Regionais : Um milhão de votos
Enviado por alexandre em 24/10/2010 10:51:47



Para perder a eleição, Dilma Rousseff precisa deixar de ter o apoio de 1 milhão de eleitores por dia, de hoje até o próximo domingo. Impossível? Não. Difícil? Muito.

Até o dia 31, Dilma comparecerá ainda a uma série de eventos de rua e comícios. Neles, não corre riscos (exceto, talvez, de uma bolsa de água cair sobre sua cabeça; mas isso não tira votos, ao contrário).

Como é natural, estará sempre protegida pela claque de militantes e pela popularidade de Lula — que deve estrelar todos esses eventos, a começar pela carreata de hoje de manhã no Rio de Janeiro. Também nos programas eleitorais do rádio e da TV navegará em águas tranquilas.

Dilma, no entanto, estará exposta à duas situações potenciais de perda de votos. Uma são os debates — o de amanhã, na Record; e o de quinta-feira, na Globo. Programa ao vivo, tensão de campanha, tudo isso contribui para uma possibilidade de tropeço.

Em favor de Dilma, porém, é preciso reconhecer que, se ela não é boa de debate na TV (é prolixa, artificial, não conclui pensamentos etc.), também nunca teve uma atuação desastrosa nestes confrontos. Até aqui, ela os perdeu por pontos. Se quiser manter as esperanças, José Serra terá que vencer por nocaute os dois debates.

A outra situação de risco que pode lhe roubar votos é a reportagem de capa de VEJA desta semana. A pressão para que um alto funcionário do ministério da Justiça produzisse dossiês contra adversários é uma revelação de teor explosivo. E que reforça uma característica do perfil de Dilma: a da pessoa pública com uma queda especial pela fabricação de dossiês.

Há dois anos, foi justamente na Casa Civil comandada por Dilma que Erenice Guerra coordenou a confecção de um dossiê com gastos pessoais de FHC e de Ruth Cardoso (a papelada foi reunida com o objetivo de chantagear adversários, num contra-ataque às revelações de gastos de ministros de Lula feitas pela CPI dos Cartões Corporativos.).

O caso Erenice (o mais recente, não aquele do parágrafo acima), tirou parte dos votos que Dilma possuía em algum momento de setembro e ajudou a levar a disputa para o segundo turno. E agora?

Apesar da gravidade da revelação, ainda é cedo para dizer como isso se traduzirá em (perda de) votos. Nos últimos anos, políticos e pesquisadores repetem que notícias de que a confeção de um dossiê não tira votos de ninguém – segundo o chiste corrente, o brasileiro médio entende “docinho” quando ouve “dossiê”.

Ainda que tal confusão seja real, na dinâmica de uma campanha nervosa como a atual por prudência não se deve tentar adivinhar o futuro com base em clichês deste tipo. Assim, o mais correto é aguardar mais alguns dias.

De qualquer forma, permanece o desafio do primeiro parágrafo, que dizia mais ou menos assim: para vencer a eleição, José Serra precisa ganhar o apoio de 1 milhão de eleitores por dia, de hoje até o próximo domingo. Impossível? Não. Difícil? Muito.

Por Lauro Jardim

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