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Enviado por alexandre em 28/06/2017 08:39:34

Temer declara guerra a Janot

Com uma claque de deputados aliados e ministros, o presidente Michel Temer (PMDB) criticou, ontem, em pronunciamento, o fatiamento da denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, oferecida contra ele ao Supremo Tribunal Federal. “Se fatiam as denúncias para provocar fatos semanais contra o governo. Querem parar o País, parar o Congresso num ato político, com denúncias frágeis e precárias. Atingem a Presidência da República, atentam contra o País”, afirmou.

Temer disse que “reinventaram o Código Penal e incluíram uma nova categoria: a denúncia por ilação”. “Se alguém cometeu um crime e eu o conheço, logo sou também criminoso”, disse. Janot denunciou criminalmente ao STF o presidente por corrupção passiva com base na delação dos acionistas e executivos do Grupo J&F, que controla a JBS. O ex-assessor especial do presidente e ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures também foi acusado formalmente.

Sem citar nenhuma vez o nome de Janot, Temer disse ainda está disposto a lutar pelo governo e por sua honra. “Não fugirei das batalhas, nem da guerra que temos pela frente. A minha disposição não diminuirá com os ataques irresponsáveis à instituição Presidência da República, nem ao homem Michel Temer. Não me falta a coragem para seguir na reconstrução do Brasil e na defesa de minha dignidade pessoal”, disse no fim do discurso de cerca de 20 minutos.

O presidente afirmou que foi denunciado por corrupção passiva, sem jamais ter recebido valores. “Nunca vi o dinheiro e não participei de acertos para cometer ilícitos. Onde estão as provas concretas de recebimento desses valores? Inexistem. Reinventaram o código penal e incluíram uma nova categoria: a denúncia por ilação. Se alguém cometeu um crime e eu o conheço, logo sou também criminoso”, reforçou.

Temer destacou ainda que é advogado e que está tranquilo em relação a denúncia no âmbito jurídico, e que ela é na realidade uma “infâmia de natureza política”. “No momento que estamos colocando o País nos trilhos somos vítimas desta infâmia de natureza politica”, disse o presidente, destacando que foi denunciado “a essa altura da vida por corrupção passiva”. Segundo Temer, “abriu-se perigosíssimo precedente em nosso Direito”. “Esse tipo de trabalho trôpego permite as mais variadas conclusões sobre pessoas de bem e honestas”, disse.

Sempre tão frio, contido, formal, o presidente foi mercurial na sua declaração pela TV e partiu diretamente para cima do procurador geral da República, Rodrigo Janot. Classificando a denúncia contra ele de “ilações”, Temer fez uma comparação: se a mala de dinheiro de Rocha Loures foi para ele (como acusa a PGR), por que os “milhões” que o ex-braço direito de Janot, Marcelo Miller, teria ganhado para advogar na delação da JBS não seriam também de Janot?

REAÇÃO DA OPOSIÇÃO– A oposição reagiu fortemente ao pronunciamento do presidente Temer, classificando-o de desastroso. Para o líder da Rede, Alexandre Molon (RJ), Michel Temer usou e abusou de cinismos e ironia. “Na ausência de qualquer argumento minimamente razoável para fundamentar a sua defesa, o presidente recorreu à tática baixa e rasteira de tentar desqualificar quem teve a coragem de denunciar os crimes dele. Foi um pronunciamento que revelou não uma defesa fraca, mas a inexistência da própria defesa, porque ele simplesmente abriu mão de tentar se defender. Um desastre para o país", afirmou.

Impeachment engavetado– A denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Michel Temer forneceu o argumento perfeito para que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), colocasse de vez em banho-maria os pedidos de impeachment do presidente. Maia vinha sendo cobrado pela oposição para que tratasse dos pedidos e, agora, diz que “não tem sentido tratar disso ao mesmo tempo em que já está sendo apresentada uma denúncia pela PGR”. Oficialmente, Maia diz que não está arquivando os pedidos. Na prática, ganha tempo para que eles percam força.

Mudança tucana– Principal interlocutor do governador Geraldo Alckmin na Executiva Nacional do PSDB, o deputado federal Silvio Torres, secretário-geral da legenda, avalia que o ambiente no PSDB em relação ao presidente Michel Temer mudou desde a reunião que decidiu no último dia 12 pela permanência dos tucanos no governo. "Essa mudança de posição de Fernando Henrique Cardoso não é diferente de uma mudança que já está acontecendo no PSDB", disse ele ao comentar o pedido do ex-presidente para que Temer renuncie ao cargo. Torres também defende uma mudança completa na composição Executiva Nacional tucana que se abra espaço para prefeitos e governadores, o que ampliaria a influência de Alckmin na cúpula partidária.

Reformas arquivadas - A decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de fatiar as denúncias contra o presidente Michel Temer, vai inevitavelmente paralisar o Congresso e deve deixar a agenda de reformas para o próximo governo. Com o ambiente político conturbado, o teto do Produto Interno Bruto (PIB) este ano deve ser de crescimento zero e há risco de a recessão voltar. Não tem ambiente algum para discussão de qualquer tipo de reforma. O foco agora dos parlamentares será centrado em cima das denúncias contra o peemedebista. Em meio a acusações graves contra Temer - de corrupção, formação de quadrilha e organização criminosa - nem mesmo uma versão esvaziada do texto que muda as regras para a aposentadoria deve passar neste momento.

No palanque com Armando? – Em entrevista, ontem, ao blog, o advogado Antônio Campos, irmão do ex-governador Eduardo Campos, sinalizou que sua entrada no Podemos tem como objetivo apoiar a candidatura do senador Armando Monteiro a governador. “A prioridade do Podemos em Pernambuco é fortalecer o partido e fazer uma bancada Estadual e Federal. O presidente estadual Ricardo Teobaldo e eu estamos sintonizados, temos dialogado com as forças de oposição a atual gestão do Governo de Pernambuco, destacando o diálogo com o senador Armando Monteiro, que tem mostrado um projeto e força para liderar uma nova etapa política de Pernambuco”, afirmou.

CURTAS

DOAÇÕES– Cerca de cinco toneladas de alimentos reunidas em 600 cestas básicas completas e 600 kits de limpeza e higiene pessoal foram arrecadadas pela Campanha Alepe Solidária, promovida pela Assembleia Legislativa de Pernambuco. Voltada para as vítimas de enchentes na Mata Sul do Estado, a ação, que teve início no último dia 5, também coletou 300 garrafas de água mineral de 1,5 litro e 200 quilos de roupas.

O MAIS VOTADO– O atual vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, foi o nome mais votado para integrar a lista tríplice com sugestões do Ministério Público Federal para o cargo de procurador-geral da República. O mandato do atual procurador-geral, Rodrigo Janot, termina em setembro. A lista será enviada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) para o presidente Michel Temer, a quem cabe à palavra final de definir o substituto de Janot.

Perguntar não ofende: Traduzindo o discurso de Temer: Janot foi chamado de ladrão?

Temer tenta sobreviver até setembro



Ao opor política e Ministério Público, Temer tenta sobreviver até setembro

Folha de S. Paulo- Por Painel



Com a fala desta terça (27), Michel Temer tentou transformar o debate sobre sua denúncia numa batalha entre a política e a guilhotina, que personifica em Rodrigo Janot. Aliados justificaram o tom. Disseram que foi o procurador-geral que, com a decisão de fatiar as acusações contra o presidente, afastou-se do terreno jurídico. Temer age para chegar até 17 de setembro, quando haverá troca de guarda na PGR. Até lá, esgarçará os fios da crise, sem medo de criar impasse institucional.

Aliados do Planalto pretendem usar a Lei de Acesso à Informação para constranger a PGR a entregar detalhes sobre o ex-procurador Macello Miller, que trocou a força-tarefa da Lava Jato por uma banca de advogados que atua para o grupo de Joesley Batista.

Pessoas próximas ao presidente Michel Temer vão pedir os registros de entradas de Miller na Procuradoria após sua exoneração. Querem reforçar a tese de que ele manteve trânsito livre no órgão, mesmo após ter saído da instituição.

FHC Irado com os termos da denúncia da PGR, Michel Temer deixou claro que não facilitará em nada sua remoção do cargo. A adesão de Lula à pregação de Fernando Henrique Cardoso por um gesto de “grandeza” do peemedebista só fez ampliar sua rejeição à tese.

O senador Hélio José (PMDB-DF), que chamou o governo Temer de “corrupto” depois que três de seus aliados foram exonerados da administração federal em retaliação por ele ter votado contra a reforma trabalhista, pediu uma audiência com o presidente na segunda (26)

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