Regionais : É crime. Eles confessaram
Enviado por alexandre em 24/07/2016 20:52:54


É crime. Eles confessaram



Mary Zaidan

Pagamento por fora, não contabilizado e não declarado, vulgo caixa dois. O depoimento de João Santana ao juiz Sérgio Moro trouxe de volta a desculpa-chave do petismo para toda sorte de ilegalidades. Ainda que tenha admitido erros, o marqueteiro o fez com a ressalva de que o ilícito é prática corrente no mercado. Mais: complicou de vez a vida de sua ex-chefe Dilma Rousseff.

Em 2005, Duda Mendonça, de quem Santana foi sócio, expressou discurso semelhante. Na CPI dos Correios disse, com lágrimas nos olhos, que recebera R$ 10,5 milhões de Marco Valério, no exterior. “Esse dinheiro era claramente caixa dois, nós sabíamos, mas não tínhamos outra opção para receber”.

Absolvido pelo Supremo, Duda se livrou do Mensalão e, de quebra, salvou Lula ao garantir que o então presidente desconhecia o ocorrido.

Onze anos depois e milhões de dólares a mais, Santana dificilmente terá a mesma sorte. Para obter algum alívio terá de falar mais. E, como ficou provado em seu primeiro depoimento, cada vez que abrir a boca criará maiores embaraços para Dilma e o PT.

Depois de ele e sua mulher, Mônica Moura, terem mentido sobre a origem de US$ 4,5 milhões depositados em uma conta da offshore do casal na Suíça, Santana não só confirmou que o dinheiro era fruto de caixa dois, como usou Dilma para justificar o drible na polícia. Diante de um processo de impeachment ainda no nascedouro, disse que temia criar complicações políticas para aquela que ele ajudara eleger.

Com isso, o marqueteiro que sempre se julgou um estrategista imbatível conseguiu o inimaginável: adicionar mais um ingrediente à previsível derrota que Dilma colherá no Senado. E incluí-la, de forma definitiva, nas investigações da Lava-Jato. Na fase mais aguda, quando ela já não terá mais privilégio de foro.

Não por outro motivo, Dilma apressou-se em alterar seu discurso sobre caixa dois. Se antes afirmava, peremptoriamente, que a prática não chegou perto de suas campanhas, a pregação agora ganhou outro tom: “se houve pagamento, não foi com meu consentimento”. Uma pequena diferença, que pode ou não salvar a sua pele.

Santana e Mônica também jogaram querosene na fogueira que há mais de ano queima João Vaccari. O tesoureiro do PT, que teria articulado os pagamentos para o casal, aparece em quase todas as vertentes da Lava-Jato, além das confusões da Bancoop, cooperativa falida que iniciou a construção do tríplex do Guarujá, reformado pela OAS de Léo Pinheiro para Lula, mas que o ex diz que não queria mais.
Vitorioso em sete eleições presidenciais no Brasil e além das fronteiras – Lula e duas vezes Dilma, Maurício Funes (El Salvador), Danilo Medina (República Dominicana), José Eduardo dos Santos (Angola), Hugo Chávez e Nicolás Maduro (Venezuela) –Santana confessou que acreditava na impunidade – “não imaginava que pudesse ser preso”. E contava com a possibilidade de ser anistiado, repatriando o dinheiro ilícito que estava “hibernado” em uma conta não declarada, existente há 20 anos.

A prisão dele e de sua mulher em fevereiro impediu que o casal usufruísse da Lei 12.254, sancionada por Dilma em janeiro, mas que só passou a vigorar em abril. Evitou-se assim que, legalmente, se lavasse a sujeira.

Acerta Santana ao afirmar que “o marketing eleitoral não cria corrupção, não corrompe, e não cobra propina”. Mas está longe de ser “consequência de um sistema eleitoral adulterado distorcido em sua origem”, como quer fazer crer o marqueteiro.

É bandidagem mesmo. E das grossas.

Retorno difícil, Dilma vai vender biografia no Senado



A presidente Dilma Rousseff durante entrevista à Folha de S.Paulo

Folha de S.Paulo - Marina Dias

A rotina de trabalho ainda ocupa pelo menos 12 horas do dia de Dilma Rousseff, mas os terninhos e casaquetos presidenciais foram substituídos por roupas de ginástica e vestidos longos, daqueles mais leves e confortáveis.

Desde que foi afastada do cargo de presidente da República, há 73 dias, Dilma foi obrigada a se despir das formalidades de seu antigo gabinete, no terceiro andar do Palácio do Planalto, e transferir seu escritório para a biblioteca do Alvorada, onde recebe diariamente ex-ministros e assessores, como Giles de Azevedo e Jorge Messias, o "Bessias".

Aliados dizem que Dilma continua obcecada pelos detalhes. As broncas e dúvidas minuciosas a cada debate são recorrentes, mas os despachos, garantem, ficaram mais bem humorados e informais.

Quem esteve com a petista recentemente relata que seu objetivo hoje é "apenas defender sua biografia". Ela sabe que sua imagem está desgastada e tem feito contas pessimistas sobre quantos senadores podem rever posição e salvá-la do impeachment.

Parlamentares a visitam semanalmente, mas a micropolítica nunca a interessou.

Os conselhos mais incisivos, que costumava receber do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também têm ficado em segundo plano. Os dois se falam cada vez menos e quase sempre por telefone.

Aliados de Dilma dizem que nenhum dos dois está "muito empenhado" em converter votos contra o impeachment, em sessão marcada para agosto no Senado.

Da última vez que esteve em Brasília, no início do mês, Lula almoçou com a sucessora e participou de um jantar na casa do senador Roberto Requião (PMDB-PR) com apenas seis parlamentares.

Cristovam Buarque (PPS-DF), que se autodefine "indeciso" no julgamento do impeachment, e um dos que pode, na opinião de assessores de Dilma, votar desta vez a favor dela, não compareceu.

Diante do cenário pouco animador, a petista tenta relaxar. Dedica-se mais à leitura e a séries no Netflix, vícios que conseguiu retomar com mais frequência somente ao ser afastada da Presidência. Mantém a rotina de exercícios com pedaladas em torno do Alvorada, mas afrouxou a dieta ravenna, que a fez perder 17kg. Dilma engordou, mas não conta a ninguém quantos quilos.

Da biblioteca, elabora textos e discursos, discute a conjuntura política com aliados e a estratégia de sua defesa no processo de impeachment com José Eduardo Cardozo, seu advogado pessoal.

Ele tem ido praticamente todos os dias ao Alvorada, mas não fica necessariamente o tempo todo com a chefe, que o chama quase que de hora em hora para tirar dúvidas e fazer ponderações sobre as alegações finais.
Além dele, Giles e Messias, os principais frequentadores da residência oficial são os ex-ministros petistas Ricardo Berzoini, Jaques Wagner e Carlos Gabas.

Quando está inquieta, deixa a biblioteca e vai procurar os assessores nas salas de reuniões que ficam de frente para o jardim da residência oficial. "Ela procura trabalho, mas não tem muito o que fazer", confidencia um dos visitantes corriqueiros.

Renan engaveta pedidos de impeachment contra Janot



Leandro Mazzini - Coluna Alvorada

Depois de quase ser preso a mando do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), recuou no discurso e no ato.

Mandou a Advocacia-Geral do Senado arquivar os dois pedidos de impeachment do chefe do Ministério Publico Federal, que estava sob análise.

Quando o noticiário avisava, respaldado em informações da PGR, que pairavam suspeitas fortes sobre o senador, Renan repetia que poderia abrir investigação contra Janot. Agora, é todo mel quando fala do PGR – que não o esqueceu.

Um dos pedidos de impeachment de Rodrigo Janot engavetados pela Advocacia do Senado foi apresentado por dois jovens de 21 anos, de Porto Alegre, que passearam pelo Congresso há duas semanas.

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