Política : INIMIGOS
Enviado por alexandre em 17/09/2017 16:01:21


Reação de Lula a Palocci desagrada até amigos


Josias de Souza

Até amigos de Lula avaliaram que ele errou ao desqualificar tão drasticamente Antonio Palocci no depoimento que prestou a Sergio Moro. No PT, ninguém ignora que Palocci sempre foi um suavizador das necessidades monetárias de Lula. Fora do PT, todos sabem que Palocci era um fiel escudeiro de Lula. Por isso, petistas chegados ao ex-presidente ficaram com a impressão de que, ao pintar Palocci como um mentiroso frio e calculista, Lula condenou-se ao descrédito. De fato, nunca um inocente pareceu tão culpado —ou nunca um culpado pareceu tão inocente.

Petistas que privam da intimidade de Lula acham que, em vez de desqualificar Palocci, o pajé do PT deveria ter recoberto seu ex-ministro de elogios. Na sequência, Lula associaria o desejo de Palocci de se tornar um delator à prisão longeva e a uma hipotética pressão psicológica da equipe da Lava Jato. O efeito seria o mesmo. Com a vantagem de que Lula não precisaria ter cutucado Palocci com o pé, arriscando-se a ser mordido com mais força pelo delator-companheiro.

Apesar do discurso externo, situado em algum lugar entre a vitimização e o triunfalismo, o PT rumina internamente a impressão de que Palocci ficou ainda mais à vontade para contar o que sabe aos investigadores. E ele sabe demais. Já havia declarado diante do juiz da Lava Jato que Lula fizera um “pacto de sangue” com a Odebrecht, que rendeu um pacote de propinas de R$ 300 milhões.

Descobre-se agora, que Palocci já informou em sua proposta de delação que entregou dinheiro vivo a Lula em pelo menos cinco ocasiões. Foram pacotes de R$ 30 mil, R$ 40 mil ou R$ 50 mil. Formalmente, Lula nega. Informalmente, começa a admitir, longe dos refletores, que pode ter subestimado o teor radioativo de uma delação de Palocci. O resultado prático é que a candidatura presidencial de Lula vai migrando rapidamente da condição de “provável” para a de “inviável”.

De onde veio o dinheiro, Palocci?


Jornal do Brasil

Em sua proposta de delação premiada, o ex-ministro Antonio Palocci teria afirmado que entregou pessoalmente ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pacotes com R$ 30 mil, R$ 40 mil e R$ 50 mil. Ainda segundo o ex-ministro, o dinheiro seria proveniente de uma suposta conta que Lula teria com a Odebrecht. Se o ex-ministro tem de fato tantas informações, por que não revela então em que banco este dinheiro estava depositado? E por que a direção do tal banco não é chamada para depor?

Afinal, quantos pacotes Palocci entregou a Lula? Entregou tudo realmente? Ou ficou com algum?

A gravidade dessas afirmações não permite que elas fiquem sem o total esclarecimento da participação de todas as partes.

Palocci teria ainda afirmado que haveria "doações milionárias" para a promoção de inclusão social, e que teriam sido desviadas para o uso pessoal de Lula. Essas doações teriam sido feitas em dinheiro vivo para dificultar as investigações. Faltou dizer quem fez as doações, e qual o valor envolvido. Esses doadores declararam a doação à Receita Federal? Por que eles não são chamados a depor?

O que se espera é que essas graves denúncias sejam totalmente esclarecidas, com documentos e transparência, e citando todos os envolvidos, para que não pairem ainda mais sombras sobre o já degradado cenário político brasileiro.

Depoimentos de Palocci sobre Lula têm contradições



Valores e datas

Jornal do Brasil

Os depoimentos do ex-ministro Antonio Palocci sobre as reuniões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o comando da Odebrecht para supostamente tratar de propina apresentam contradições com relação a valores e datas. As informações são da Folha de S. Paulo.



De acordo com a reportagem, em abril, Palocci afirmou que ouviu de Lula que a Odebrecht lhe repassara a informação de que tinha separado R$ 200 milhões para apoiar o PT, além dos recursos doados na campanha. Isso teria acontecido antes da eleição de 2010.

Já em setembro, Palocci afirmou que Lula teria feito um "pacto de sangue" com a Odebrecht dias antes da posse de Dilma, garantindo R$ 300 milhões para suas atividades políticas e o PT, além de favores pessoais. Isso teria acontecido em dezembro de 2010.

A defesa de Palocci afirma que eventuais diferenças são "naturais", porque, quando depôs pela primeira vez, o ex-ministro ainda não iniciara a discussão de sua colaboração. "Ele estava mais defensivo antes, e hoje pode falar mais", disse. "Eventuais divergências não devem ser interpretadas como sinal de que esteja mentindo, e mostram que não há combinação de versões com outros delatores."

Novo delator

Palocci foi condenado no dia 26 de junho a mais de 12 anos de prisão. Moro concluiu que o ex-ministro ordenou o repasse de US$ 10,2 milhões da Odebrecht ao marqueteiro João Santana por meio de depósitos no exterior.

O pagamento consta na planilha "Italiano", que controlou, segundo a delação dos executivos, desembolsos de R$ 133 milhões (dentro um saldo total de R$ 200 milhões) que a empreiteira fez de 2008 a 2014 para atender a pedidos do PT.

Quando depôs neste processo, em maio, Palocci negou as acusações, mas insinuou o desejo de fazer delação, dizendo-se "à disposição" da Justiça para dar "fatos com nomes, endereços, operações realizadas e coisas que vão ser certamente do interesse da Lava Jato". Na ocasião, o ex-ministro disse ter omitido alguns nomes "por sensibilidade da informação".

Poucos dias depois do depoimento, o advogado José Batochio, que defendia Palocci e é abertamente contra as delações, deixou o cliente, e o petista passou a negociar um acordo com o MPF (Ministério Público Federal) por meio de outros defensores.

Ao condenar Palocci, Moro não gostou da postura do ex-ministro, afirmando que as indiretas sobre delação "soaram como uma ameaça" a investigados para que o ajudassem a ser solto. O ex-ministro foi preso há quase um ano, em 26 de setembro de 2016, na 35ª fase da Lava Jato.

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