Política : Apareceu
Enviado por alexandre em 19/07/2011 19:40:43



Cahulla retorna à cena política, critica Governo e não descarta candidatura a prefeito

Após mais de seis meses de ‘anonimato’, o ex-governador João Cahulla (PPS), retornou à cena política nessa terça-feira (19), durante entrevista ao jornalista e advogado Arimar Souza de Sá, que comanda o programa A Voz do Povo, da rádio Cultura FM 107,9, retransmitido pela rádio Antena FM 98,3, de Alvorada do Oeste.
Cahulla fez críticas ao início de gestão do governador Confúcio Moura (PMDB), falou de seu ‘sumiço’ da mídia, criticou o prefeito da capital, Roberto Sobrinho (PT), e não descartou a possibilidade de disputar a prefeitura de Porto Velho.
“Eu não sumi. Na verdade, é natural que quando se estar no poder, o assédio seja maior. A bola da vez é o atual governador e encaro isso como um processo natural. Aproveitei esse tempo pra reorganizar a minha vida, para estar com a minha família e dei férias a mim mesmo, viajando com a minha esposa Marly Cahulla, descansando após 14 anos de trabalho. Após esse tempo, retomei minhas atividades empresarias, de onde sou oriundo ”, disse.
O ex-governador fez uma avaliação dos primeiros meses da gestão de Confúcio Moura (PMDB). “Cada Governo tem o seu estilo. Não gostaria de entrar no mérito. Mas, na minha concepção, um bom Governo se mede pelas ações iniciais. Quando se vai fazer a diferença, já nos primeiros dias, isso fica evidente. Quem é Governo e faz promessas futuras, para mim, não é uma coisa confiável, não demonstra a intenção de resolver”, afirmou.
Segundo João Cahulla, a recorrente e usual explicação de se botar a culpa no gestor anterior, faz parte da política. “Hoje, ao meu ver, o atual Governo é titubeante. Toma decisões e volta atrás. Isso é ruim. Por exemplo, ‘desnomeou’ secretário de Saúde, após críticas de deputados estaduais e voltou atrás na nomeação de defensor geral”, completou.
De acordo com Cahulla, ele não torce para o fracasso do Governo. “Pelo contrário, gostaria que ele cumprisse todas as promessas de uma administração perfeita, sem fichas sujas e com a nomeação somente de técnicos competentes. Um Governo que beneficiasse todos e construísse a tão falada ‘Nova Rondônia’, que parece não saiu do discurso ainda. O que vimos até aqui foram divagações e brigas entre secretários em pleno início de gestão. E isso me preocupa como cidadão e como uma pessoa que conhece por dentro a gestão pública ”, contou, acrescentando que “se prometeu muito e quase nada se fez. É hora de colocar em prática o que prometeu”.
Ele lembrou que no início da gestão do ex-governador Cassol, ele herdou um Estado problemático, mas não ficou se lamentando ou culpando os antecessores. “Me recordo que o orçamento estadual, que era de R$ 1,2 bilhão, só foi aberto em abril. Neste ano, deixei o orçamento aprovado e sancionado para o atual governador, de R$ 5,2 bilhões. Ainda tínhamos a Assembleia Legislativa contra”, relembrou.
Cahulla rebateu as acusações de ter deixado o Estado endividado e sem recursos em caixa para a quitação de seus débitos. “O atual governador faz jogo de cena e de números, para confundir a opinião pública e tentar justificar a sua inoperância. Em janeiro, a arrecadação cresceu R$ 120 milhões, em relação a janeiro de 2010. E tem mais, as dívidas deixadas, em sua maioria, são dívidas correntes, de situações corriqueiras de administração, que são pagas no mês subseqüente. Não tem como se pagar essas despesas dentro do mês, ou seja, muita coisa de dezembro, fica pro gestor posterior pagar, em qualquer administração do país”, alfinetou.
João Cahulla desafiou o atual governador a não deixar nenhuma dívida, quando entregar o Governo. “A não ser que mude a lei, é impossível ser pago tudo. Uma empresa que prestou serviço de limpeza no Hospital de Base, por exemplo, não tem como pagá-la o mês de dezembro, pois somente se paga quando se fecha o mês. E no dia 31 de dezembro, nada mais pode ser pago”, observou.
Sobre desavenças com Cassol e falhas na campanha
O ex-governador negou que tenha havido uma desavença entre ele o senador licenciado Ivo Cassol (PP). “Nada disso é verdade, é boato plantado pela oposição, que torce contra. Eu e o senador Cassol temos um relacionamento muito bom. Sempre fomos de discutir as coisas, mas sempre com respeito mútuo. Nessa parceria de anos, eu fiz a minha parte, cheguei ao Governo e fiz uma boa gestão, recebendo uma ótima votação, mas o povo preferiu outro nome e respeitamos essa vontade popular”, garantiu.
Ele reconheceu que a briga interna no grupo, com a saída do senador cassado, Expedito Júnior, prejudicou a sua candidatura. “Esse racha, culminou com prejuízos eleitorais para todos. O Expedito tinha o direito legítimo de pleitear um cargo. Mas, ele sabia que sua candidatura sofreria dificuldades com a lei do ficha limpa, mas ainda assim insistiu e deu no que deu”, comentou.
Ainda sobre a campanha eleitoral, ele disse que “se houve erro, foi com a intenção de acertar. Tenho testado a minha popularidade e onde vou, sou bem recebido e tratado com respeito e carinho. Ando de cabeça erguida. Avalio que o nosso grande erro foi não termos entrado em acordo com os sindicatos. Isso foi muito ruim e eu reconheço como um erro. Hoje, avalio essa nossa posição e acredito que podíamos ter feito diferente. Mas, faz parta da nossa vida e tenho a humildade de reconhecer esse deslize”, completou.
Críticas ao prefeito da capital
O ex-governador relatou que ouviu uma recente entrevista do prefeito da capital, Roberto Sobrinho (PT), onde ele teria dito que agora, Porto Velho recebia apoio do Governo. “Ele sempre colocou a briga política acima dos interesses da população. Eu liguei três vezes pra ele, quando governador, para assinarmos a liberação de R$ 1,7 milhão do Fitha, para recuperar estradas vicinais do município, e ele não mostrava nenhum interesse”, criticou.
Ele disse ainda que Porto velho foi o único município que recusou-se a receber ônibus escolar, dos 200 adquiridos por sua gestão. “Sobrinho se recusou a receber ônibus para a prefeitura, mas mesmo assim, entreguei 10 veículos para as Irmãs Marcellinas, que hoje são usados pelos alunos. Ou seja, quem é que sempre colocou obstáculos para uma parceria?”, questionou.
Para Cahulla, o prefeito tem a capacidade de dizer que foi um grande dele, ter colocado semáforos nos viadutos inacabados. “Desde 2008 que nós, motoristas, sofremos. Mas, só agora o prefeito teve a brilhante idéia de colocar semáforos. Numa mostra de que ele não tem planejamento e nem compromisso com a cidade”, detonou.
João Cahulla relatou ainda que as máquinas do Governo do estado atuam desde 2008 na Ponta do Abunã, abrindo estradas e realizando serviços. “O prefeito abandonou os distritos e isso é publico e notório. Nós fizemos asfalto, escolas, estradas e outros benefícios para toda a região. Mas, agora, o prefeito vem dizer como sendo uma ação nova a melhoria de estradas vicinais pelo Governo. É preciso ter seriedade para se falar a verdade”, completou.
Cahulla é o único que não recebe aposentadoria de ex-governador
Cahulla informou que, dentre todos os ex-governadores, é o único que não recebe a aposentadoria, conforme assegura a lei. Ele atribuiu o fato a uma retaliação pessoal do governador atual. “Eu sou contra o pagamento de aposentadoria a ex-mandatários, mas a lei me garante e se tem pros demais, meu direito deve ser respeitado. Ou acaba pra todos, ou mantém pra todos”, desabafou.
Segundo ele, todos os demais ex-governadores recebem o mesmo valor do salário do governador, cerca de R$ 22 mil por mês. “Piana, Santana, Raupp, Cassol e Bianco continuam recebendo a aposentadoria. Inclusive, a Assembleia faz uma propaganda bonita dizendo que acabou com o benefício, o que não é verdade. Acabou com a aposentadoria de governador, a partir de Confúcio Moura. Quem já tem assegurado o direito legal, não será penalizado”, alertou.
Candidatura a prefeito não é descartada
Para finalizar a entrevista, Cahulla disse que não descarta uma eventual candidatura a prefeito de Porto Velho. “Estou transferindo o meu domicílio eleitoral para Porto Velho, onde resido desde 2002, e vou participar das eleições municipais sim. Sou um soldado e se houver a possibilidade, não vou fugir da briga e entrar na disputa. Mas, isso depende do nosso grupo e da população. A cidade está crescendo e precisa se desenvolver e posso contribuir com esse desenvolvimento como prefeito”, finalizou.

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