Mais Notícias : Precisa-se de médicos
Enviado por alexandre em 21/11/2018 10:27:10

Precisa-se de médicos

Por Arthur Cunha – especial para o blog

A polêmica dos cubanos do Mais Médicos trouxe à tona novamente um debate ético e moral acerca da profissão no Brasil. Ora, o argumento técnico para justificar a criação do programa foi a necessidade real da ida de médicos para os grotões Brasil adentro. Quem vive nesses pequenos municípios sente na pele o que é ficar doente e não ter como ser atendido; tendo, muitas vezes, que viajar vários quilômetros para poder se tratar.

A celeuma política em torno do programa nos faz atentar para a triste realidade de que a maioria dos nossos médicos preocupa-se mais com status do que com seus pacientes. Está lá escrito bem claro no Juramento de Hipócrates, que todo profissional precisa fazer ao se formar. “Os deveres que o médico deve ter para com o professor, e para com a profissão, são: a integridade de vida, a assistência aos doentes e o desprezo pela sua própria pessoa”, diz o texto do homem que foi considerado o Pai da Medicina.

No Brasil, infelizmente, um grande número desses profissionais se nega a trabalhar longe dos grandes centros urbanos. Os chamados “médicos de shopping” saem da faculdade mais preocupados em ganhar dinheiro do que em salvar vidas. É uma triste realidade, mas é o que percebe na prática.

Pergunte a um prefeito de cidade do interior sobre a dificuldade em se achar um plantonista para o hospital local; ainda que se ofereça diversos benefícios, a exemplo de bons salários – no Mais Médicos, a remuneração é de R$ 11,8 mil/mês –, flexibilidade de horário e até moradia em muitos casos.

As entidades sindicais médicas, que estimularam a categoria a protestar contra o então Governo Dilma, que começou o programa, deveriam, agora, cobrar dos seus filiados a hombridade e a responsabilidade profissional de ir até onde se precisa para oferecer uma assistência digna ao povo. No Brasil, precisa-se de médicos. Fica o apelo.

Drible – Telegramas da embaixada brasileira em Cuba comprovaram o drible que a administração Dilma Rousseff e a Ditadura da ilha deram no Congresso brasileiro durante a criação do Mais Médicos. Para evitar a necessidade de um aval por parte de deputados e senadores, o governo brasileiro resolveu triangular o negócio. Ficou assim: o Brasil paga à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que, por sua vez, contrata Cuba. Tudo isso para dar um verniz legal à “doação” de 70% do seu salário que os médicos cubanos eram “gentilmente” obrigados a fazer. Um escracho.

Substituição – Jair Bolsonaro (PSL) adiantou, na condição de presidente eleito, que não toleraria as regras da parceria Brasil/Cuba no Mais Médicos, por meio da qual os cubanos só ficam com 30% da sua remuneração de R$ 11,8 mil, e sem o direito de trazer a família. Bolsonaro até acertou em se levantar contra essa prática. Mas errou feio em tornar sua posição pública sem ter um plano de contingência para evitar o comprometimento do atendimento aos pacientes que estão ficando desassistidos com ida dos médicos cubanos de volta para a ilha. No Brasil real, com problemas reais, a retórica de internet do presidente eleito pode ser um tiro pela culatra.

Defesa – Na campanha, Jair Bolsonaro (PSL) bradava que, uma vez presidente, não convocaria para seu ministério ninguém envolvido com corrupção. Pois bem, ele já fez isso em mais de uma ocasião. Ontem, foi a vez de o presidente eleito anunciar o nome do seu futuro ministro da Saúde. Trata-se do deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM), investigado pela Procuradoria-Geral da República por suspeita de favorecimento de duas empresas do setor médico quando era secretário no Mato Grosso do Sul. Só faltou Bolsonaro dizer que ele se arrependeu. Sei...

Projeto falido – O vereador Marcos Di Bria (DC) tentou, sem sucesso, vaga na Alepe nas eleições de outubro. A ideia do parlamentar era, com o mandato de estadual, trabalhar para eleger o filho, Júnior Di Bria, para a Câmara do Recife, em 2020. Agora, as contas são outras. A sua própria reeleição está perigando. Bria, para quem não lembra, é aquele “famoso” vereador do Recife que virou meme ao se embaralhar lendo uma ata durante sessão na Casa José Mariano.

CURTAS

LONDRES – O presidente da Compesa, Roberto Tavares, falou, ontem, ao Frente a Frente com Magno Martins de Londres, na Inglaterra. Convidado pelo Consulado Britânico, Tavares assegurou a doação de £ 5 milhões para a Companhia investir em tecnologia e eficiência na distribuição de água. O foco dos investimentos será a Região Metropolitana do Recife (RMR).

SERRA TALHADA – Corre, nos bastidores da política de Serra Talhada, que o prefeito Luciano Duque (PT) já escolheu a candidata que apoiará em 2020. Seria a secretária de Saúde, Márcia Conrado. Se vier disputar, é possível que ela concorra com um nome apoiado pelo deputado federal reeleito Sebastião Oliveira (PR).

MATADOURO – Em Petrolina, o prefeito Miguel Coelho adiantou pelas redes sociais que seu governo vai recorrer da decisão da Justiça Federal de embargar a obra do matadouro público municipal. De acordo com o prefeito, todas as dúvidas colocadas na ação serão respondidas.

Perguntar não ofende: Os médicos brasileiros vão aceitar ir para os grotões em substituição aos profissionais cubanos que estão deixando o país?

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