Mais Notícias : Estrago institucional pode afetar a reforma
Enviado por alexandre em 22/03/2019 07:54:12


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 





Coluna do Estadão

Qualquer que seja a decisão sobre o recurso do ex-presidente Michel Temer, o sentimento no mundo político é de que o estrago institucional já foi feito pela Lava Jato. Se a prisão for revogada nas cortes superiores, ficará a impressão de que os “traidores do povo” outra vez serão os altos magistrados em conluio com a “velha política” e, assim, a escalada da crise seguirá turbinada.

Por isso, enquanto bolsonaristas comemoravam as prisões, líderes avaliavam não haver mais clima favorável para a reforma da Previdênciae o pacote de Sérgio Moro.

Além de uma bancada ainda relevante, o MDB possuiu parlamentares influentes no Congresso e Temer, que já presidiu a Câmara e o País, mantém bom trânsito em várias bancadas.

Um líder observa que nem mesmo Sérgio Moro teve coragem de deter o ex-presidente Lula em prisão preventiva. O petista só foi para o cárcere depois da condenação em segunda instância.

Dentro do MDB, a sensação ontem era de que o partido sai ainda mais desgastado do episódio, mas, se os bolsonaristas continuarem comemorando as prisões, poderão também perder com a operação autorizada por Marcelo Bretas. Correm o risco de machucar o único parlamentar capaz de levar adiante a reforma da Previdência hoje na Câmara: Rodrigo Maia, genro de Moreira Franco.


Rumor: deleção premiada na cola de um dos ministros do Supremo

O STF (Supremo Tribunal Federal) voltou a entrar em alerta na quinta (21), com rumores de que uma delação premiada pode atingir, ainda que indiretamente, um dos ministros do tribunal.

Os CDS (Credit Default Swap) brasileiros, espécie de papel que funciona como um seguro contra a inadimplência de um país, dispararam na quinta (21) depois da prisão de Michel Temer. 

Eles chegaram a 166 pontos, contra 160 em dias anteriores.

Nada, no entanto, parecido com os 309 pontos que alcançaram na época da campanha presidencial.

Para o economista André Perfeito, da Necton, a prisão estava sendo percebida como algo que poderia piorar o já conturbado ambiente político, dificultando a reforma da Previdência. (Mônica Bergamo – Folha do S.Paulo)


Fim da linha

Por Arthur Cunha – especial para o blog

A iminente prisão do ex-presidente Michel Temer, concretizada ontem, deu um fim quase cinematográfico à carreira política de um dos principais caciques do MDB pós-redemocratização. Encerra, também, a hegemonia de um grupo de corruptos que tomou de assalto o partido de Ulysses Guimarães e Tancredo Neves; e manchou a imagem combativa do antigo PMDB, referência na luta contra o regime militar. A derrocada do ex-presidente e do ex-ministro Moreira Franco, também detido ontem, foi a cereja do bolo nesse processo de desgaste eterno ao qual a sigla vem sendo submetida desde que essa tropa ascendeu ao poder.

Some-se a esse cenário de caos para os bandidos as prisões de Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves; a derrota nas urnas de Romero Jucá e Edson Lobão; além da aposentadoria de José Sarney, que deixou a vida pública pela porta dos fundos. A prisão de Temer traz, ainda, outro triste símbolo para a nossa Democracia: a humilhação da Presidência da República enquanto instituições. Logo ela, que deveria ser a mais respeitada. Temos a vergonhosa estatística de dois ex-presidentes presos por corrupção. Que chaga!

Alheio (ou não) à fim do caciquismo emedebista, uma liderança ainda continua de pé, apesar dos revezes que tem recebido: Renan Calheiros – o coronel das Alagoas tem sobrevivido (não sei até quando) às rajadas diárias que recebe. Ironicamente ou não, Renan continua aí, assistindo seus aliados de outrora caindo um a um. Sabe que a mira está apontada para. Mas é dotado de um instinto de sobrevivência aguçado. Vai fazer de tudo para não cair. Eu fico imaginando o que pensou o velho Renan no seu íntimo ao ver a notícia da prisão de Temer. No fundo, ele sabe que seu dia está chegando.

O futuro do MDB, assim como a maioria dos partidos poderosos do passado, ainda é incerto. O partido tem poucas lideranças emergentes capazes de aglutinar; nenhuma tem mostrado força e capacidade de unir em torno de sua liderança as outras forças regionais que formam essa colcha de retalhos partidária. Os líderes remanescentes, distante do moribundo núcleo de poder, a exemplo do senador Jarbas Vasconcelos, estão mais próximos da aposentadoria do que qualquer outra coisa. Se não se reinventar, o MDB pode estar fadado ao mesmo destino de outras siglas, como o antigo PFL: a mediocridade. E isso nunca teve cara de PMDB. Nem quando se fala do de hoje, corrupto que só ele. É aguardar para ver; a história está sendo escrita. 

Chefe da quadrilha – Chama atenção os termos usados pelos procuradores do MPF para descrever as ações do grupo do ex-presidente Michel Temer, que levaram ele e outros figurões para a cadeia. Foi de “organização criminosa” à “máfia”. A quadrilha chefiada pelo emedebista tem recebido propina para favorecer empresas do setor portuário há mais de 40 anos. Ou seja, um criminoso de colarinho branco. Um gângster! Cadeia nele e na sua turma! #DentroTemer.

Chuva de memes – A prisão de Michel Temer produziu uma chuva de memes engraçadíssimos ao longo do dia. De Gilmar Mendes atendendo ao sinal do Batman à imagem de fogos no Réveillon da Austrália, onde o ministro do STF já teria determinado a soltura do emedebista. O próprio Temer foi retratado de todas as formas – um áudio com uma risada para lá engraçada teria sido a reação de Dilma Rousseff ao ver a notícia. Até para José Sarney sobrou. Ele aparece em uma foto de óculos escuro chamando os correligionários de “amadores”.

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