Temer cogita candidatura para fazer autodefesa
Postado por Magno Martins
Josias de Souza
Vai ser candidato? Abalroado pela indagação ao sair de um almoço com o presidente colombiano Juan Manuel Santos, Michel Temer admitiu, finalmente, sua pretensão de disputar a reeleição. “Ainda não decidi. Não é improvável, mas ainda não decidi”, declarou o presidente.
E quanto à candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles? Temer respondeu com a barriga: “Tudo isso vai ser objeto de conversas —com o Meirelles, inclusive, que é uma grande figura”, disse, empurrando a definição com seu estômago protuberante.
De acordo com os dados mais recentes coletados pelo Datafolha, Temer comanda um governo reprovado por 7 em cada dez brasileiros. O percentual de eleitores que declaram que jamais votariam nele é de 60% —um índice de rejeição superior ao de Fernando Collor (44%) e Lula (40%).
Esses índices tóxicos fazem de Temer um ótimo alvo político, não um bom candidato. Só há uma razão para o detentor de tais marcas cogitar a hipótese de levar o próprio nome à urna eletrônica: a autodefesa. Temer se deu conta de que, se não estiver na disputa, vai apanhar indefeso.
Carismático como uma pedra de gelo, Temer preferia terceirizar sua defesa a um presidenciável que se dispusesse a representar o governo na campanha. “Defendo que o governo apoie um candidato”, vem declarando há semanas o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), amigo e auxiliar mais chegado ao presidente.
O diabo é que, por ora, só Henrique Meirelles se dispõe a enaltecer o dito “legado” da gestão Temer. Ainda assim, vai trombetear uma política econômica que considera mais sua do que do presidente. E tomará distância do passivo penal associado a Temer e seu séquito pegajoso de moreiras e padilhas, jucás e outras armadilhas. Se o quadro se mantiver assim até junho, Temer pode entrar no jogo —mais como advogado de si mesmo do que como candidato viável. |