Política : NO OLHO DA RUA
Enviado por alexandre em 12/09/2019 08:28:05

Desobediência a Bolsonaro levou a queda de Cintra

Desobediência a ordem expressa de Bolsonaro foi gota d’água e levou à queda de Cintra.

Foto/fonte: Brasil247

Da Folha de S. Paulo - Painel

Por Daniela Lima

 

Jair Bolsonaro ficou especialmente irritado e mandou demitir Marcos Cintra porque viu na divulgação de detalhes da proposta de recriação da CPMF uma desobediência a pedido feito pessoalmente por ele à equipe econômica. Antes de ser internado para sua quarta cirurgia, o presidente foi ao ministério e solicitou que o assunto não fosse esmiuçado até que ele saísse do hospital. Ressaltou que não estava convencido e pediu que o aguardassem para dar rumo à reforma tributária.

Este último episódio acabou sendo a cereja do bolo no processo de fritura de Cintra, agora ex-secretário da Receita. Bolsonaro estava insatisfeito e fazia críticas ao trabalho dele no órgão a outras autoridades, sem qualquer cerimônia, há meses.

O presidente costumava dizer que Cintra era uma boa pessoa, mas que não tinha condições de controlar a Receita. Depois disso, Paulo Guedes (Economia) começou a confidenciar que, dado o rumo da coisa, não seria possível manter o secretário no cargo por muito tempo.

No dia 15 de agosto o Painel relatou que a cabeça do então chefe do fisco estava à prêmio.

Na noite desta terça (10), mais de 12 horas antes da exoneração de Cintra, membros da Receita já especulavam, junto a parlamentares, que a queda do chefe era certa.

Na Câmara, o debate sobre a criação de um novo tributo nos moldes da CPMF é considerado natimorto. O DEM, partido dos presidentes do Congresso, liderou a derrubada da contribuição no passado. Assumir sua volta seria uma derrota política, na avaliação de integrantes da sigla.



Banqueiro: Cintra era economista anacrônico

Marcos Cintra era economista anacrônico, afirma banqueiro. Presença de secretário na equipe econômica não era condizente com quadro montado por Guedes, diz Ricardo Lacerda.

Ex-secretario especial da Receita Federal, Marcos Cintra (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Da Folha de S. Paulo - Painel S.A.
Por Joana Cunha

 

Para opositores da CPMF, a queda de Marcos Cintra ajudará a deslanchar a reforma tributária. O secretário da Receita, que defende o modelo de imposto único desde 1990, era um "economista anacrônico e pianista de uma nota só" neste governo, na opinião do presidente do banco BR Partners, Ricardo Lacerda, que foi aluno de Cintra na FGV no passado. "Sua presença na equipe econômica não estava condizente com o quadro de excelência montado por Paulo Guedes", diz ele.

A turbulência desta quarta-feira (11) teve um desfecho favorável, na visão do banqueiro. "A sinalização do presidente Bolsonaro de que não haverá aumento da carga tributária é extremamente positiva", afirma Lacerda.

Na outra ponta do racha formado entre as versões de reforma tributária, houve lamento pela saída de Cintra. "Perdemos um aliado, mas vamos continuar lutando", diz Luigi Nese, vice-presidente da CNS (Confederação Nacional dos Serviços), que via oportunidade de tributação mais branda no modelo defendido pelo ex-secretário. 

O economista José Marcio Camargo, da PUC-RJ, viu dois lados na demissão de Marcos Cintra. Como representante da CPMF, sua ausência ajuda a tirar a polêmica do meio do caminho. "Por outro lado, dificulta a questão da desoneração da folha de pagamento", afirma. 

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