Justiça : SEM VAIDADE
Enviado por alexandre em 20/11/2017 20:12:58


Segóvia assume PF e propõe melhorar relação com o Ministério Público
'É preciso escrever um novo capítulo e deixar de lado a vaidade', disse

"confio no espírito de maturidade dessas instituições. É preciso escrever um novo capítulo e deixar de lado a vaidade", disse (foto: marcos corrêa/ pr)


O novo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Fernando Segóvia, assumiu hoje (20) o cargo e defendeu um novo capítulo na relação da PF e do Ministério Público Federal (MPF). “Hoje, há uma infeliz e triste disputa entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, mas confio no espírito de maturidade dessas instituições. É preciso escrever um novo capítulo e deixar de lado a vaidade. O único que se beneficia dessa disputa é o crime organizado”, ressaltou.

Segóvia se refere a uma queda-de-braço entre as duas instituições sobre a competência de policiais de firmar acordos de delação premiada nas investigações criminais. Para os procuradores, o dispositivo da Lei das Organizações Criminosas (Lei 12.850/2013) que prevê que o delegado possa fazer acordos de delação é inconstitucional.

Prioridades

Entre as prioridades de sua gestão, o novo diretor-geral destacou o combate à corrupção . Segundo ele, operações como Lava Jato, Cadeia Velha, Cui Bono e Lama Asfáltica terão foco especial, tanto na atuação junto ao Supremo Tribunal Federal quanto em relação às varas criminais.

Às vésperas de um ano eleitoral, Segóvia disse ainda que o combate a esse crime relacionado às votações também estará no foco central de atuação da PF. A expectativa do diretor-geral é de que a corporação aja “com isenção total, independentemente de partidos políticos".

Investigações criminais

Durante a cerimônia de transmissão de cargo, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, condenou o que chamou de “ilações especulativas” nas investigações criminais. Ele criticou a convalidação de “imputações sem referências sólidas nos fatos e documentos”.

Evidenciando a divergência com o Ministério Público, Torquato defendeu que é preciso dizer “não à vaidade fruto da ambição ou propósitos ocultos no processo”. “Essas condutas que se desviam da ética agridem mais a sociedade que o próprio indivíduo, porque geram uma dúvida coletiva sobre a isenção da conduta de quem atua em nome do Estado”, completou.

O presidente Michel Temer participou da solenidade, mas não fez uso da palavra.

Segóvia recebeu os cumprimentos do ex-diretor-geral, Leandro Daiello, que anunciou sua aposentadoria, publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União. Após quase sete anos no comando da PF, Daiello se colocou à disposição de seu sucessor, fez um agradecimento especial aos servidores e destacou o orgulho de ser policial federal. (ABr)


Leandro Daiello transmite direção-geral da PF se aposentando

Depois de seis anos e dez meses no comando da Polícia Federal, o agora ex-diretor da Polícia Federal Leandro Daiello afirmou em cerimônia de transmissão de cargo para Fernando Segovia que “mesmo aposentado” estará sempre pronto a ajudar o seu sucessor. “Desejo ao meu sucessor o mais absoluto êxito em sua nova empreitada”, disse em cerimônia com a participação do presidente Michel Temer, na sede do Ministério da Justiça.

Daiello, que pediu aposentadoria no último dia 9, disse ainda que a carreira de policial não é fácil e que muitas vezes teve que abrir mão de sua vida pessoal. “Hoje, na data da minha aposentadoria, poderia dizer simplesmente obrigado”, disse. “Aprendi muito cedo na carreira que policial era algo que se fazia em conjunto e nunca sozinho, foi assim que procurei passo a passo construir a minha carreira.”

Daiello foi o diretor mais longevo da PF. Nenhum outro, no período democrático, ficou por tanto tempo na cadeira número 1 da corporação. Durante sua gestão, a PF ganhou notoriedade internacional no combate a malfeitos na administração pública. A Lava Jato de Daiello escancarou o sistema cartelizado e de propinas na Petrobrás, que operou entre 2004 e 2014, e acabou pegando dezenas de políticos dos principais partidos.

O agora ex-diretor-geral disse ainda que durante sua gestão “resolvemos os problemas, enfrentamos dificuldade e superamos limites”. “E sempre mantivemos princípios, valores e doutrina apresentados a policias na academia”, afirmou. (AE)


Diretor da Polícia Federal critica delação da JBS conduzida pela PGR

Para Segovia se o acordo tivesse sido conduzido pela PF, a investigação duraria mais tempo

O novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, afirmou, em coletiva de imprensa, que a Procuradoria-Geral da República é a melhor indicada para explicar possíveis erros no acordo de colaboração premiada firmado com executivos do grupo J&F, entre eles, o empresário Joesley Batista. “Quem colocou esse deadline que finalizou a investigação foi a PGR, talvez seja ela melhor para explicar porque foi feito aquilo naquele momento e porque o senhor Joesley sabia quando ia acontecer para ganhar milhões no mercado de capitais”, afirmou.

Para o novo diretor-geral, se o acordo tivesse sido conduzido pela Polícia Federal, a investigação deveria ter durado mais tempo. “Uma única mala talvez não desse toda a materialidade criminosa que a gente necessitaria para resolver se havia ou não crime, quem seriam os partícipes e se haveria ou não corrupção”, declarou.

Sobre a existência do crime de corrupção na entrega de mala ao ex-assessor do presidente Michel Temer, Rodrigo Rocha Loures, o novo diretor-geral deu a entender que a investigação foi encerrada precocemente. “É um ponto de interrogação que fica no imaginário popular brasileiro e que poderia ter sido resolvido se a investigação tivesse tido mais tempo”, afirmou Segovia. “Talvez seria bom que houvesse transparência maior sobre como foi conduzida essa investigação”.

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