Regionais : Ataque com fins políticos foge do padrão de hackers no Brasil, aponta estudo
Enviado por alexandre em 17/06/2019 08:29:47

BSB - Brasília - Brasil - 10/08/2016 - Palestra do Juiz Sérgio Moro sobre democracia e combate à corrupção na UniCEUB. Na foto: Juiz Sérgio Moro passando atrás do promotor Deltan Dallagnol drante a sua chegada no auditório da UniCEUB. Foto Aílton de Freitas/ Agência O Globo Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo

A invasão de meios eletrônicos para obtenção e divulgação de dados pessoais por motivações políticas, suspeita que envolve o vazamento de conversas do ministro da Justiça Sergio Moro e do coordenador da Lava-Jato Deltan Dallagnol , foge do padrão de atuação dos hackers no Brasil . Relatório publicado em abril deste ano pela Recorded Future , empresa americana especializada em segurança digital, aponta que os cibercriminosos brasileiros são vistos na comunidade internacional como “piratas”, isto é, um grupo com boa capacidade técnica e que prioriza ataques com fins financeiros.

Segundo o analista Ronaldo Vasconcellos, um dos autores do documento, ataques como os que atingiram o atual ministro da Justiça e procuradores da República representam uma ação quase inédita no Brasil. As investigações ainda não esclareceram se tentativas de invasão dos celulares, denunciadas por Moro e Dallagnol, foram perpetradas por uma pessoa ou um grupo, tampouco a nacionalidade dos envolvidos.

— É uma coisa nova. A questão é se isso foi feito por pessoas motivadas politicamente a expor o que achavam que estava errado, ou se foi uma operação apenas para causar instabilidade institucional, diz Vasconcellos.

Os raros casos de atuação política de hackers brasileiros costumavam se dar com os chamados “defacements”. A prática se assemelha a uma pichação: um site é invadido e, em seu lugar, é colocada uma página com textos críticos ou mensagens de cunho político.

No estudo, membros da Recorded Future acessaram grupos de WhatsApp e Telegram que reúnem hackers. Segundo o documento, os cibercriminosos brasileiros misturam elementos de hackers de outros países. Assim como os chineses, eles trocam experiências em aplicativos de mensagens, indicando uma organização pouco hierárquica.

Os hackers também usam os grupos para oferecer serviços, como as “telas fake”, kits que permitem a captura de dados bancários e de cartão de crédito das vítimas. Os preços variam de R$ 150 a R$ 250. A obtenção de dinheiro por meio de ataques cibernéticos aponta, segundo o relatório, uma semelhança com o modo de atuação de hackers russos.

De acordo com a Recorded Future, os hackers brasileiros se adaptam a partir das reações tanto da polícia como de seus alvos, sobretudo bancos. Com o crescimento da segurança do “internet banking” em computadores, por exemplo, eles passaram a focar em brechas de transações bancárias feitas pelo celular.



O ministro da Justiça, Sergio Moro, deve comparecer na quarta-feira (19) à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado para se explicar sobre as conversas que teve com o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato. O pedido de audiência foi feito pelo próprio Moro na 3ª feira da semana passada.

Na época em que as mensagens foram trocadas, Moro era juiz federal. A comunicação entre membros do Poder Judiciário e do Ministérios Público e a troca de informações sobre processos é considerada ilegal pela Constituição Brasileira.

Na última quarta-feira (12), a Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados também aprovou um convite para que moro se explique na Casa. O requerimento é de autoria do vice-líder do PT, deputado Rogério Correia (MG). Como trata-se de um convite e não de uma convocação, o ministro da Justiça não é obrigado a comparecer.

De acordo com congressistas, Moro também deve prestar depoimento na Câmara em 26 de junho, antes do recesso parlamentar.

As conversas entre Moro e Dallagnol foram divulgadas pelo site The Intercept e vão do período de 2015 a 2017. Elas mostram o então juiz dando orientações sobre procedimentos da operação.

Em nota, o ministro disse que não viu “nada de mais”  no conteúdo da conversa. Moro foi defendido por Bolsonaro, pela cúpula do governo e por grupos na sociedade que apoiam a operação Lava Jato.

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