Fachada do Banco do Brasil Foto: Reprodução Banco do Brasil entra no radar das privatizações Segundo fontes, tema já foi abordado em reunião do PPI. Primeiro passo seria convencer Bolsonaro a aceitar a venda O Globo - Por Manoel Ventura O ministro da Economia, Paulo Guedes, e sua equipe se preparam para iniciar um processo que pode levar à privatização do Banco do Brasil (BB), segundo fontes que acompanham de perto o programa de desestatizações do governo federal. O primeiro passo para essa medida será Guedes convencer o presidente Jair Bolsonaro a aceitar vender o banco público, de acordo com essas fontes. A privatização do Banco do Brasil, porém, não seria feita no curto prazo, podendo ocorrer até o fim do mandato, em 2022. Em nota, o Ministério da Economia informou que o governo Bolsonaro “não pretende privatizar Banco do Brasil, Caixa e Petrobras”. O banco não comentou. Apesar da negativa, o tema já é alvo de discussões dentro do governo. A privatização do BB chegou a ser abordada durante reunião do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), o braço de privatizações do governo federal, há duas semanas. Cheque especial : limitação dos juros pode afetar lucro dos bancos em 2020 — O ministro tenta convencer o presidente a já colocar o Banco do Brasil nas privatizações que serão enviadas ao Congresso no próximo ano, para deixar uma lista mais parruda — disse outra fonte que participa da interlocução com os parlamentares. O presidente da instituição, Rubem Novaes, é um dos grandes defensores da medida dentro do governo. Ele já chegou a afirmar que a privatização do Banco do Brasil seria inevitável . Em entrevista ao GLOBO, publicada no domingo, Guedes disse que uma privatização particularmente poderia render R$ 250 bilhões , sem especificar a qual estatal se referia. Duas empresas públicas, com ações negociadas na Bolsa de Valores, teriam potencial para superar as centenas de bilhões: BB e Petrobras. Segundo a consultoria Economática, o BB tem hoje valor de mercado de R$ 133 bilhões. A parcela que pertence à União equivale a R$ 66 bilhões. A economista Elena Landau avalia como positiva a eventual privatização do BB, mas defende que mais empresas sejam incluídas na lista. Nos próximos 3 anos : Nova estratégia fará BNDES vender até 90% das ações que detém em empresas — A privatização vai na linha do Banco Central de aumentar a competição do setor financeiro. A modelagem ter que ser nesse sentido. Tem que ter capital estrangeiro. Apesar de achar pouco, está no caminho certo — afirmou. Para ela, o único problema político que poderia ser um entrave à privatização seria o crédito agrícola: — O BB já mudou governança, fez desinvestimentos, está sendo preparado para venda. O único nicho de oposição no BB é o crédito agrícola. Guedes tem o desejo de vender todas as empresas públicas, mas sabe das dificuldades políticas e burocráticas para atingir esse objetivo. Por isso, emissários do ministro começaram a sentir o clima do Congresso sobre como determinadas privatizações seriam recebidas pelos parlamentares. É preciso lei específica para privatizar Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. A avaliação inicial de integrantes da ala política do governo foi que haveria pouca resistência a uma eventual privatização do BB, gerando menos dificuldades ao governo, enquanto deputados e senadores não aceitariam vender a Caixa. A equipe do ministro vê numa eventual privatização do Banco do Brasil uma maneira de baratear e diversificar o acesso ao crédito no país. O setor é considerado altamente concentrado e pouco competitivo por integrantes da equipe econômica. E essa concentração, dizem os integrantes do governo, pune consumidores e empresas. Por isso, a preferência seria que o banco fosse administrado por uma empresa estrangeira. O banco já vendeu sua participação na resseguradora IRB, fez oferta secundária de ações, e vendeu fatia na BB Seguridade, na Neoenergia, na Cibrasec e na SBCE.
Medida não tem apoio do governo Bolsonaro, que nomeou diretor da agência que pediu vista do processo e travou análise da questão; outro diretor pediu exoneração na última sexta-feira. Cultivo da cannabis para fins medicinais está sendo discutida na Anvisa desde 2014 Foto: MICHAELA REHLE / Reuters O Globo BRASÍLIA — A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve votar nesta terça-feira a regulamentação do uso medicinal de produtos à base de cannabis. A medida não tem apoio do governo Bolsonaro. Na semana passada, o ministro da Cidadania, Osmar Terra , chegou a publicar em sua rede social um protesto contra o presidente da agência, William Dib . Terra escreveu que Dib estava acelerando a tramitação do tema porque está no fim de seu mandato na Anvisa. "Ele tenta apressar em sintonia com o lobby de grandes empresas brasileiras e canadenses que cobram essa liberação. É o lobby da maconha funcionando a todo vapor!", escreveu Terra. Na semana passada, William Dib tentou colocar em pauta a votação do tema após os dois conselheiros que tinham pedido vista da questão , Antônio Barra Torres (indicado por Bolsonaro) e Fernando Mendes, afirmarem que já estavam com o voto pronto. Dib, que é relator das medidas que propõem regulamentação da produção de produtos à base de maconha, como o canabidiol, e do plantio controlado de maconha, propôs uma inversão de pauta para que os votos fossem lidos há uma semana. O diretor Antonio Barra argumentou, no entanto, que a votação deveria ficar para hoje para dar "trasparência" ao tema e proteger a diretoria colegiada de críticas. — Devemos primar pelo rito para que não haja nenhum arranhão — defendeu Barra. O diretor Fernando Mendes, que também tinha pedido vista, afirmou que seu voto estava pronto, mas também votou pela leitura apenas esta semana. O colegiado acabou decidindo deixar a discussão para esta terça-feira. Diretor favorável à regulação deixa a agência Às vésperas da reunião de hoje, um dos diretores da Anvisa, cujo voto esperava-se que fosse favorável à regulamentação, deixou a agência. Renato Porto, que estava na agência desde 2005, anunciou na última sexta-feira sua renúncia ao cargo. Seu mandato terminaria neste mês, assim como o de Dib. Porto escreveu uma carta de despedida aos servidores da Anvisa, mas não detalhou suas motivações. Em entrevista ao G1 disse, no entanto, que sai por compromissos pessoais e que seria “pura especulação” estabelecer uma relação entre sua renúncia e a possível votação de hoje. A partir de janeiro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro poderá ter maioria na diretoria da agência , que é composta de cinco integrantes. E já sinalizou que não deve indicar nomes entusiastas do cultivo da cannabis ou da venda de remédios derivados dela.
|