Coluna Você Sabia? : Proteína cultivada: tendência alimentar do futuro
Enviado por alexandre em 17/01/2023 10:18:29

De acordo com dados da Food and Agriculture Organization (FAO) da Organização das Nações Unidas, a população mundial atingirá 9,8 bilhões de pessoas até 2050, um crescimento de 34% em relação ao número atual de habitantes.

 

Para alimentar esse contingente, o órgão prevê que a produção de alimentos precisará aumentar 70% e a produção anual de carne terá que subir para mais de 200 milhões de toneladas, atingindo 470 milhões de toneladas. Isso se tornou um desafio, não somente para a indústria de alimentos, mas no âmbito geral.

 

Por ser uma das maiores fontes de nutrientes, a demanda por proteína se destaca das demais categorias alimentícias. Por isso, o mercado mundial está se movimentando nessa direção, trabalhando no desenvolvimento de alternativas para atender a essa necessidade.

 

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Startups de tecnologia e cientistas estão investindo no desenvolvimento da proteína cultivada como uma opção alimentar. Singapura aprovou a comercialização do produto para consumo. A Holanda também deve fazer o mesmo em breve.

 

Com o avanço das pesquisas, a proteína cultivada se tornou uma das opções para a segurança alimentar. Ela é produzida a partir da retirada de uma pequena amostra de célula de um animal que, após passar por processos de multiplicação, resulta em um produto com o mesmo perfil sensorial e nutricional da proteína convencional.

 

No Brasil, a JBS, a maior empresa de alimentos do mundo, está investindo na construção de um centro próprio de tecnologia para produção de proteínas cultivadas. O JBS Biotech Innovation Center, com sede em Florianópolis, Santa Catarina, ocupará um terreno de 40 mil m², com investimento previsto de US$ 60 milhões.

 

A construção desse centro de pesquisas, desenvolvimento e inovação (PD&I) integra o projeto iniciado pela JBS no fim de 2021, quando a companhia adquiriu 51% do controle da empresa espanhola BioTech Foods, por US$ 41 milhões. Ela é uma das líderes no desenvolvimento de biotecnologia para a produção de proteína cultivada, com previsão de produzir comercialmente mil toneladas por ano a partir de 2024.

 

A implantação do novo centro de PD&I é conduzida pelos doutores Luismar Marques Porto, presidente do JBS Biotech Innovation Center, e Fernanda Vieira Berti, vice-presidente do Centro de PD&I. Ambos estão entre os maiores especialistas em bioengenharia do País e têm ampla experiência profissional e acadêmica internacional.

 

Fernanda Vieira Berti, vice-presidente do Centro de PD&I, e Luismar Marques Porto, presidente do JBS Biotech Innovation Center (Crédito: divulgação)Na entrevista a seguir, Luismar Porto e Fernanda Berti revelam detalhes sobre o funcionamento do Centro de Pesquisas
e das expectativas em relação à proteína cultivada como opção para suprir a demanda de alimentos com o aumento do número de habitantes no mundo.

 

Por que a JBS decidiu investir no negócio de proteína cultivada?


Luismar Porto – É essencial aumentar a produção alimentar para dar conta dessa demanda global. A JBS, como a maior empresa de alimentos do mundo, entende sua responsabilidade nesse desafio.


Fernanda Berti – Entendemos que a proteína cultivada também é uma importante tendência em um futuro próximo, mas essa aposta da JBS não é um investimento de substituição. A empresa entende que os modos tradicionais de produção de proteínas realizados de forma sustentável também são essenciais.

 

QUAL  É O TAMANHO DESSE INVESTIMENTO DA JBS?


Porto – No total, a previsão é de mais de US$ 100 milhões em aportes para a consolidação
da companhia nesse mercado. O movimento está sendo consolidado por meio do JBS Biotech Innovation Center. A JBS é a única empresa brasileira a controlar e liderar investimento em infraestrutura para a produção 100% nacional de proteína cultivada.

 

Na estratégia de negócios da JBS, qual é a importância do Centro de Pesquisas em Proteína Cultivada?


Porto – O JBS Biotech Innovation Center chega para consolidar a estratégia da JBS no setor e tem como missão ser um centro de excelência para o desenvolvimento de novas tecnologias na área de biotecnologia de alimentos, de forma avançada, moderna e criativa. Inicialmente, o foco do centro será o desenvolvimento de tecnologia própria para a produção de proteínas cultivadas, visando tornar o processo de produção em larga escala mais eficiente e a custos competitivos no mercado internacional.


Berti – O investimento nesta primeira etapa permitirá não somente a construção dos laboratórios e da planta-piloto, mas também a aquisição dos insumos necessários para a realização das pesquisas para carne cultivada. O centro deve gerar mais de 100 empregos diretos, incluindo vagas de alta qualificação profissional, inicialmente com 25 especialistas-doutores apenas para o projeto de proteína animal.

 

QUAL É A EXPECTATIVA PARA O MERCADO DE PROTEÍNA CULTIVADA ?


Berti – Temos certeza de que se trata de um mercado promissor e que proporcionará seus primeiros resultados em médio prazo. Entendemos que, quando estiver em fase comercial, a proteína cultivada chegará inicialmente aos consumidores na forma de alimentos preparados, como hambúrgueres, embutidos, almôndegas, entre outros.

 

 

Porto – Estudamos o assunto profundamente, por mais de um ano, incluindo tendências de mercado, e optamos por investimentos em uma empresa madura e em um centro de pesquisas que vai ampliar as possibilidades de atuação. 

 

Fonte: Revista IstoÉ

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