Regionais : Fernando Prado diz que ensino básico de má qualidade prejudica a formação superior
Enviado por alexandre em 07/07/2011 14:49:56



O professor Fernando Prado, da Uniron, foi o entrevistado desta quinta-feira (07) do programa A Voz do Povo, da rádio Cultura FM 107,9, comandado pelo jornalista e advogado Arimar Souza de Sá.

“O ensino superior ainda decepciona, infelizmente. A universalização do ensino superior no Brasil, na gestão do ex-ministro Paulo Renato Souza, permitiu que nos últimos 20 anos, se abrissem inúmeras faculdades, num processo relativamente fácil, mas a base, o ensino fundamental e médio foi esquecido”, disse ele.

Prado declarou que “falta base, falta alicerce. A União gasta mais no ensino superior do que no básico. Os alunos estão mal alfabetizados, muito tem dificuldade para compreender um texto. Um aluno custa cerca de R$ 15 mil ao ano na universidade pública, enquanto o aluno do ensino médio custa cerca de R$ 3 mil”.

Segundo ele, para mudar o quadro, é decisivo melhorar a base. “Para mudar, vamos falar no cenário nacional. O MEC se preocupou com a quantidade de faculdades e de alunos de ensino superior. Muitos criticam as universidades particulares, pela má qualidade, mas a maioria dos alunos que recebemos precisam de um curso de melhoria, para que possa dar continuidade ao curso superior”, afirmou ele, acrescentando que “hoje, 75% dos estudantes do ensino superior estão na rede privada”.

Ele garantiu que a exigência sobre os professores tem sido uma crescente. “São muito mestres e doutores. Dificilmente apenas com uma graduação ou especialização, o indivíduo pode ser professor universitário. Todas as particulares são obrigadas a fazer uma avaliação dos professores”, assegurou.

Fernando Prado observou que “é importante se formar profissionais voltados para o mercado regional. Muito se fala que Rondônia tem um potencial agropecuário, mas as faculdades tem dificuldades para preencher as vagas em curso como agronomia e zootecnia. Tem algo errado nisso”.

Ele criticou a forma como o Enade é aplicado hoje. “O Enade, que é aplicado aos acadêmicos em dois momentos: no ingresso e no encerramento do curso, na minha opinião, falta mais comprometimento dos alunos. Muitos se ‘vingam’ da universidade, fazendo uma prova do Enade ruim”, completou.

O professor lamentou que existam muitas vagas ociosas nas faculdades. “Tem muitos cursos já esgotados. É preciso estimular a formação de novos profissionais para novos mercados de trabalho. Como exemplo, a Odebrecht fez parceria com a Uniron para formar mão-de-obra. Hoje, o mercado exige um profissional com uma formação mais ampla. Hoje, tem cursos que não formam turmas, enquanto outros tem uma demanda enorme. É preciso que as novas carreiras sejam valorizadas”, destacou.

Ele disse ainda que “as faculdades vão até um certo ponto. Elas vão completar a sua formação até o limite, depois fica por conta do profissional”.

Prado disse ainda que os cursos de baixa duração e o ensino à distância são uma realidade no país. “De uns anos pra cá, o Governo Federal abriu cursos de baixa duração, com formação em tecnólogos. Esses cursos vieram com um modelo americano aplicado no Brasil. Já o ensino à distância é uma modalidade que veio para ficar. A premissa é atingir públicos distantes, em locais longínquos. Mas, muitas vezes, os alunos desanimam e acabam abandonando, pela falta de hábito de estudar em casa”, finalizou.

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