Regionais : Intriga na Maçonaria: grão-mestre registra segredos em seu nome
Enviado por alexandre em 26/09/2010 13:28:42



Um grupo de maçons quer destituir Marcos José da Silva do cargo de soberano grão-mestre-geral porque, sem colocar o assunto em discussão, ele registrou em seu nome na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro 21 livros que contém os ritos secretos da ordem. Um funcionário da biblioteca que é maçom teria facilitado o registro sem criar alarde.

A Biblioteca Nacional é a responsável pelo registro dos direitos autorais de livros brasileiros, ainda que tal formalização não seja obrigatória para garantir uma propriedade intelectual. Mas sempre serve como uma prova, um atestado.

Os maçons rebeldes estão tendo calafrios só de pensar que um “profano” (um não maçom), talvez algum contínuo da Biblioteca Nacional, possa estar tendo acesso a segredos que datam desde 1822, quando foi criada da ordem. Em tese, pelo fato de a biblioteca ser a depositária do patrimônio documental do Brasil, qualquer um pode ter acesso aos livros.

“Isso é uma aberração”, disse Marco Morel, autor do livro “O Poder da Maçonaria”. “O que sustenta a irmandade é o sigilo de seus ritos e tradição.”

Outro maçom, que preferiu se manter anônimo, disse que se sente “ultrajado”. Não faz sentido, disse ele, porque, se “um aprendiz [de maçom] mostra o livro dos rituais a um profano, ele é sumariamente expulso”.

Os rebeldes acham estranho que, além de expor os ritos misteriosos, Silva tenha feito o registro em seu nome, e não no do GOB. Ou seja, ele passou a ser o detentor dos direitos autorais dos livros. Caso algum deles venha a ser publicado, Silva será recompensado financeiramente. Direito que será herdado por seus descendentes pelo prazo de 70 anos.

Um golpe de mestre, ou melhor, de grão-mestre?

Os defensores de Silva argumentam que ele registrou os livros para evitar que algum oportunista o fizesse antes, conforme relata o repórter Wilson Aquino.

Do ponto de vista de quem está de fora da ordem, tal alegação levanta a suspeita de que exista no GOB alguém que pretendia se apropriar dos livros, e Silva, para evitar que isso ocorresse, registrou-os na Biblioteca Municipal.

Mas a suspeita da existência de um oportunista vale para o próprio Silva.

O grão-mestre teve de recorrer ao STFM (Supremo Tribunal Federal Maçônico) para evitar ou adiar que uma assembleia do GOB colocasse em votação o seu impeachment.


Queixa-crime contra o soberano
As informações são escassas, não se sabe exatamente como estão ocorrendo o embate de forças, as intrigas, confabulações -- e não poderia ser diferente, porque, afinal, se trata de uma organização secreta.

Mas os bochichos estão fervendo porque o GOB tem cerca de 2.400 lojas (representações) em todo o país e perto de 90 mil associados.

Muito já foi escrito sobre os “rituais misteriosos” da Maçonaria e, a rigor, talvez não haja nenhuma novidade nos livros registrados por Silva.

O valor desses livros talvez seja histórico, porque podem conter informações sobre uma entidade que já teve importância no Brasil. A irmandade, por exemplo, foi atuante na campanha pela extinção da escravatura no país. Seu primeiro grão-mestre foi o abolicionista José Bonifácio.

Um possível vazamento sobre os rituais do GOB pode expor também o quanto se tornou anacrônica esse entidade cuja origem vem da Idade Média e cujos objetivos a maioria das pessoas não sabe, diferentemente do que ocorre em relação a associações como o Rotary.

O que se sabe ao certo é que a Maçonaria é um clube do bolinha (lá as mulheres são meras coadjuvantes) que hoje vive mais do que foi, dos mitos que a envolvem e de suas tradicionais intrigas e conspirações.

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