Política : APROVAÇÃO
Enviado por alexandre em 08/08/2019 08:48:43

Mourão chama deputados de "soldados", e bate continência

Depois de a Câmara dos Deputados aprovar em 2º turno a reforma da Previdência, o vice-presidente Hamilton Mourão chamou os deputados de “soldados ardorosos” e bateu continência em homenagem a eles. Segundo Mourão, a aprovação da reforma na Casa se deu devido a um trabalho conjunto entre o Executivo e o Legislativo.

“Eu gostaria de cumprimentar a todos os nossos deputados pela brilhante vitória que obtiveram hoje. Esse trabalho conjunto do Executivo e Legislativo nas busca das reformas que vão colocar o nosso país no rumo daquilo que nós esperamos tem sido fundamental e cada um dos nossos deputados tem sido um soldado ardoroso e com a consciência mais do que clara e com determinação e com paciência construíram essa vitória dentro da Câmara dos Deputados. Como soldado que ainda sou, minha continência a todos eles”, disse.

A declaração foi dada na noite desta quarta-feira (07) em jantar de lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura e Tradição Gaúcha e de lançamento dos Festejos Farroupilhas 2019, realizado no CTG Jayme Caetano Braun, em Brasília. Na ocasião, os organizadores do evento cantaram parabéns para o vice-presidente, que completa 66 anos na próxima semana, em 15 de agosto.

A frente parlamentar foi criada em 10 de junho na Câmara dos Deputados com 198 assinaturas de representantes dos 26 estados brasileiros mais o Distrito Federal. O grupo tem como objetivo valorizar o tradicionalismo gaúcho –cultura construída por índios, negros e colonos imigrantes, com homens e mulheres unidos por seus costumes, crenças, riquezas, hábitos e conhecimentos– além de articular com o poder Executivo iniciativas de preservação da cultura.

O evento começou oficialmente às 20h40, mesmo momento em que os deputados votavam a reforma da Previdência. Alguns membros da bancada deixaram o evento para ir ao Congresso participar da votação, como o deputado Santini (PTB-RS), coordenador da frente parlamentar.

A presença do presidente Jair Bolsonaro estava confirmada em sua agenda, no entanto, ele não compareceu. Ao fim, após a aprovação, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi ao jantar e elogiou a iniciativa da bancada do Rio Grande do Sul de criar a frente parlamentar.

Também estiveram presentes no lançamento: os ministros Osmar Terra (Cidadania), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública); o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB); o ex-ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo), entre outras autoridades. Todos jantaram no evento em uma área reservada e cercada por seguranças. Na ocasião, foi servido o tradicional churrasco gaúcho e acompanhamentos.

No evento, diversos grupos de dança fizeram apresentações. Figuras de destaque na cultura rio-grandense também estiveram presentes, como o presidente da Campeirada Internacional de Alegrete, Cléo Trindade; e o fundador da Escola do Chimarrão, Pedro Schwengber.

Sessão da votação dos destaques da reforma da Previdência na Câmara.

Agora, a reforma da Previdência está nas mãos do Senado. O texto da mais ambiciosa mudança econômica planejada pelo Governo Bolsonaro para este 2019 avançou sem dificuldades em seu teste final na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira e será votada pelos senadores nas próximas semanas. Em votação em segundo turno, os parlamentares rejeitaram os oito destaques apresentados – em sua maioria pela oposição — para excluir algum trecho da proposta aprovada no início de julho. Na madrugada, o plenário já tinha aprovado o texto-base, em segundo turno, com um placar folgado de 370 votos favoráveis a 124 contrários. O número mínimo de votos necessários era de 308.

A aprovação do texto na Câmara, num Governo Bolsonaro que nem sequer tem maioria parlamentar estável no Congresso, coroa a liderança de Rodrigo Maia como um grande articulador das mudanças da Previdência, tidas como um ponto de inflexão para outras reformas econômicas de corte liberal ansiadas por empresários e investidores. Quando foi reeleito presidente da Câmara neste ano, Maia encampou a proposta de reforma de Paulo Guedes/Bolsonaro e teve o apoio de um amplo bloco na Casa, desde o centro até à direita e a extrema-direita. Teve ainda como seu avalista o mercado financeiro. O deputado sempre frisou que a atual proposta que chega ao Senado tem mais a “cara” da Câmara do que a do Planalto.

Com a conclusão desta segunda votação na Casa, o texto da reforma, que prevê entre os principais pontos uma idade mínima para se aposentar de 62 anos para as mulheres e 65 anos para os homens, segue agora para as mãos dos senadores, onde também terá que passar também por duas votações, com o apoio de, ao menos, 49 dos 81 senadores. Antes, entretanto, o texto terá que ser analisado na Comissão de Constituição e Justiça da Casa. A expectativa do Governo de Jair Bolsonaro é que em setembro ela seja promulgada.

Os senadores ainda devem apresentar uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) paralela, para estender a reforma aos servidores públicos de Estados e municípios, atentando a pedidos de governadores e prefeitos.

Todos os destaques rejeitados

Nas últimas semanas, havia uma expectativa de que o destaque apresentado pelo PC do B, que propunha retirar a possibilidade da pensão por morte ser menor que um salário mínimo (998 reais) caso o dependente tenha outro tipo de renda formal, fosse aceito por se tratar de um tema sensível e que afeta, principalmente, mulheres pobres. A grande maioria dos parlamentares, entretanto, resolveu manter  essa regra da proposta. Dessa maneira, quando uma viúva já receber uma aposentadoria ou uma renda formal, sua pensão poderá ser inferior ao valor do salário.

Para evitar uma derrota neste destaque, o Governo editou uma portaria, na véspera da votação em segundo turno, detalhando o que significa exatamente uma renda formal e garantindo que nenhum pensionista terá renda inferior ao salário mínimo. O anúncio acalmou um pouco os ânimos das bancadas mais críticas às alterações.

Todas essas alterações cobraram um preço na estimativa de corte de gastos da equipe econômica do ministro Paulo Guedes. A proposta inicial estimava uma economia de 1,2 trilhão de reais nos gastos previdenciários em dez anos. A versão aprovada até agora, no entanto, já estima uma economia menor, de 933 bilhões de reais.

Qual a cara da reforma que chega ao Senado

A fixação de uma idade mínima, de 65 anos para homens e 62 para mulheres está no cerne do texto  pondo fim as aposentadorias apenas por tempo de contribuição —muitas vezes precoces—, que hoje exigem aporte de 30 anos para mulheres e 35 para homens.  A proposta aprovada na Câmara estipula um tempo de contribuição no setor privado de 20 anos para homens e 15 para mulheres e, no setor público, 25 anos para ambos.

O texto aprovado nesta quarta-feira eleva ainda as alíquotas de contribuição para servidores públicos acima do teto do Regime Geral (atualmente 5.839 reais) e estipula regras de transição para os atuais trabalhadores. A proposta também modifica o cálculo do valor do benefício, que será a partir da média de todas as contribuições. Atualmente, é permitido excluir os 20% menores salários.

A pensão por morte não será mais integral caso o texto seja promulgado. O pagamento será de 50% da aposentadoria recebido pelo segurado ou do valor que ele teria direito, mais 10% por dependente (incluindo a viúva ou o viúvo). A reforma também prevê cortes no pagamento no caso de acúmulo de benefícios (como por exemplo, aposentadoria e pensão). O com menor valor sofrerá desconto.

Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia