Eu não consigo ver o povo na Carta do Povo de Rondônia contra a Corrupção

A imprensa rondoniense garantiu amplo espaço para as instituições que compõem o Comitê Rondônia contra Corrupção (Cercco) iniciarem o combate à corrupção a partir de uma programação levada a cabo no Teatro Banzeiros, que culminou com a divulgação da Carta do Povo de Rondônia contra a Corrupção, na sexta-feira, subscrita pelos dirigentes dos poderes constituídos e parlamentares.

Nada contra iniciativas do gênero, muito pelo contrário. O problema é que não consigo ver, por mais que me esforce, o povo na denominada Carta do Povo de Rondônia contra a Corrupção. Outro problema é que as instituições estão muito desacreditadas. Ou porque parte exponencial de seus integrantes pratica corrupção ou porque a prevaricação corre solta. Ou ambas as coisas acontecem.

O terceiro e último problema é que muitos que subscreveram o documento, conforme publicado no site Tudo Rondônia, tem ficha suja.

Li que a parceria de instituições que formam o Cercco foi firmada há um ano, e que o ato de sexta-feira consolida esse vínculo. A demora entre um ato e outro indica debilidade para mim. Nesse período de tempo não vi sequer manifestação sobre casos de corrupção que afloraram na mídia, mesmo de forma tímida, como a operação Boi Gordo, que prendeu quadrilha com gente da Emater, Banco do Brasil e fazendeiros. Foram desviados recursos do Pronaf, utilizando lavradores humildes no golpe.

De boas intenções, como dizia minha vó, o inferno está cheio. Elas existem no Ministério Público, no Tribunal de Contas, no Tribunal de Justiça e até mesmo na Assembléia Legislativa, que a cada legislatura mais se esparrama na degeneração. Infelizmente não garantem o fim do desvio de dinheiro público e muito menos a punição dos malfeitores de colarinho branco.

Fiscais investigados

Mais um motivo pra duvidar. O Globo desta segunda-feira revela: dos sete conselheiros do Tribunal de Contas de Rondônia nada menos do que seis sofreram ou sofrem algum tipo de investigação. É o que apresenta o maior número entre todos os tribunais de contas mapeados pela Associação Nacional do Ministério Público de Contas.

Código Florestal

A presidente Dilma Rousseff reuniu principais colaboradores na segunda pela manhã e declarou que não aceita a anistia aos desmatadores prevista na reforma do Código Florestal. O PMDB tem uma emenda que compactua com Aldo Rebello, o relator, nesta questão. Cria mais uma zona de atrito com a presidente.

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