Justiça : Caos na saúde
Enviado por alexandre em 27/04/2011 11:31:04



Famílias madrugam para pegar ficha para médico ortopedista

A fila durante a madrugada lembra os tempos em que a Saúde Pública era regida pelo antigo Instituto Nacional de Previdência Social (INAPS). Muitos ficavam na fila e depois vendiam a vaga. No posto de saúde Ana Nery, localizado no bairro Jardim Aeroporto I, ainda não se tem informação dessa prática, mas para conseguir uma ficha de consulta as pessoas estão chegando cada vez mais cedo.

Para médico ortopedista são liberadas apenas 10 fichas para os moradores da zona urbana e 15 para os da zona rural, mas para assegurar o atendimento só chegando na noite anterior, já que o médico ortopedista só atende uma vez na semana, sendo que a maioria das consultas é para laudo e o tratamento mesmo dito é encaminhado para o Hospital municipal de Ji-Paraná ou Porto Velho (Hospital João Paulo II), a precariedade é tanta que nem mesmo um simples gesso é feito na rede pública de saúde de Ouro Preto.

Conseguir atendimento além das fichas distribuídas é considerado um verdadeiro milagre. Quem consegue não esconde a satisfação de ver o sacrifício assegurado. Para quem não consegue resta apenas lamentar e acordar ainda mais cedo para uma nova tentativa. É o que pretende fazer a dona de casa Maria Alves Lima, 48 anos. Ela chegou por volta da meia-noite, mas foi informada pelo guarda do posto de saúde que não conseguiria mais ficha médica. A dona de casa conta que esta foi a terceira vez que tentou conseguir uma consulta. “Se continuar assim, serei obrigada a dormir aqui para garantir a consulta”, reclama. Dona Maria queixa de uma forte dor na perna esquerda, por culpa de uma queda sofrida quando estava fazendo serviços domésticos.

O aposentado Antonio Manoel Campos, 68 anos, fez um desabafo para nossa reportagem, “Como já conheço a precariedade da saúde em Ouro Preto do Oeste vim para o posto cedo e por isso tive sorte de pegar uma ficha para o médico ortopedista”. Antonio revela que veio pegar a ficha para a esposa que está doente e sempre desconfiou das propagandas que fazem da saúde no município. “O povo precisa saber que é tudo ilusão, a realidade é ficar em pé aqui a noite inteira para conseguir uma ficha de consulta”, denuncia.


Se nas rodas de conversa a população comenta que para conseguir atendimento médico em Ouro Preto do Oeste é preciso levantar cedo, essa informação chegou pela metade nos ouvidos da estudante Márcia Regina Santos. Ela chegou ao posto pouco depois das seis horas da manhã. ”Não me avisaram que precisaria chegar antes das quatro horas da manhã. “É uma verdadeira humilhação que nossos políticos nos submetem para conseguir o direito assegurado pela Constituição Federal que é o atendimento médico”, desabafa. Além da falta de médico o Posto de saúde Ana Nery enfrenta a precariedade com as condições físicas do prédio um local totalmente insalubre que precisa ser urgentemente fiscalizado pelo Ministério Público e o Conselho Regional de Medicina – Cremero.

A reportagem procurou a secretaria municipal de Saúde, mas ninguém quis falar sobre o assunto, já que no município de Ouro Preto do Oeste não tem a figura de secretario.

Autor: Alexandre Araujo


Fonte: ouropretoonline.com

Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia