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Enviado por alexandre em 26/08/2016 08:41:09

Gleisi fez acusação a ela própria

A senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) foi muito infeliz ao afirmar, ontem, no primeiro momento da sessão de julgamento da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), que o Senado não tinha moral para julgar a petista. Seu tropeço verbal provocou um bate-boca e troca de ofensas entre defensores e os que condenam o impedimento da presidente. Um dos mais combativos aliados de Dilma, Lindbergh Farias entrou na discussão e acusou Caiado de ter ligação com o contraventor goiano Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira.

Acusado de comandar uma quadrilha que explora jogos de azar em Goiás, Cachoeira foi preso em junho pela Operação Saqueador, da Polícia Federal (PF), suspeito de envolvimento em um esquema de lavagem de R$ 370 milhões desviados dos cofres públicos. “Sua ligação é com o Carlinhos Cachoeira”, gritou Lindbergh, no momento em que o senador do DEM ironizava o marido de Gleisi.

“Demóstenes [Torres, senador cassado por suspeita de envolvimento com Carlinhos Cachoeira] sabe da sua vida”, continuou o senador petista. "Tem que fazer antidoping. Fica aqui cheirando, não", reagiu Caiado. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que processará o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) e também o acionará no Conselho de Ética do Senado.

Caiado afirmou que ainda vai decidir se entrará com representação contra Lindbergh no Conselho de Ética. Durante a apresentação das questões de ordem pelos senadores, Lindbergh, Caiado, Gleisi Hoffmann e Fátima Bezerra protagonizaram um grande bate-boca, que levou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, a suspender a sessão.

A discussão começou quando a senadora Gleisi afirmou que os senadores não tinham moral para julgar a presidente Dilma Rousseff. Quando disse isso, Caiado afirmou que ele e os senadores não eram “assaltantes de aposentados”, em referência à prisão do ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, marido de Gleisi, sob acusação de envolvimento em um esquema de corrupção que teria desviado R$ 100 milhões dos funcionários públicos federais que fizeram empréstimo consignados.

Gleisi, então, também alfinetou o líder do DEM. "É [assaltante] de trabalhador escravo", rebateu a petista, referindo-se ao fato de Caiado ser produtor rural em Goiás. Caiado afirmou que a maneira como a senadora Gleisi Hoffmann se dirigiu ao plenário foi "grosseira" e "indelicada". “Eu ainda não me decidi se entro com representação no Conselho de Ética ou no Departamento Nacional de Combate ao Narcotráfico”, afirmou Caiado em relação a Lindbergh.

INFORMANTE – Primeira testemunha arrolada pela acusação, o procurador Júlio Marcelo de Oliveira, representante do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), passou da condição de testemunha de acusação para a de informante no julgamento do impeachment de Dilma Rousseff. A decisão foi tomada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, depois de acatar recurso da defesa de Dilma que o procurador participou de um ato em defesa da rejeição das contas de Dilma. Ao virar informante, o depoimento de Oliveira perde força do ponto de vista jurídico e não poderá ser usado como prova.

Esperança disfarçada– Ex-líder do Governo Dilma no Senado, o senador pernambucano Humberto Costa, agora líder do PT na Casa, chamou a atenção, ontem, dos seus pares, no primeiro dia do julgamento da presidente afastada, exibindo uma luxuosa gravata Hermés verde, a cor da esperança. “A esperança é a última que morre”, brincou o senador, que sabe, como os demais senadores defensores da presidente afastada, que não há mais a menor chance de salvamento para a aliada.







Fraude fiscal– O procurador Júlio Marcelo de Oliveira, representante do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), chamou as "pedaladas fiscais" e outras ações do governo Dilma Rousseff de um "grande plano de fraude fiscal". Segundo o procurador, o Governo iniciou em 2013 um processo de maquiagem nas contas públicas, "que trouxe um grande benefício para o Poder Executivo, porque trouxe a imagem de um poder provedor, mesmo quando a receita do País já estava se reduzindo. Foi um grande plano de fraude fiscal, que contou com a omissão do registro das dívidas, a fraude aos decretos de contingenciamento e com a utilização dos bancos públicos como fonte de financiamento, algo proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal”, afirmou.

Processo natural–No dia em que o Senado começou a julgar Dilma Rousseff, o presidente em exercício Michel Temer afirmou, ontem, que, na opinião dele, o impeachment é uma coisa "natural da democracia". O peemedebista deu a declaração – ao final da cerimônia de recepção da tocha paraolímpica no Palácio do Planalto – ao ser questionado por jornalistas sobre se estava "nervoso" e "inseguro" com o julgamento final da presidente afastada. Se ao final do processo os senadores decidirem afastar definitivamente Dilma do comando do País, Temer deixará de ser interino e passará a ser o presidente efetivo.

Suspensão de delação gera polêmica– Apesar dos questionamentos pelo rompimento do acordo de delação premiada do ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, integrantes da Procuradoria Geral da República justificam a decisão anunciada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como um episódio único, já que não havia um precedente semelhante. “Normalmente, quando houve vazamentos, a informação existia de fato. Nesse caso, decidimos romper porque foi vazado algo que o Ministério Público Federal não tinha. Essa é a diferença”, explica um integrante do MPF. Entre vazamentos recentes lembrados, estão às delações premiados do senador cassado Delcídio do Amaral e do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Mas segundo investigadores, nos dois casos, os informações de fato existiam e estavam nos anexos dos acordos de delação. Por isso, para a Procuradoria Geral da República, a delação ficou inviabilizada. Hoje, a chance de retomada das negociações é considerada remota.

CURTAS

SEGURANÇA– O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, quer concluir a fase das testemunhas, que começou, ontem, até a madrugada de amanhã, porque elas ficarão isoladas em quartos de hotéis em Brasília, sem acesso à internet e com rigoroso esquema de segurança. O esquema especial de segurança é baseado no Código de Processo Penal (CPP) e preparado pela Polícia Legislativa do Senado.

NEGOU TUDO– Responsável pelo comando do julgamento final de Dilma Rousseff no processo de impeachment, o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, negou, no início da sessão, os 10 pedidos apresentados por aliados da petista que tentavam suspender, anular ou retirar trechos da acusação. A primeira parte do julgamento, que durou quase quatro horas, foi marcada por discussões e bate-bocas entre senadores aliados ao presidente em exercício Michel Temer e integrantes da “tropa de choque” de Dilma.

Perguntar não ofende: Pelo ritmo lento da primeira sessão do julgamento ontem, os senadores trabalharão também no domingo?

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