Brasil : MEIO AMBIENTE
Enviado por alexandre em 09/05/2017 20:49:07


Mar do Caribe já invadiu a Amazônia duas vezes: havia até tubarões e camarões por lá
Como o fóssil de um dente de tubarão pode parar no meio da Amazônia? Segundo estudo publicado na revista
Como o fóssil de um dente de tubarão pode parar no meio da Amazônia? Segundo estudo publicado na revista especializada Science Advances, isto é resultado de uma invasão do oceano Atlântico, na região do Mar do Caribe, no que hoje entendemos por Floresta Amazônica.

A ocupação do Mar do Caribe em terras amazônicas teria acontecido duas vezes ao longo do período Mioceno, que vai de 23 milhões a 5 milhões de anos atrás. De acordo com o artigo produzido pelo Instituto de Pesquisa Tropical Smithsonian, com sede no Panamá, as invasões ocorreram há 18 milhões e a 14 milhões de anos, e cada uma não teria durado mais que um milhão de anos.
Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, o geólogo colombiano Carlos Jaramillo, líder da pesquisa, explicou a descoberta. “Os registros de pólen, coletados em poços perfurados para a extração de petróleo no leste da Colômbia e em afloramentos do Mioceno no noroeste da Amazônia brasileira, mostram claramente dois eventos curtos nos quais o Mar do Caribe inundou aquilo que corresponde hoje ao noroeste da Bacia Amazônica”.

O que foi encontrado de mar na Amazônia?

O estudo se baseou na face norte da Amazônia, principalmente na porção de floresta que já é território colombiano. Foram analisadas amostras coletadas no município de Benjamin Constant, no Amazonas, e na região de Saltarin, na Colômbia. Ao todo, mais de 50 mil grãos de pólen, de mais de 900 tipos, foram extraídos de camadas subterrâneas de terra.

Em uma dessas camadas mais profundas, foram encontrados traços de esporos marinhos em meio à grande quantidade de pólen. Traços de carbonáceos típicos de moluscos de meio marinho chegaram a aparecer entre 101 e 96 metros de profundidade.
Contudo, os fósseis mais impressionantes foram encontrados muito mais para dentro do solo amazônico. Um dente de tubarão cuja espécie é de habitat marinho, embora tolere baixos níveis de salinidade, foi localizado a 630 metros abaixo da superfície. E um fóssil de um crustáceo semelhante a um camarão estava a 636 metros para dentro da terra.

Como isso foi possível?

Na atual Amazônia, 80% do território é ocupado por florestas consideradas secas, ou seja, sobre solo cuja inundação é rara, e os 20% restantes são, de fato, de áreas tomadas por superfície alagada, como os rios. Em relação aos milhões de anos de formação da floresta, os cientistas debatem se houve ou não alagamento da planície amazônica. Há três hipóteses mais consideradas:

A existência de um mar continental raso, que teria coberto a América do Sul da Amazônia ao Uruguai. A incidência de um mega lago amazônico durante um período. A transposição de rios de água doce, mas bastante carregados de água do mar, sobre a planície.
O artigo demonstra que houve dois intervalos sísmicos rastreados na Bacia de Llanos, na Colômbia, que levaram águas marinhas até mais ao sul da Amazônia, na Bacia Amazonas/Solimões, chegando até onde hoje é sul do Amazonas e Acre.

O estudo apresenta os períodos que isso aconteceu com precisão, afirmando que em outros períodos do Mioceno a água não alcançou esta região. “Os geólogos discordam sobre as origens dos sedimentos existentes nesta área, mas neste estudo nós fornecemos claras evidências de que eles têm origem marinha - e os eventos de inundação foram bastante breves”, afirmou Jaramillo ao Estadão.

Vix.com

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