Na ocasião, uma enfermeira da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade de Rio Verde (GO) foi agredida após barrar a entrada de um policial militar em uma sala exclusiva para funcionários e pacientes.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que a a mulher levou uma “gravata” no pescoço e um “pisão” na panturrilha após tentar impedir o policial de entrar em uma sala.
O local restrito é identificado como sala vermelha, dedicado para pacientes que necessitam de cuidados e vigilância intensivos enquanto aguardam a definição do diagnóstico.
“A entrada no espaço é expressamente proibida para qualquer pessoa que não faça parte do quadro de colaboradores”, afirmou a Secretaria de Saúde. No momento do ocorrido, enfermeiras e médicos da UPA advertiram os policiais a não entrarem no local.
Ainda não se sabe por qual motivo os PMs queriam entrar na sala da UPA.
“Eu jamais esperaria [ser agredida], acho que ninguém ali esperaria uma atitude dessas. Na verdade, eles estão aqui para proteger a gente. No que eu disse olha, não pode, já senti o policial atrás me dando uma gravata. Eu senti uma dor na perna, mas eu não entendi, eu não sei se eu perdi os sentidos. Só vi a hora que a doutora já estava falando que isso não poderia ter acontecido”, relatou a enfermeira.
Em um vídeo, gravado por funcionários da UPA, é possível ver algumas médicas e enfermeiras do local discutindo com o PM depois da agressão. Nas imagens, uma médica repudia a atitude do policial.
“Ele desceu o tapa nela, na nossa cara. O serviço que vocês prestam aqui é de envergonhar a corporação de vocês. É esse tipo de gente que socorre os outros, que não tem preparo psicológico e bate em mulher? Não é a primeira vez que acontece, é uma vergonha”, desabafa uma médica.
Logo após a confusão, vários colaboradores da UPA tentaram impedir a fuga do policial, mas o PM teria tomado o controle do guarda para abrir o portão. Este outro vídeo registrou o momento em que os PMs tentam sair do estacionamento da unidade:
Afastamento
A Polícia Militar afirmou ter determinado o afastamento do policial e a abertura de sindicância para apuração da conduta do agente. Além disso, a força revela repudiar “qualquer ação que macule a boa imagem da corporação com as demais instituições”.⠀Leia a íntegra da nota da PM:
A assessoria de Comunicação do 2º Batalhão de Polícia Militar, traz a público esclarecimentos acerca do fato ocorrido na Unidade de Pronto Atendimento-UPA da cidade de Rio Verde.
A Polícia Militar (PM) informa que diante da veiculação do incidente envolvendo profissional de segurança pública, tão logo tomou conhecimento da ação policial promovida naquela unidade de saúde, determinou preliminarmente, o afastamento do serviço operacional do policial ora envolvido nos fatos, bem como a abertura de sindicância para apuração da conduta do policial militar.
Em virtude das informações veiculadas em redes sociais sobre o fatídico, fez o comando do 2ºBPM, vir a público externar repúdio a qualquer ação que macule a boa imagem da corporação policial militar com as demais instituições.
Conselho Estadual de Saúde de Goiás
O Conselho Estadual de Saúde de Goiás (CES-GO) também se pronunciou sobre a agressão à enfermeira. Em uma moção de repúdio, o Conselho diz esperar que o Ministério Público faça o controle externo da Polícia Militar e proteja trabalhadores e usuários dos Sistema Único de Saúde de Goiás contra o abuso de autoridade da polícia, além de afirmar que é o SUS que acolhe os goianos contra a violência que se espalhou no Estado de Goiás. Leia a nota:
O presidente do Conselho Estadual de Saúde de Goiás – CES-GO, no uso de suas atribuições regimentais e Ad Referendum do Plenário do CES-GO, vem de público manifestar o repúdio à invasão da Polícia Militar na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), na cidade de Rio Verde (Goiás), no dia 10 de setembro de 2018. Repudiamos também o crime cometido por um dos PMs que desferiu um tapa no rosto de uma trabalhadora de Saúde na UPA.
Esperamos que o Ministério Público Estadual faça o controle externo da Polícia Militar e proteja trabalhadores/as e usuários/as dos Sistema Único de Saúde de Goiás contra o abuso de autoridade da polícia. A PM e a Guarda Municipal devem respeitar os trabalhadores/a e gestores/as das unidades de saúde e só agirem na defesa da segurança e sob orientação de gestores e profissionais de saúde nas unidades de saúde.
O SUS é um dos poucos locais públicos onde a população goiana tem encontrado acolhimento contra a violência que se espalhou nas ruas e espaços públicos das cidades. É o SUS que cuida diariamente dos goianos e goianas que são vítimas de agressão, espancamento, estupro e tentativa de homicídio, por absoluta falta de segurança pública no nosso estado.
Colocamos o Conselho Estadual de Saúde a disposição dos comandantes das Polícias Militares e Guardas Municipais para ministrarmos palestras sobre os direitos de saúde de usuários/as e trabalhadores/as no SUS de Goiás e o papel da Segurança no respeito às leis, aos direitos humanos e a saúde da população.
Assista os vídeos
http://www.newsrondonia.com.br/noticias/enfermeira+leva+tapa+no+rosto+de+pm+apos+tentar+impedir+entrada+em+sala+restrita/116460Fonte: pragmatismopolitico