Política : OTIMISMO
Enviado por alexandre em 27/07/2020 08:58:50

Quem elege é pobre feliz que diga Bolsonaro

Duas pesquisas ao longo da semana passada mudaram o astral do presidente Bolsonaro e de seus aliados. A primeira apontou que seria reeleito em 2022, sem dificuldades, longe do segundo lugar, que seria o ex-ministro Sérgio Moro. A outra revelou algo que já era esperado: a melhoria da avaliação do seu Governo influenciada pelo pagamento do coronavoucher, a ajuda de R$ 600 e o dobro, quando se trata de um beneficiário em família, para trabalhadores da informalidade.

Num País de miseráveis, a mão amiga que chega na hora do aperreio nunca será esquecida. Quando Lula traçou o plano de perpetuar o PT no poder estendeu os programas sociais da era FHC num pagamento só: a Bolsa-Família. Alavancou não apenas a sua reeleição, quando estava ferido de morte por causa do mensalão, como teve a incrível capacidade de eleger e reeleger um poste, a ex-presidente Dilma. O PT só foi desbancado do poder porque Lula e sua quadrilha roubaram muito.

A eleição de Bolsonaro não foi mérito do capitão. Na verdade, foi o voto anticorrupção, o voto anti-roubalheira. Qualquer candidato que tivesse ido ao segundo turno contra o petista Fernando Haddad, o pior prefeito da história de São Paulo, venceria. No transcorrer da campanha, Bolsonaro ganhou também outro ingrediente para garantir a vitória: a facada tomada covardemente quando participava de um ato de campanha em Juiz de Fora (MG).

Enganam-se os que imaginam a não reeleição de Bolsonaro por erros, entre eles a bomba Queiroz, a má gestão do Covid, a sua língua incontida. Isso atrapalha, mas não decide, sobretudo se ele conseguir cumprir a promessa da ampliação da Bolsa-Família, continuar ajudando o Nordeste com programas sociais, na conclusão de obras fundamentais para a região, como a Transposição do São Francisco e a Ferrovia Transnordestina.

Esta semana presenciei nas ruas do Recife populares chamando Bolsonaro de “pai dos pobres”. Isso se deu também com Lula no auge da Bolsa-Família. Só quem não teve essa capacidade foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por condução equivocada na comunicação. FHC colocou em prática muitos programas sociais, entre eles o Vale Gás, mas não teve a capacidade de Lula de capitalizar esse eleitorado nem se apresentar também como um pai generoso da pobreza.

Se continuar distribuindo renda e ajudando quem mais carece de políticas públicas, especialmente de uns trocadinhos a fundo perdido no cartão de saque da CEF todo mês, Bolsonaro já pode, desde já, preparar o terno da posse, até porque estamos assistindo a uma oposição difusa, sem nomes competitivos e sem um discurso convincente.

Cota da mulher – A Justiça Eleitoral pretende ser mais rígida com partidos que fraudam candidaturas femininas para cumprir a determinação de que 30% dos concorrentes a vagas no Legislativo sejam mulheres. As eleições de novembro deste ano serão as primeiras em que valerá uma resolução que permite ao juiz derrubar uma lista inteira de candidatos a vereador antes mesmo da votação, caso a irregularidade seja constatada. Para acelerar este processo, partidos terão de apresentar autorização por escrito de todas as candidatas, o que não vinha acontecendo desde que o registro foi informatizado.

Por escrito – A assinatura é uma forma de garantir que aquela candidata tem mesmo interesse em concorrer e não foi indicada pelo partido apenas para cumprir a cota feminina. Nas últimas eleições, além de não apresentar autorização por escrito de todos os candidatos, partidos enviaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fotos de redes sociais, sem consentimento das mulheres fotografadas, segundo a pesquisadora Roberta Maia Gresta, coordenadora da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep). Em 2018, de acordo com Roberta, um grupo de mulheres de Minas Gerais chegou a registrar boletim de ocorrência para reclamar que estava participando das eleições, embora não tivesse autorizado.

Apagão de mesários – Diante do cenário incerto da pandemia do coronavírus para os próximos meses, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está especialmente preocupado com o possível “apagão” em uma etapa-chave do processo das eleições municipais deste ano: a convocação de mesários. O processo, que será deflagrado na primeira semana de agosto, precisa reunir um exército de dois milhões de pessoas, entre voluntários e convocados. Os nomes que já atuaram na função em eleições passadas são os primeiros no radar dos tribunais regionais eleitorais, mas especialistas e ex-desembargadores temem que uma onda de atestados médicos e a judicialização das convocações abram um vácuo sem precedentes na função.

Três na degola – Eleitos na onda de renovação das eleições de 2018 e com discurso contrário à política tradicional, os governadores de Santa Catarina, Amazonas e Rio viraram alvo de pedidos de impeachment por suspeitas de irregularidades em suas gestões durante a crise do novo coronavírus e por reclamações de falta de diálogo com o Legislativo. Caso os deputados estaduais deem seguimento aos processos, o Brasil pode ter o primeiro caso de impeachment de um governador desde 1957. Naquele ano, a Assembleia Legislativa de Alagoas afastou Muniz Falcão, até hoje o único chefe de Executivo estadual impedido de continuar no cargo por decisão de parlamentares.

CURTAS

MUDANÇA DE ESTRATÉGIA – Para evitar o mesmo destino de Falcão, Wilson Witzel (PSC), do Rio, e Carlos Moisés (PSL), de Santa Catarina, estão tentando mudar a relação com os deputados estaduais, seja por meio da indicação de nomes que agradam ao Legislativo para cuidar da articulação política, seja pagando emendas prometidas aos parlamentares. Deputados ouvidos pelo Estadão ainda não estão certos se isso será suficiente. No Amazonas, a situação de Wilson Lima (PSC) parece mais tranquila, já que nem a oposição acredita que ele será afastado do cargo. Apesar de ter sido alvo de operação da Polícia Federal, o governador cultiva base suficiente no parlamento para evitar o processo.

CASO A CASO – O pedido de impeachment de Witzel cita as suspeitas de desvios na Saúde, que já levaram um ex-secretário, dois ex-subsecretários e outros envolvidos à cadeia. Já o pedido contra Lima alega fraude na compra de respiradores. O caso de Carlos Moisés, porém, não tem ligação com a pandemia. Assinado por um defensor público, o documento tem como foco o aumento supostamente indevido dado a procuradores do Estado sem a aprovação de projeto de lei na Assembleia Legislativa. Do grupo de governadores que surpreenderam nas urnas em 2018, Wilson Witzel (PSC) foi o primeiro a ter o processo de impeachment aberto, no dia 10 de junho. Suspeito de participar de desvios na Saúde, o governador fluminense vive, para além dos escândalos de contornos jurídicos, uma crise política.


Perguntar não ofende: A quem a Polícia Federal vai dar um bom dia ao longo desta semana?



"Governo Bolsonaro me usou", diz Sérgio Moro

Estadão

O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro disse em entrevista ao jornal britânico Financial Times que o governo de Jair Bolsonaro usou sua presença na equipe ministerial como desculpa para demonstrar que medidas anticorrupção estariam sendo tomadas.

O ex-ministro afirmou que o governo não estava fazendo muito e que esta agenda tem sofrido reveses desde 2018, quando Bolsonaro se elegeu.

"Uma das razões para eu sair do governo foi que não estava se fazendo muito (pela agenda anticorrupção)", disse Moro à publicação. "Eles estavam usando minha presença como uma desculpa, então eu saí. A agenda anticorrupção tem sofrido reveses desde 2018".

O FT lembrou que a saída de Moro foi marcada pela acusação de que o presidente Bolsonaro teria interferido politicamente na Polícia Federal. Um inquérito no Supremo Tribunal Federal investiga as declarações do ex-ministro.

Moro comentou que não se combate corrupção sem respeitar a lei e as instituições. "Ele mudou o diretor da Polícia Federal sem pedir minha opinião e sem uma boa causa. Não acho que dá para combater corrupção sem respeitar a lei e a autonomia das instituições que investigam e denunciam crimes."

Moro também comentou a aproximação de Bolsonaro com o Centrão, o "controverso bloco de partidos conhecidos por oferecer apoio em troca de cargos políticos", de acordo com o jornal. "No começo, o governo parecia evitar esse tipo de prática, mas hoje em dia não tenho tanta certeza".

Na semana passada, o Estadão mostrou que um dos motivos que fizeram integrantes do Centrão se aliarem a Bolsonaro é justamente o medo de uma possível candidatura presidencial de Moro em 2022. Sem um candidato próprio na direita ou mesmo da centro-direita, o grupo teme que um eventual afastamento de Bolsonaro fortaleça a eleição do ex-ministro caso Bolsonaro tenha o mandato interrompido ou em 2022. Quando era juiz da Lava Jato, Moro foi algoz de vários dirigentes do Centrão.

O ex-ministro também comentou sobre os vazamentos de mensagens atribuídas a ele a procuradores da Operação Lava Jato da época em que ele atuava como juiz federal em Curitiba.

As mensagens divulgadas pelo jornal The Intercept Brasil "machucaram a reputação da operação", de acordo com a publicação. "Não reconheço a autenticidade daquelas mensagens. Não havia nada lá que pudesse comprometer o caso", afirmou Moro.

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