Brasil : FORMIGAS ZUMBI
Enviado por alexandre em 12/05/2020 22:36:35

Apocalipse zumbi na Amazônia? Temos! Conheçam as formigas - zumbi

Apesar do cenário não ser exatamente como o que acontece nos filmes de ficção, podemos dizer que os zumbis existem sim, só que em vez de humanos, são formigas, e no lugar dos vírus, temos fungos.


Todo mundo algum dia já assistiu um filme de zumbi na televisão ou no cinema e já deve ter se perguntado sobre se seria possível algo do tipo acontecer na vida real. Bom, pelo menos na natureza, essa situação não só ocorre, como é bastante frequente!



Um desses casos de "zumbificação" na natureza é o que ocorre com alguns grupos de formigas distribuídas na Amazônia, que são transformadas em zumbis por diferentes tipos de fungos (Olha aí fãs do jogo The lastofus), como os do gênero Ophiocordyceps. Os fungos, para quem não se lembra das aulas de biologia, são seres macroscópicos ou microscópicos, que desempenham papel fundamental na natureza, especialmente por participarem da decomposição da matéria orgânica. Alguns fungos são especialistas em parasitar plantas ou animais, através do contato com corpo desses animais. No caso dos fungos do gênero Ophiocordyceps, algumas espécies se especializaram em parasitar as formigas, que são animais bastantes abundantes na Amazônia, com a finalidade de autopropagação e dispersão. Afinal, é dessa forma que esses fungos conseguem se reproduzir, e nada melhor do que contar com a ajuda de formigas, que podem se locomover grandes distâncias, até mesmo subir em árvores, aumentando assim o alcance reprodutivo desses fungos.

Formiga da espécie Camponotus atriceps parasitada pelo fungo do complexo Ophiocordycepslloydii. Nesse caso, a aparência esbranquiçada é causada quando o fungo que parasita a formiga é parasitado por outro fungo. (Foto: José Aragão Cardoso Neto).

Três grupos de fungos Ophiocordyceps foram recentemente estudados na Amazônia (Ophiocordycepsunilateraliss.l., Ophiocordycepskiniphofioidess.l. e Ophiocordycepsaustraliss.l.), e a forma como as formigas são transformadas em zumbis e o comportamento que elas apresentam depois disso, varia de fungo pra fungo, e depende também de fatores externos, como a umidade do lugar. Os fungos do grupo O. unilateraliss.l., por exemplo, só infectam formigas específicas, do gênero Camponotus, que são formigas terrestres.Nesse caso, o fungo infecta a formiga no solo por meio dos esporos.A formiga, sem saber que já está em processo de transformação, volta para o formigueiro e continua suas atividades normais. Só que após duas semanas (em média) o fungo começa a consumir ela internamente e alterar o seu comportamento, controlando o sistema nervoso, e induz a formiga a subir na vegetação, para um lugar mais alto. Antes da formiga morrer, o fungo faz com que a formiga morda a ponta de uma folha, fazendo com que ela se fixe, para que dessa forma ele desenvolva suas estruturas externas e complete todos os seus estágios de desenvolvimento.

Formiga da espécie Camponotus atriceps parasitada pelo fungo. Nesse caso, é possível observar as estruturas desenvolvidas pelo fungo saindo da cabeça da formiga. (Foto: José Aragão Cardoso Neto).


Fazer com que a formiga morra em um lugar mais alto, é uma estratégia interessante para o desenvolvimento do fungo e está relacionado a características do ambiente, como a umidade. Foi o que descobriu o biólogo José Aragão Cardoso Neto e seus colaboradores.Ele avaliou na natureza mais de 4 mil formigas infectadas, durante seu mestrado na Universidade Federal do Amazonas eos resultados dessa pesquisa mostram que a umidade afeta a altura da morte das formigas infectadas, chegando a dobrar a altura em alguns casos.Ou seja, quanto mais úmido o ambiente, maior a altura da morte da formiga. E isso pode ser uma grande vantagem ecológica para o fungo porque, com a formiga num lugar alto, o fungo consegue que seus esporos caiam numa área maior e infecte mais formigas. Esperto, não é mesmo?


Formiga da espécie Daceton armigerum infectada pelo fungo O. daceti. A formiga morre presa a um caule num lugar mais alto e, dessa forma, o fungo consegue com que seus esporos alcance um raio maior e infectando mais formigas (Foto: João Araújo).


Espero que tenham gostado de conhecer um pouco mais sobre os fungos Ophiocordyceps, e sobre como eles transformam as formigas em zumbis. E vocês aí achando que o apocalipse zumbi não passava de ficção, não é mesmo? Abraços de sucuri pra vocês e até ao próximo animal da nossa exuberante Amazônia!


Para saber mais:

Link para o artigo sobre como a umidade afeta a abundância e a altura que as formigas morrem. O artigo está em inglês e foi publicado pelos pesquisadores José Aragão Cardoso Neto (UFAM), Laura Carolina Leal (UNIFESP) e Fabricio BeggiatoBaccaro (UFAM). https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1754504819300960


Refugiados e imigrantes promovem cursos online durante isolamento

Com a chegada da pandemia de covid-19 e adoção do isolamento social para conter sua disseminação, refugiados e estrangeiros passaram a enfrentar dificuldades para garantir a renda. Com isso, iniciativas online começaram a ganhar destaque e permitiram que essa população pudesse trabalhar e compartilhar um pouco o que trouxe do país de origem, mesmo à distancia.

Culinária. (Foto:Divulgação/Migraflix)


O casal de venezuelanos Rosalva Cardona e Lester Silva, que chegou ao Brasil em 2015, fornecia comida para eventos, mas a necessidade da quarentena suspendeu os trabalhos. Eles começaram então a dar palestras online de culinária venezuelana, dentro da iniciativa da startup social Migraflix, promovendo trocas culturais no ambiente virtual.

"Assim que o Migraflix anunciou os workshops online, foi uma super opção para fazer algo que gostamos e que poderia ajudar economicamente nesta época de pandemia", disse Rosalva. Na Venezuela, o casal tinha uma escola de cozinha com experiências de jantares temáticos.

"[Com as palestras online] as pessoas podem conhecer e aprender a culinária de outros países em casa, agora que têm mais tempo para isso. A gente [pode] explorar uma ferramenta que vai ser muito mais usada agora, depois desta pandemia, vamos poder espalhar nossa cultura e culinária e aprender com a prática essas novas técnicas [online] de ensinamentos", acrescentou. Os temas das palestras realizadas pela Migraflix incluem culinária de diversos países, dança africana e colombiana, além da teatroterapia.

Rosalva ressaltou que a situação de imigrantes e refugiados neste momento é grave. "Muitos ficaram sem trabalho. Muitos têm pequenos empreendimentos e não estão recebendo praticamente ingressos [de clientes]. Outros não têm o que comer ou como pagar os serviços básicos de onde moram. Alguns foram desalojados por não ter como pagar aluguel".

Já o projeto OpenTaste, idealizado pela refugiada síria Joanna Ibrahim, era um espaço físico que recebia chefs de diferentes nacionalidades, imigrantes e refugiados, para cozinhar seus pratos típicos. Com o isolamento social e a impossibilidade de continuar cozinhando para o público, eles passaram a compartilhar os conhecimentos pela plataforma do projeto, mas por meio de aulas virtuais de gastronomia.

"Os benefícios dessa iniciativa é que ela ajuda as famílias a gerarem renda e permite contribuir com o isolamento social. Entendemos que esta crise que está acontecendo, essa pandemia, é uma coisa que pode levar tempo, então estamos começando isso para que as pessoas consigam realmente fazer um trabalho digno durante esse tempo", disse Joanna Ibrahim, fundadora do Opentaste e refugiada da Síria. Ela chegou ao Brasil em 2015, fugindo da guerra em seu país.


"Refugiados geralmente trabalham em eventos, fazendo entregas, só que quando entrou a crise [devido à pandemia], isso [a oportunidade de trabalho] baixou drasticamente, deixou pessoas realmente paradas. Então [essa iniciativa da Opentaste] ajudará, as pessoas conseguirão gerar mais renda para a família", afirmou Joanna.

Dança. (Foto:Divulgação/Migraflix)

Oportunidade de expansão


A organização não governamental Abraço Cultural oferece cursos de idiomas - inglês, espanhol, francês e árabe - e oficinas culturais, com professores refugiados e imigrantes em situação de vulnerabilidade, e metodologia voltada para as trocas culturais. Devido ao isolamento social, as aulas presenciais foram substituídas por aulas online ao vivo.

"Suspendemos as aulas por duas semanas para conseguir trabalhar nessa adaptação, fizemos uma formação com os nossos professores para poder usar as ferramentas online. A gente também entregou computadores para todos os professores que não tinham, comprou pacote de internet para eles, a fim de estar tudo estruturado para retornarem os cursos", disse a diretora executiva da entidade Mariângela Garbelini.

A experiência tem dado certo e permitiu a expansão do projeto. "Tivemos sempre bastante demanda por aulas online do Brasil todo, mas nunca tivemos muito tempo para estruturar isso. Então, agora vimos como uma oportunidade e começamos a oferecer aulas online particulares. Tem havido bastante procura, estamos bem felizes, vamos conseguir manter o salário dos professores, aumentar e, quem sabe no futuro, até contratar mais professores para atender a toda essa demanda, que vem também de brasileiros que moram fora", acrescentou.


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