Policial : NÃO PERDOA
Enviado por alexandre em 09/07/2017 23:41:33


Jovens negros e pardos, de quarta a sexta-feira: veja quem e como a polícia do Rio mata em confronto

Quatro a cada cinco suspeitos mortos em confronto com a polícia no Rio são negros ou pardos. Além disso, dois terços das vítimas de autos de resistência no estado têm menos de 25 anos — dessas, uma a cada três é menor de idade. O levantamento foi feito pelo EXTRA com base em um conteúdo exclusivo obtido via Lei de Acesso à Informação junto ao Instituto de Segurança Pública (ISP) e abrange o período entre janeiro de 2007 e o dia 12 de junho deste ano (pouco mais de uma década, portanto).

Ao longo desses dez anos, cinco meses e 12 dias, aconteceram, ao todo, 7.939 homicídios decorrentes de intervenção policial em território fluminense, o equivalente, em média, a pouco mais de dois casos por dia. As vítimas são hegemonicamente homens, com somente 41 mulheres surgindo na análise.

Cerca de 27% das mortes, segundo o informado nos registros de ocorrência da Polícia Civil, se deram em “morros ou favelas”. O percentual de óbitos em comunidades, porém, pode ser ainda mais alto, já que a enorme maioria dos registros descreve o local do fato apenas como “via pública”.

Na lista dos bairros com mais autos de resistência no período, todos os dez primeiros colocados ficam nas zonas Norte e Oeste da capital. Despontam regiões com favelas que aparecem entre as mais conflagradas do Rio — Bangu, com a Vila Aliança e a Vila Kennedy; Santa Cruz, com a Favela do Rola; Bonsucesso, com o Complexo da Maré; Costa Barros e Pavuna, com o Chapadão, entre outras.

As mortes em confronto ocorrem 33% mais no primeiro semestre do ano do que no segundo. Do mesmo modo, o período da semana entre quarta e sexta-feira concentra o maior número de autos de resistência. A faixa horária é mais bem dividida: apenas a madrugada, entre 0h01 e 6h, quando há menos operações policiais, apresenta uma queda considerável — veja mais no infográfico abaixo.

‘Reflexo do despreparo’

Coronel da reserva da PM e ex-corregedor da corporação, o coronel Paulo Cesar Lopes vê o elevado número de autos de resistência no estado como “reflexo do despreparo policial nas abordagens”. Para o oficial, grande parte dos agentes não age de acordo com os protocolos.

— O policial só pode atirar numa única hipótese: repelir a injusta agressão contra si ou contra terceiros, de maneira proporcional e progressiva. A inobservância do que é ministrado nos cursos de formação é determinante para o alto número de mortes em confronto — analisa o coronel.

Já a cientista social Silvia Ramos, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, vinculado à Universidade Cândido Mendes, vê relação entre as estatísticas e indicadores socioeconômicos.

— A ação policial é orientada por mais tiros e menos zelo com a vida nas áreas mais pobres e negras, sobretudo as favelas — diz a professora.

Veja, abaixo, a íntegra da nota enviada pela Secretaria estadual de Segurança (Seseg)

“A Secretaria de Estado de Segurança tem como principais diretrizes a preservação da vida e dignidade humana, o controle dos índices de criminalidade e a atuação qualificada e integrada das polícias. Tais princípios deixam evidente que a orientação do secretário Roberto Sá não está voltada para uma política de confronto.

Para tanto, o secretário Roberto Sá mantém interlocução permanente com os comandos das polícias Militar e Civil, orientando-os na busca incessante de medidas que impactem na redução dos indicadores de violência, principalmente o de letalidade violenta, inclusive a decorrente de intervenção policial. A partir de 2011, a Seseg passou a inserir no Sistema de Metas a letalidade policial como um os indicadores que compõe a letalidade violenta, estabelecendo metas para a sua redução, com monitoramento mensal.

Mesmo em um cenário econômico antagônico, sem custos aos cofres públicos, a Seseg criou medidas estruturantes como o Grupo Integrado de Operações de Segurança Pública (GIOSP), no Centro Integrado de Segurança Pública (CICC), e a delegacia especializada para o combate ao tráfico de armas, a Desarme, para atacar as causas da letalidade violenta.”

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