Regionais : Casa do povo ou casa da corrupção e impunidade?
Enviado por alexandre em 25/04/2014 00:11:45

Assembleia Legislativa: Casa do povo ou casa da corrupção e impunidade?

Foto: Hermínio Coelho, atual presidente da Assembleia Legislativa de Rondônia
Assembleia Legislativa: Casa do povo ou casa da corrupção e impunidade?
Por Felipe Corona*

Desde 2006, nos “acostumamos” a ver a Assembleia Legislativa de Rondônia nas manchetes nacionais. Neste ano, uma fita divulgada pelo então governador Ivo Cassol, em uma reportagem do Fantástico, da Rede Globo, revelou o início de um grande esquema de corrupção que mancha até hoje a história da Casa de Leis rondoniense.

Quem não lembra da ex-deputada estadual Ellen Ruth conversando animadamente com Cassol sobre dinheiro? E do então diretor-geral da Casa, Natan Donadon, envolvido até o pescoço com desvio de recursos públicos? E o seu irmão Marco Antônio Donadon também preocupado em garantir o seu? Não podemos esquecer do “célebre” Carlão de Oliveira sendo algemado e tendo a imagem exibida para todo o Brasil como sendo o primeiro presidente de um Legislativo Estadual preso pela Polícia Federal. Enfim, dos 24 parlamentares, apenas um não teve o nome jogado na lama.

Quando estávamos achando que tudo estava bem, veio a Operação Termópilas em 2011, que culminou na prisão do ex-presidente Valter Araújo e em outra devassa nos arquivos e contas da ALE. Durante a Operação, além de Valter, outros sete parlamentares que apoiavam seu esquema, foram citados como membros ativos: Epifânia Barbosa (PT-Porto Velho), Ana da 8 (PT do B-Nova Mamoré), Flávio Lemos (PR-Porto Velho), Jean Oliveira (PSDB-Porto Velho), Euclides Maciel (PSDB-Ji-Paraná), Saulo Moreira (PDT-Ariquemes) e Zequinha Araújo (PMDB-Porto Velho).

Fora o líder do bando, que foi cassado, os demais receberam punição branda e os que pertenciam à Mesa Diretora renunciaram. Saulo Moreira se livrou e acabou inocentado. Ele foi flagrado recebendo uma caixa de sapato recheada com dinheiro. Em todos os casos, existem gravações feitas pela Polícia Federal. Como sempre, apesar das provas irrefutáveis, alguns negaram, outros ficaram calados e a Epifânia Barbosa disse que recebeu, mas devolveu o dinheiro do propinoduto. Segundo o Ministério Público Estadual, mais de 10 milhões de reais sumiram dos cofres do governo Confúcio Moura, que disse ser ficha limpa e tem o governo limpo, já que a PF retirou todos os corruptos de circulação. Acreditem se quiserem...

Para quem “esqueceu” os fatos, a Operação Termópilas foi realizada pelo Ministério Público de Rondônia, em conjunto com a Polícia Federal, que deflagrou na madrugada de 18 de novembro de 2011, uma grande ação policial para combater organização criminosa estabelecida no âmbito da administração pública do Estado, que tinha a finalidade de desviar recursos públicos, dentre eles, verbas do Sistema Único de Saúde. Ah, e para refrescar a memória, a frase que marcou os trabalhos: “Propina não é prejuízo, propina é investimento”, frase dita por um empresário envolvido no bolo.

No outro ano, mais outra paulada na cabeça dos rondonienses: Operação Apocalipse. Dessa vez, “apenas” cinco parlamentares envolvidos no esquema: Ana da Oito (PT do B, de novo), Adriano Boiadeiro (PRP), Cláudio Carvalho (PT), Jean de Oliveira (PSDB, filho de Carlão de Oliveira, lembra?) e Hermínio Coelho (PSD) que teve o filho preso por ser acusado de envolvimento no esquema. Dessa vez, as acusações foram mais “leves”: todos foram investigados por peculato, associação para o tráfico de drogas e estelionato.

Ainda tivemos a prisão de vereadores de Porto Velho como Marcelo Reis e Eduardo Rodrigues (PV), além do possível chefe do esquema Jair Montes (PRP). A Operação Apocalipse apontou funcionários fantasmas lotados no gabinete de Cláudio Carvalho, entre eles, a esposa de Fernando Braga Serrão, conhecido como Fernando da Gata, que segundo a polícia, seria um dos líderes da suposta organização.

Apesar da grande operação comandada pela Polícia Civil e acusada de ser política, comandada pelo secretário de Segurança Pública e pré-candidato a deputado federal, Marcelo Bessa, os parlamentares tiveram o pedido de arquivamento da denúncia recomendado pelo Ministério Público.

Mais de um ano depois, foram definidas as punições, no mínimo brandas. O relatório do deputado Lebrão pediu punição de afastamento temporário dos cargos para Ana da Oito (PT do B), Adriano Boiadeiro (PRP), sendo seis meses para cada, e Cláudio Carvalho (PT, apenas dois meses), além de censura para Jean de Oliveira (PSDB). Hermínio Coelho, foi investigado, mas não teve punição pedida.

Cláudio Carvalho se disse injustiçado, mas a defesa não convenceu os colegas. Muito emocionado, Adriano Boiadeiro (PRP) chorou várias vezes, e também se defendeu das acusações. Era no gabinete dele que estava lotado um dos principais líderes da suposta organização, Alberto Siqueira, o Beto Baba. Apesar de chorar, o deputado não comoveu os parlamentares, que, por unanimidade, condenaram o deputado a seis meses de afastamento do mandato.

Mesma punição recebida por Ana da Oito, defendida em plenário pelo advogado. Apenas uma abstenção foi registrada, a de Saulo Moreira. Após o resultado da votação, a deputada, que teve documento registrado em cartório, divulgado pelo Fantástico, se comprometendo a beneficiar a suposta quadrilha, criticou as investigações. "Eu estou de cabeça levantada, porque Deus me dá essa energia", disse ela.

Somente na segunda-feira (07), quase um mês depois da fatídica sessão da impunidade, a Justiça decidiu dar de Ana da Oito para a ex-prefeita de Jaru, Stella Mari. Ela recentemente bateu boca com jornalistas em seu perfil no Facebook porquê disse: “Se a sua estrela não brilha, por favor, não procure apagar a minha”. Eu fico embasbacado com tanto óleo de peroba na cara.

Seria bom se Hermínio Coelho e seus pares fizessem algo melhor pela população de Rondônia. O primeiro, é conhecido por ser um “cachorro louco”. Recentemente, na volta dos trabalhos do Legislativo, “metralhou” o governador Confúcio Moura no plenário da Casa de Leis. O careca confuso entendeu o recado e saiu antes da sessão e do discurso de Coelho terminar, mostrando um pouco do azedume da relação entre Executivo e a ALE.

O excesso de “vontade” em criticar o atual governo deveria ser canalizado para a moralidade da Casa de Leis, que se diz um espelho da vontade do povo. Das duas uma: ou o povo está votando mal demais ou os deputados estão trabalhando e mostrando de menos. Por isso a pergunta: Casa do povo ou casa da corrupção e impunidade? Diante de tantos exemplos ruins e marcantes, acho que ficamos com a segunda opção.

*Felipe Corona é jornalista profissional e repórter do Rondônia Vip.

Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia