Regionais : Promotor faz poema para convencer Justiça
Enviado por alexandre em 21/06/2018 23:57:01

Promotor faz poema para convencer Justiça

G1

Para convencer a Justiça do Distrito Federal a arquivar um processo contra um réu que já morreu, o promotor Valmir Soares Santos decidiu esquecer o juridiquês e argumentar com rimas. Batizado de “A morte”, o poema critica a cobrança da sociedade por vingança e cita o trauma causado pela derrota por 7 x 1 do Brasil para a Alemanha na Copa do Mundo de 2014.

O processo em questão se refere a um caso de furto de notebook, moletom e jaqueta. O suspeito chegou a ser identificado pelas impressões digitais. Porém, em meio ao julgamento, a defesa informou que ele tinha sido internado em um hospital público e não resistido ao tratamento. Este episódio é descrito em um trecho do poema:

O promotor denunciou

O processo andou

A Defensoria Pública peticionou

E a triste notícia da morte chegou

Isso foi o suficiente para que o promotor relembrar um outro caso: o linchamento ocorrido contra um jovem no Parque da Cidade, em 1º de junho. Ele foi espancado até a morte, acusado injustamente de ter roubado um celular.

E isso me faz pensar:

A camisa da vingança não podemos mais usar

Inclusive para evitar

Que a um suspeito queiram finalizar

Por isso peço, parem de gritar: matar e matar

Eu, o direito penal, prefiro humanizar

E, como a Copa acaba de começar,

Lembrei: Brasil e Alemanha poderão jogar

E o Brasil, sem vingança, poderá ganhar

Deixando o triste 7 x 1 de nos envergonhar

Segundo o jurista, que tem 35 anos de experiência na área de direito penal, a inspiração surgiu da oportunidade em cobrar uma Justiça mais humana, sem sede de vingança. Na 15ª Promotoria Criminal, ele costuma pegar cerca de 20 novos casos por mês. As histórias acabam dando impressão de déjà vu.

“Cansei de repetir as coisas. Chegou a hora de mudar. É preciso dar um giro. Levar à cadeia e trazer para a sociedade não está levando a lugar algum”, afirmou Valmir Soares Santos ao G1.

A poesia foi, então, a forma que ele escolheu para levantar o tema. “Primeiro, você evita o juridiquês, então faz com que sua mensagem seja entendida. E, por ser uma forma diferente, cria a curiosidade e a reflexão. Claro que vão criticar ou elogiar, mas isso faz parte da vida de todo mundo”, disse o promotor, que se declara fã de literatura – principalmente da obra de Friedrich Nietzsche.

A Justiça aceitou o pedido de arquivamento na última sexta-feira (15). Por mais que tenha sido motivada a dar a sentença também em versos, a juíza Francisca Mesquita preferiu a maneira convencional

Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia