Regionais : Presidente do TCE do AP mantinha relação sexual com menor, diz PF
Enviado por alexandre em 25/09/2010 10:59:09



Presidente do TCE do AP mantinha relação sexual com menor, diz PF

O inquérito 681, que investiga um suposto esquema de corrupção no governo do Amapá, revela que o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AP), José Júlio de Miranda Coelho, 63 anos, teria mantido relações sexuais com menores. Segundo relatório da Polícia Federal enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), Coelho mantinha financeiramente uma mulher e duas filhas dela em troca de favores sexuais.

Coelho é apontado pela Polícia Federal como um dos pivôs do escândalo no Amapá. De acordo com o relatório da PF, por meio do TCE, respaldava contratos fraudulentos do governo estadual. Na casa de praia do presidente do TCE, na Paraíba, a PF apreendeu cinco carros de luxo, entre os quais uma Ferrari e uma Maserati. Também foi localizado um jato pertencente a ele, “escondido” em um aeroporto de Minas Gerais.

Além disso, o documento afirma que Coelho é dono de várias empresas por meio de “testas de ferro” e que tinha movimentação bancária incompatível com a remuneração como presidente do TCE. Segundo o inquérito, ele fez saques bancários da conta do tribunal num valor total de mais de R$ 7 milhões, sem especificar a finalidade.

O G1 telefonou às 18h58 para o celular do advogado de Coelho, Eduardo Vilhena Toledo, e deixou recado na secretária eletrônica. O escritório de advocacia onde ele trabalha informou que o advogado estava em uma reunião e não podia ser interrompido. O escritório informou ainda que a defesa do presidente do TCE ainda não obteve cópia do inquérito, que se encontrava em segredo de justiça até esta quinta.O G1 voltou a ligar outras quatro vezes para o celular do advogado, entre 19h05 e 19h32, mas não obteve resposta.

Nesta quinta (23), o ministro João Otávio de Noronha, do STJ, determinou o fim do segredo de justiça de parte do inquérito, que reúne cerca de 800 páginas. Conversas telefônicas gravadas em 26 de maio deste ano pela Polícia Federal com autorização judicial e transcritas no inquérito mostram a negociação do presidente do TCE com a mãe das menores. A mulher reclama por telefone o pagamento de R$ 500, que teria faltado no último depósito mensal feito por Coelho.

Mulher - Olhe, deixe eu te falar uma coisa: aquele dinheiro de banco que você depositava para mim e para C., né? Aí, sobrava R$ 2.500 para mim e R$ 1.500 pra C. Aí, o senhor pegou e deu R$ 2.000 pra C. e tirou os meus R$ 500. Sabe que eu pago empregado, pago energia.
Coelho - Todo mês agora eu vou depositar R$ 2.500, não se preocupe, tá? Na segunda-feira eu boto os R$ 500 que tá faltando.

A pessoa identificada como C. a que a mulher se refere é a filha dela de 17 anos, segundo o documento da PF. Até esse ponto do texto do inquérito, era possível interpretar que Coelho mantinha relações com a mãe das meninas. No entanto, o restante do diálogo, segundo demonstra a PF, deixa claro que o interesse dele é nas menores. De acordo com o relato, depois de assegurar o pagamento de R$ 500, o presidente do TCE pede à mulher para falar com a outra filha dela, J., que, segundo a PF, tem 14 anos.

Coelho - Agora, passe pro amor da minha vida, pra minha vida.
Menina de 14 anos - Oi.
Coelho - Oi, linda, tudo bem?
Menina de 14 anos - Tudo.
Coelho - Sonhei com você essa noite.
Menina de 14 anos - Foi?
Coelho - Foi. Um sonho lindo, fazendo amor contigo. Melhor ainda, porque naquele dia foi show. Naquele dia...
Menina de 14 anos - Legal, né?

No mesmo diálogo, descreve o texto, o presidente do TCE dá a entender que tirou a virgindade da menor. Ele encerra a conversa assegurando à menina que cumprirá o pedido da mãe dela de depositar mais dinheiro.

Coelho - Na última vez, foi quando você realmente virou mulher, sabia? Foi uma loucura, uma loucura. E, atendendo a seu pedido, vou botar R$ 1.000 na conta da sua mãe. Tá certo? Tá beleza?
Menina de 14 anos - Boa noite.
Coelho - Te amo, te amo, te amo. Quarta-feira te ligo para a gente sair, tá?
Menina de 14 anos - Tá.
Coelho - Te amo. Tchau, tchau.

De acordo com o inquérito, em 30 de maio deste ano, Julio Miranda Coelho passou para um funcionário dele os dados bancários da mulher e pediu que fosse efetuado um depósito de R$ 1 mil. Com os dados bancários revelados na conversa telefônica, a PF confirmou a identidade da mulher e das filhas dela. No inquérito, constam cópias de comprovantes de depósitos bancários na conta da mãe das garotas.

“Os fatos narrados mostram que o presidente do TCE/AP, Júlio Miranda, que tem 63 anos, mantém relacionamento amoroso com a menina J., de apenas 14 anos de idade, contando para isso com a aquiescência da mãe da garota [...] que, conforme ficou claro nos diálogos, tem contrapartida financeira”, diz um trecho do relatório da PF.

O presidente do TCE foi uma das 18 pessoas presas pela Polícia Federal em 10 de setembro na Operação Mãos Limpas, que investiga a formação de uma suposta quadrilha formada por membros do governo para desviar recursos estaduais e da União. Eles é um dos dois que continuam presos na PF de Brasília, por determinação do presidente do inquérito no STJ, ministro João Otávio de Noronha. O outro é o secretário de Segurança do estado, Aldo Alves Ferreira. Também foram presos o governador do Amapá, Pedro Paulo Dias e o ex-governador do estado Waldez Goés, soltos no último sábado (18) junto com outros 14 presos.


G1

Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia