Jesus : Falando Sobre Ateísmo e Religião
Enviado por alexandre em 14/06/2015 12:14:32

Algumas pessoas dizem que religião não se discute, eu não penso assim. Não vou dizer que tudo é discutível porque não vou discutir com você se frango caipira é mais gostoso do que frango de granja, não vou discutir gosto; mas o caipira é mais saudável e o de granja leva menos tempo para cozinhar. Com algumas pessoas, como eu por exemplo, é possível discutir religião, já outras podem apelar ou sair pela lateral. Interessante que as pessoas têm uma certa dificuldade para lidar com esse assunto sem se sentirem ofendidas e ofender, eu diria que tenho até certa facilidade. Até porque quando um cristão me evangeliza e não conhece bem a doutrina da sua religião, eu procuro explicar a doutrina pra ele, depois ele me dá abertura para falar o que penso sobre ateísmo e sobre as religiões (incluindo o cristianismo). Alguns me chamam até de espiritual, aí eu digo em tom de brincadeira que estão me ofendendo, mas me dão abertura pra falar do ateísmo e das falhas das religiões.

Quando falamos com um religioso não devemos imaginar que ele não sabe das falhas da religião dele, normalmente ele sabe, mas ele as aceita, tal como sabemos que a ciência não pode explicar tudo e às vezes corrige algumas coisas que erra pelo caminho e aceitamos isso numa boa. A diferença é que eles não costumam aceitar falhas da ciência e nós não costumamos acertar falhas da religião (mas não estou dizendo que é tudo igual, relaxa). Vou contar uma história: Certa vez uma cristã veio criticar o espiritismo, mas eu nunca fui espírita, ela dizia que algumas doutrinas espíritas são incoerentes, ilógicas, contraditórias, etc. Eu disse a ela, você analisa a religião dos espíritas com a razão, mas você analisa a sua com o coração. A doutrina da trinidade é coerente, lógica, e faz sentido? Seja sincera! Ela respondeu que não faz muito sentido, mas aceita pela fé. E eu disse, mas você aceita. Assim também os espíritas costumam analisar a religião deles com o coração e criticar as incoerências da sua. Ela sorriu e disse: "É Rodrigo, agora você falou tudo rs". Mas onde eu quero chegar com isso? A questão é que eles costumam saber sim das falhas de suas religiões, no entanto relevam isso. Porém eles fundamentam sua crenças em algumas bases irracionais, essas se forem desconstruídas levam a fé a uma colapso.

Estive conversando com uma cristã amiga minha sobre o natal e um assunto puxa outro. Ela sabia que o natal é uma festa pagã baseada em outros mitos mais antigos do que o próprio cristianismo, mas não sabia que a estória de Jesus foi baseada principalmente na de Horus, eu entrei nesse assunto com ela pensando que ela soubesse. Ela ficou chocada, ela mesma disse que estava chocada porque as histórias (ela diz história, eu estória) dos dois são idênticas. Algumas falhas de suas religiões as pessoas aceitam, mas sempre existe a base que sustenta a crença e se essa for removida... adeus crença. Claro que não é minha intenção desconverter ninguém, não me importa o que as pessoas acreditam ou deixam de acreditar, cada um cuida de sua vida como bem entende. Eu só tento desconverter quando vejo que a religião prejudica. Peguemos por exemplo o caso da cristã que apanha do marido e não separa dele porque o cristianismo só aceita divórcio motivado por infidelidade. Claro que eu vou tentar livrar essa mulher da fé que ela sustenta porque está prejudicando-a.

Voltando ao assunto que eu pretendia falar. Bom, considero muito bom quando o indivíduo dá abertura pra falar de religião e faz isso como quem fala de futebol por exemplo. Eu não torço pra times de futebol, mas sempre vejo os caras falando "seu time perdeu", "mas o seu perdeu pra fulano", "meu time ganhou do seu", e ficam zombando uns aos outros amigavelmente. O que é mais comum entre homens, essa coisa de zombar é mais aceita entre homens. Vou citar um exemplo interessante. Um cara chega pro amigo e chama ele de corno, o outro chama ele de cachaceiro e os dois se abraçam e não se importam com isso, sempre vejo acontecer. Mulheres não costumam gostar de brincadeiras assim. Mas então, vamos supor que você tenha amizade suficiente e liberdade suficiente pra falar de religião com seu amigo nesse tom de descontração, de brincadeiras, de competição de futebol e que os dois levam isso numa boa. Eu gosto é disso. Tenho um amigo que ele diz que sou à toa, eu digo que ele é a mulher do padre, e nós damos risadas e tudo bem. Mas também sentamos pra discutir ateísmo e religião seriamente às vezes, e são diálogos produtivos. Existe essa liberdade pra dialogarmos, e é assim que entra a possibilidade de você esclarecer o que é o ateísmo. Precisamos falar sobre o ateísmo, as pessoas pensam que ateísmo é uma revolta contra deus e querer ser intelectual. Precisamos esclarecer do que se trata realmente o ateísmo, isso é assunto pra outro post.

Com a maioria das pessoas você precisará de certo tato para expressar suas opiniões sobre ateísmo e religião, e com essas pessoas não adianta você só chegar e dizer que a bíblia se contradiz e que o deus delas é um zumbi porque elas ficarão ofendidas, apenas isso. Não adianta. Melhor não falar do ateísmo pra alguém do que perder a amizade, talvez quem sabe com o tempo a pessoa dê abertura? Não somos obrigados a falar do ateísmo, não temos esse dogma. Talvez alguém diga que tem seu direito de livre expressão do pensamento ateu e eu concordo, porém prefiro me calar do que fazer inimizade. Claro que se o sujeito que te escuta for seu amigo realmente ele deverá te escutar sobre o ateísmo numa boa, e vale à pena manter amizades falsas? Mas todo mundo sabe como é difícil ter amizades verdadeiras e você tem o direito de liberdade de expressão. Se a pessoa prefere falar, eu respeito da mesma forma. Cada pessoa é de um jeito, devemos respeitar e admiro a multiforme exuberância da natureza, fez cada pessoa de modo diferente.

Bom, existem pessoas para quem eu jamais falaria do ateísmo e espero que me compreendam. Certa vez eu estava no orkut desconstruindo a bíblia e um rapaz comentou algo que me fez parar de fazer isso. Ele disse que é ex-dependente químico e que só conseguiu isso através da igreja, que se a bíblia for um mito ele vai voltar pras drogas, e disse que estava chorando. Eu parei de desconstruir a bíblia naquele momento, não quero estragar a vida de ninguém. Passei a falar sobre como ateus costumam lidar com isso e das responsabilidades que se tem por ser livre de dogmas para pensar e agir. Tentei explicar como um ateu lidaria com isso e até disse que cada ateu lidaria de um jeito diferente.

Durante séculos os ateus têm sido perseguidos, humilhados, execrados, silenciados, agora finalmente estamos tendo abertura para defender nossas ideias mesmo contra a vontade dos religiosos. Não devemos permitir que a fé triunfe sobre a razão, precisamos falar e falar com embasamento. Às vezes vejo na internet uns ateus super empolgados e questiono a eles sobre a origem do universo, evolucionismo, (etc) mas não sabem me responder. Se você não souber responder essas perguntas a um cristão você passará vergonha e ele ainda sairá falando que refutou um ateu. Debate, dialogue, divulgue o pensamento ateu, isso é importante para que sejamos aceitos na sociedade. Não se esconda, conte para seus amigos e família se perguntarem. Se eles realmente te respeitam entenderão numa boa o fato de você ser ateu.

Pensem bem sobre como, quando, onde, para quem falar sobre o ateísmo. Essas questões são importantes para não sermos mal compreendidos e também para sermos aceitos. Existe muita crítica contra os ateus dizendo que somos "religiosos ateus fanáticos" e sabemos que não é bem assim, mas eles não sabem e precisam perceber disso. Pense bem, dê a sua opinião, comente como você se comporta ao falar sobre ateísmo, comente sem medo de condenação.

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