Policial : SILENCIADA
Enviado por alexandre em 16/04/2017 01:59:51


Violência leva jornal a fechar as portas no México

Sylvia Colombo – Folha de S.Paulo

"Adeus!", dizia a manchete do jornal "El Norte", baseado em Ciudad Juárez e um dos principais do Departamento de Chihuahua, no norte do México, no último dia 2.

"Tudo na vida tem um começo, um fim e um preço a pagar. Se o preço da existência desse diário é a vida de alguém, eu não estou disposto a entregar a de nenhum de seus profissionais ou colaboradores", dizia a carta publicada na edição pelo dono da publicação, Oscar Cantú, 67.

Desde que o inaugurou, em 1990, até hoje, o jornal ficou célebre por denunciar crimes de narcotráfico, corrupção e conflitos de interesses da violenta região, que faz fronteira com os EUA. Vinha vendendo 35 mil cópias diárias e tinha audiência na internet de 3 milhões de visitantes ao mês.

A decisão foi tomada, conta Murguía por telefone à Folha, após o assassinato de uma de suas colaboradoras e amigas pessoais, a jornalista Miroslava Breach, aos 54 anos, no último dia 23 de março.

Atuando em Chihuahua, Breach vinha fazendo reportagens sobre o financiamento de campanhas políticas por traficantes, o despejo de indígenas de zonas ocupadas por criminosos, a descoberta de fossas clandestinas e outros temas de violência.

Na manhã do dia 23, ela levava o filho de 10 anos à escola quando seu carro foi abordado. A jornalista levou oito tiros na cabeça.

"Foi algo tão brutal que eu fiquei sem reação. Fui para minha casa e me pus a olhar meus arquivos", relata Cantú. Desde o lançamento do jornal, conta que costuma guardar uma cópia em papel das principais reportagens e dos furos do "El Norte".

"Em todos esses textos, que me orgulho de ter publicado, havia uma constante, a da impunidade. A maioria dos delitos que expusemos não teve julgamento. E foi por isso que tomei essa decisão, porque senti com muita dor que nosso trabalho não rendeu os frutos desejados."

O PIOR NA REGIÃO

Considerado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos como o país da região mais perigoso para a profissão, o México vê os números de jornalistas mortos aumentar nos últimos anos.

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