Um compromisso de última hora impediu-me de assistir à primeira entrevista do Jornal Nacional, com Dilma Rousseff. Se não bastasse, esqueci também de mandar gravar. Assim posto, recorro ao texto e às ilações do excelente Josias de Souza, do UOL. Diz ele: “(...) No ponto alto da inquirição, elencaram-se alguns dos nomes abrigados sob o guarda-chuva amplo da coligação petista: Jader Barbalho, Renan Calheiros...A família Sarney, Fernando Collor. Gente que, em passado nada remoto, o petismo chamava ora de “oligarcas” ora de “ladrões”. O PT errou ontem ou erra agora?, perguntou Willian Bonner. E Dilma: 'A pergunta é outra: onde o PT acertou?...O PT acertou ao perceber que é preciso governar o país com uma aliança ampla. Nós não aderimos ao pensamento de quem quer que seja'. Disse que o PT amadureceu. 'Não tinha experiência de governo, agora tem'. Com suas declarações, Dilma como que rebatizou o fisiologismo que infelicita a política brasileira. Deu ao fenômeno um apelido novo: amadurecimento. Insinuou que não foi o PT, mas os neoaliados que mudaram. Disse que, sob Lula, o governo tem 'diretriz'. Quem apoia, sujeita-se a ela. Sem vice-versa. A lorota pressupõe o apoio desinteressado de jáderes, renans e outros azares. Uma corrida d’olhos pelo organograma do governo, violado até em suas diretorias financeiras, converte o lero-lero em pó de essência de coisa nenhuma. Submetida a superdosagens de Lula, Dilma foi questionada sobre o risco de o presidente se converter em 'tutor' de um eventual governo dela. Em vez de responder, a candidata desconversou. Disse que as pessoas precisam se definir em relação a ela. Ora a chamam de 'mulher forte' ora dizem que tem 'tutor'”. Em Tempo: se vale colocar gatos e sapatos em um mesmo saco para permitir a governabilidade, vale como nunca o ditado que sempre cito segundo o qual “na corrida para os cofres públicos todos os gatos são pardos”. E como são!

(Samuel Celestino