Regionais : Irmã de Teori: "Tenho medo de muita coisa por trás"
Enviado por alexandre em 22/01/2017 20:02:12

Irmã de Teori: "Tenho medo de muita coisa por trás"



Teori Zavascki passou pela roça, pelo seminário, pelos campos de futebol e por três cidades do oeste de Santa Catarina até, bem mais tarde, se tornar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator da Lava Jato. Na sua cidade natal, a pequena Faxinal dos Guedes, com cerca de 10.000 habitantes, sua morte significou a perda do filho mais ilustre do município e deixou familiares inconformados.

“Tenho medo de que possa ter muita coisa por trás. Quero que façam uma boa investigação”, pediu a irmã Delci Zavascki Salvadori, de 70 anos. “A nossa família sempre esteve muito preocupada com o trabalho dele na Lava Jato, mas o Teori sempre nos dizia para ter calma, porque andava com muitos seguranças”, disse a dona de casa.

Delci é a única dos seis irmãos do ministro que ainda mora cidade natal da família de descendentes de poloneses. A ida ao pequeno município era obrigatório para Teori pelo menos três vezes por ano. Fiel às raízes, gostava de aproveitar as folgas com os parentes de forma simples. Churrasco no almoço, seguido de chimarrão e conversas pela tarde adentro na varanda formavam a programação favorita. (Veja, com Estadão Conteúdo)

A sangria, Teori e o esgoto

Clovis Rossi – Folha de S.Paulo

Entendo perfeitamente as suspeitas implícitas no pedido do delegado federal Marcio Adriano Anselmo para que sejam exaustivamente investigadas as causas do que ele chama de acidente entre aspas com Teori Zavascki.

Inimigo número 1 das teorias da conspiração, sou obrigado a convir que, neste caso, há abundantes motivos para alimentá-las. A ver:

1 – Sérgio Machado é pescado no telefone implorando a Romero Jucá para trabalhar pelo impeachment de Dilma. Seria, para Machado, a única maneira de "estancar a sangria" que a Lava Jato estava provocando e ainda iria provocar.

2 – O impeachment veio, mas a "sangria" não foi estancada.

3 – Agora, procuradores federais têm informação absolutamente seguras de que a, digamos, "operação estanca-sangria" continua viva e operante.

4 – O ministro Teori Zavascki era o relator da Lava Jato no Supremo, a única pessoa habilitada, neste momento, a "estancar a sangria".

5 – No telefonema de Machado a Jucá, os interlocutores "reconheceram a impossibilidade de cooptar o ministro", no relato do sempre brilhante Bernardo Mello Franco na sexta-feira, 20.

6 – Aí, cai uma avioneta e Zavascki morre.

Morre com ele a Lava Jato? Não necessariamente, porque parte considerável do trabalho está feita, já havia sido entregue, mas cópias de A a Z estão com a Procuradoria.

É um trabalho insano: foram 940 depoimentos dos 77 executivos da Odebrecht que entraram no esquema de delação premiada.

Procuradores e policiais federais formaram 122 equipes de mais de 200 pessoas para montar o dossiê.

Se prevalecesse a opinião do procurador-geral Rodrigo Janot, Zavascki deveria levantar o sigilo dos depoimentos. No mínimo, evitaria vazamentos parciais e/ou interessados - e os interesses são formidáveis quando se sabe que os nomes de políticos citados são de um ecumenismo extraordinário.

É razoável supor que o ministro agora morto tivesse aproveitado as férias para adiantar o trabalho de analisar a pilha de informações e, com isso, dar andamento mais rápido aos processos. Como é um trabalho de equipe, é igualmente razoável supor que o pessoal de Zavascki tenha avançado o suficiente para impedir que a morte entorpeça demais os procedimentos.

Mas aí entram as perguntas de cunho muito mais político que judicial-administrativo-burocrático: para começar, o substituto de Teori, seja quem for, terá idêntica disposição de trabalhar em conjunto com o Ministério Público e com a força-tarefa da Lava Jato?

Terá coragem para peitar a substancial fatia do mundo político sob suspeita? Terá suficiente isenção para degolar, se e quando for o caso, à direita, à esquerda e ao centro? Por tudo isso, é fundamental que não paire a menor dúvida sobre as causas do acidente.

É simplesmente assustador pensar que permaneça na cabeça do público a hipótese de que se tentou estancar a sangria à custa do sangue do ministro.

O Brasil cairia no esgoto.

Revistas fogem da discussão sobre o "acidente"



Blog de Renato Riella

As capas das três grandes revistas que circulam no fim de semana são de uma frouxidão total em relação ao desastre que vitimou o ministro Teori.

Recebi da empresa Capitare, no seu ótimo clipping diário, essas publicações e fiquei estarrecido: as revistas abafam o caso de forma descarada nos destaques de capa (ainda não vi o conteúdo interno).

A Veja publica uma cadeira vazia do Supremo Tribunal e especula sobre os rumos do Lava-Jato. Nem levemente exprime a desconfiança dos brasileiros diante do “acidente”.

A Isto É (que vergonha!) abre quase toda a capa para a discussão sobre a descriminalização das drogas. Lá em cima, uma discreta chamada sobre os rumos da Lava-Jato. Meu Deus, que falta de sentimento jornalístico!

E a revista Época, que exprime as Organizações Globo, faz uma capa ridícula. Publica uma foto comum do Teori, na página toda, destacando em título: “Obrigado, Vossa Excelência”. Tenta agradecer pelo trabalho que o desastre aéreo interrompeu.

Estão abafando alguma coisa muito feia!

Só as redes sociais exprimem a desconfiança dos brasileiros diante do caso Teori

Mais de 80% dos brasileiros acreditam que o ministro Teori foi apagado pelos bandidos implicados no Lava-Jato.

As redes sociais estão inundadas por boatos indicando isso ou aquilo, para ampliar essas suspeitas.

Nas ruas, os brasileiros se encontram e falam que Sérgio Moro será o próximo.

No mundo, a opinião pública acredita que houve mesmo um crime na queda do avião, para prejudicar o julgamento dos implicados nos grandes roubos estatais.

Essas e outras indicações criam um clima de suspeita internacional, mas as diversas áreas públicas que têm ligação com o fato fazem de conta que não vêem, não leem, nem escutam.

O presidente Michel Temer, naquela sua fala gelada à Nação, devia ter informado que determinou ao Ministério da Defesa e à Aeronáutica que assumissem a investigação, em prazo urgente.

A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Carmen Lúcia, também deveria ter criado um grupo de altíssimo nível para acompanhar as apurações.

A própria imprensa, representada pelos grandes jornais e pelas emissoras de TV, fez de conta que não sentiu o impacto das especulações nas redes sociais.

Assim, os grandes veículos de comunicação se distanciam da sociedade brasileira e são engolidos cada vez mais por Facebook, Whatsapp e outras redes comandadas pelos cidadãos.

Neste momento, a maioria dos brasileiros imagina que o caso Teori está sendo abafado, escondido, e que nunca saberemos de fato o que aconteceu. Nas redes sociais, podemos dizer que há algo podre no reino.

E, a propósito, o que aconteceu? (RENATO RIELLA)

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