus defensores, entrega o que o presidente precisa: visibilidade e percepção de um governo que faz. 

Com o Pró-Brasil mantido, Paulo Guedes perde mais uma. Além de não entregar um projeto viável para Renda Brasil, desde o início, ele foi contra o programa de obras preparado pelos militares. Em uma reunião, o comparou ao Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), marca do governo de Dilma Rousseff.

Tem mais: o Pró-Brasil teve como mentor o ministro Rogério Marinho, desafeto declarado de Guedes. O chefe da equipe econômica já o chamou de traidor e o acusou de ser “fura-teto”, numa referência à defesa a gastos acima do teto constitucional, o que, na visão de Guedes, pode levar Bolsonaro a responder a um processo de impeachment. Essa declaração do ministro da Economia vale lembrar, deu início a um movimento de descontentamento do presidente com ele.

A proposta de congelar aposentadorias e pensões, inclusive de quem ganha um salário mínimo por mês, para bancar o Renda Brasil não é a primeira polêmica envolvendo o Ministério da Economia. O time de Paulo Guedes não se cansa de apresentar sugestões para punir os mais pobres. 

Em novembro do ano passado, por exemplo, o ministério de Guedes propôs taxar em 7,5% o seguro-desemprego para bancar um novo programa do governo. O objetivo era arrecadar R$ 10 bilhões justamente com o benefício criado para ajudar trabalhadores que perdem o emprego. 

Mais recentemente, de olho no Renda Brasil, a equipe econômica de Guedes propôs o fim do abono salarial, pago uma vez por ano a 23,2 milhões de trabalhadores que recebem até dois salários mínimo. Esse programa custa R$ 18,3 bilhões. O pacote incluiria, ainda, o fim do salário família. 

Foi aí, por sinal, que começou o embate entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministério de Paulo Guedes. O presidente, que está de olho nos votos da população de menor renda para a reeleição, disse que a discussão sobre o Renda Brasil estava suspensa até que a equipe econômica apresentasse sugestões melhores. 

Bolsonaro joga para a plateia 

Ali, foi dado cartão-amarelo para Guedes, que reconheceu que o presidente “havia lhe imposto um carrinho”, mas sem cometer pênalti. Bolsonaro disse que “não tiraria dos pobres para dar aos paupérrimos”. Repetiu isso nesta terça-feira (15), diante da proposta de congelamento de aposentadorias e pensões. 

É verdade que Bolsonaro está jogando para a plateia, pois quer se firmar como o “pai dos pobres”, aquele que protege os direitos dos mais necessitados. Contudo, é importante ressaltar a fixação da equipe de Paulo Guedes em propor sugestões cujas maiores vítimas são aqueles que mais precisam. 

Não se vê, por exemplo, a equipe econômica brigar pela taxação das grandes fortunas. Nem defender, com ênfase, a tributação sobre lucros e dividendos. É compreensível. Os mais ricos fazem barulho e têm voz ativa no Ministério da Economia.

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